UM CODINOME BEIJA-FLOR

Vivia uma certa flor à sombra de uma árvore.

Naquele lugar ela enfeitava feliz, linda e bela.

Seu maravilhoso perfume exalava pelos ares.

Ela era única e nenhuma se comparava a ela.

Giravam ao seu redor, borboletas coloridas.

Que gostavam das suas pétalas aveludadas.

Brincavam, porque se consideravam amigas.

E a protegiam pra que não fosse machucada.

As pessoas se encantavam com a cena vista.

Sorriam, sentiam-se bem e achavam graça.

Era primavera a melhor estação da sua vida.

Perfume mais forte e dia a dia desabrochava.

Um dia, do nada apareceu um certo beija-flor.

Era bonito, voava ligeiro e tinha mais idade.

Encantado com sua delicadeza, beijou a flor.

Bebeu seu néctar e ambos eram só felicidade.

Ao entardecer o beija-flor vinha para beijá-la.

Suas amigas borboletas iam perdendo espaço.

Pessoas achavam que ele poderia machucá-la.

Mas com a flor feliz, seu desejo era respeitado.

Ao notar as folhas da árvore caindo ao chão.

A flor questionou às borboletas sobre o calor.

Elas disseram que estava mudando a estação.

E na ausência de sombra, poderia sentir dor.

O verão chegou, uma nova fase na vida da flor.

O sol tão forte castigava as suas frágeis pétalas.

Queimada, murchando e triste, perdeu o vigor.

Quase deitada ao chão, não era mais tão bela.

Parte das borboletas ficaram para encorajá-la.

Cuidando de suas vidas, outras partiram juntas.

Certas pessoas cogitaram a ideia de arrancá-la.

Restou apenas a árvore seca e uma flor murcha.

O beija-flor estava sumido por causa do calor.

Quando voltou, viu a cena e quase caiu de susto.

Era a flor dele, seu néctar doce, era o seu amor.

Voando ligeiro, trazia água no bico a muito custo.

Foi realizando essa dura tarefa por vários meses.

Vendo o esforço, as pessoas passaram a regá-la.

Novas amigas borboletas a ajudaram por vezes.

Findara o verão e finalmente o outono chegara.

Nasceram folhas verdes e maiores na árvore.

Com sombra e todo cuidado a flor se fortaleceu.

Ficou ainda mais bela e do lugar era o charme.

Foi uma estação dura, mas que muito aprendeu.

Fez novas amizades e por todos era querida.

As pessoas passaram a gostar do beija-flor.

Madura e encorpada, surgira uma nova vida.

A estação do outono, para ela era a do amor.

Outros beija-flores atraídos, se aproximavam.

Ele ciumento com todos brigava e a defendia.

Para os outros as suas pétalas se fechavam.

Somente se abriam para ele, o qual ela queria.

Por ser tão doce o beija-flor a chamou de mel.

Ficou com ela e em nenhuma estação a deixou.

Era a que vive na terra com o que voa no céu.

Num codinome fica, o beija-flor que me beijou.

Ninguém com esse codinome irá se identificar.

Na verdade minha história não terminou assim.

Já que a realidade que eu vivi não posso mudar.

Ao menos em meus poemas posso mudar o fim.