AMOR IMPREVISTO
 Por: Tânia de Oliveira

     Era uma tarde chuvosa e o churrasco estava animado. Lia correndo chegou  dizendo  a Tamara que estava feliz pela noite anterior  pois iniciou namoro com seu primo. Tamara pareceu surtar de repente! Sentiu uma reação tempestuosa  em sua alma. Um turbilhão de emoções travou seu peito e automaticamente como uma criança sem senso,  jogou o resto de cerveja do copo no rosto da amiga enquanto gritava desvairada : -  mentira, mentira, mentira! Lia  fitou a amiga, surpresa, atônita!
     Todos se voltaram para olhar a cena. A mãe de Tamara rindo veio corrigindo: - Não liguem ela está “alta”. Bebeu mais do que deveria. E atenuando foi  levando-a para o banheiro. Essa arrancando-se dos braços da mãe correu para o final do sítio. Ela não estava bêbada de forma alguma. Bebera apenas dois goles de cerveja. Deitou  no chão e chorava copiosamente enquanto pensava - Aquela dor abafada era ciúme. Mas como? Ela era noiva de outro e ele praticamente seu irmão. Tamara continuava chorando  de bruço quando identificou de repente os pés dele no chinelo chegando até onde ela estava. Ele levantou seu rosto molhado e rindo perguntou sobre aquela surpreendente reação.  Ela respondeu que  havia enlouquecido. Estava com ciúmes. Ele rindo falou que ela era uma priminha ciumenta, possessiva, que aquilo era natural, parecia uma criança e que na verdade não estava namorando com Lia. Havia sido apenas um lance de farra. Disse assim e voltou pra festa. Ela saiu pelos bastidores envergonhada e foi pra casa.
Que sentimento seria aquele, pensava? Invasivo,  lhe surpreendendo como uma avalanche sobre sua cabeça. Sempre foi próxima de meu primo Marcos. Tinham afinidades. Mas nunca havia visto ele namorando. E ela estava noiva de seu primeiro namorado. Íam casar. Seu noivo estava trabalhando noutro município e já havíam marcado a data do casamento.
Como poderia ela sentir algo assim estranho, desconhecido dela mesma?      Adormeceu pesarosa e já acordou com o barulho das pessoas  rindo de si, dizendo que ela havia  ficado embriagada pela primeira vez. Sua tia, mãe do Marcos viera acarinhar seu cabelo e perguntar pelo seu “ciuminho” besta. Ninguém, nem ele, deram valor aquela ceninha ridícula que ela fez na festa. E quanto a Lia sua amiga, essa lhe indagou depois pediu desculpas e ficou por isso mesmo.
     Passou o resto do sábado sem sair do quarto. Depois chamou Marcos para conversar. Olhando em seu rosto frente a frente ela parecia se deliciar com aquele sentimento novo lhe envolvendo. De repente falou: -Já sei o que está acontecendo comigo, estou apaixonada por você! Eu te amo Marcos! Ele ficou sério, vermelho, deu as costas e gracejou baixinho: - E  o seu noivo? Ela não sabia o que dizer. Apenas sentia o coração batendo forte e toda aquela onda de paixão lhe envolvendo toda.
     De repente ele se voltou apressado lhe  tomou nos braços e disse quase sussurrando em seu ouvido: - Oh Deus!Só agora você descobre isso? Eu te amo desde meninota de saia curtinha... jogando peteca, andando de bicicleta ou metendo o garfo brigando com teu irmão. Te amo desde a sua formatura de Ginásio quando fui teu paraninfo e dancei a valsa com você. Te amo desde o dia que se acidentou e que comí todas minhas unhas enquanto o médico não saia para dizer que não foi nada grave. Te amo desde sempre. E agora você me diz que me ama? Olha pra mim.

     Tamara  saltou em seus braços que a acolheu  segurando-a num  abraço forte, enquanto seus olhos embriagados mostrava a força daquela paixão guardada durante tantos anos. 
     Beijaram-se. Fora maravilhoso. Sentiam o amor transbordar . Ambos eram um só.
     Tamara acabou o noivado. Casou com seu primo, ou seja com seu verdadeiro amor. Estão felizes!


 
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 20/08/2014
Reeditado em 05/09/2014
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