Amores Improváveis XXI - Substantivos
A vida de M. era composta de: livros, cadernos, aulas, dança, folhas de maniva, chicória, coentro, panelas de barro moquéns e embebidos de tucupi, Piaget e Paulo Freire.
Já a de B. era marcado por pé no chão, sabores, cores e aromas, carne de sol, o queijo coalho, o arrumadinho, o escondidinho, o sururu, a caldeirada, o cozido, o caldinho de peixe ou camarão, a peixada pernambucana, rochas vulcânicas, relevo,paisagem, bolo de milho, no mungunzá doce, dentre outras iguarias.
Ele estudou campo geomagnético,distribuição dos elementos radioativos nos minerais e rochas, elementos finitos para o modelamento geofísico eletromagnético, apostila,prova, crachá, plataforma, pré-sal, Libra. Entre uma eleição do sindicato e outras.
Já ela, teoria cognitiva e comportamental, behavorismo, fases do desenvolvimento, Chomsky e Freud na correria entre o bandejão e a passeata.
Ele sabia do petróleo. Ela da educação. Ele lia as rochas. Ela ensinava ensinava a ler. Ele ia na plataforma. Ela calçava saltos plataforma. Ele, números. Ela, histórias. Ele, petróleo bruto. Ela, doce. Ele, holandês de Pernambuco. Ela,Índia de rede.
Se encontraram num lugar cheio de discurso, bebidas, dança, música, festa, olhada, curtida,toque,abraço, beijo,Oi,tudo bem, sim, risos, conversas, abraço, beijo, diálogo, diálogo. Beijocas,mais abraços, timidez, vontades, mais vontades, mais beijos, mais, mais, mais...
Hoje suas vidas são repletas de fraldas, talco, mamocas, carros, pressas, sindicatos, passeatas, porrada,tiro,bombas, discursos, rádios, jornais, escola, reuniões, amor, viagens, lutas, amor,companheiro, companheira, vontades, mais vontades, sonhos, filhas.
E amor.