Meu doce pecado (part. IV)

Capítulo 5

Terror no prédio

E quando cheguei ao corredor quatro... vi um homem saindo do apartamento de Kate Watson. Sou quieta e na minha não tinha muitas amizades, mais conhecia a maioria das pessoas que moravam naquele prédio de 8 corredores. Kate morava sozinha e cursava Arquitetura na mesma faculdade que eu. Ela era linda, alta, loira, chamava atenção. Mais ela nunca trazia ninguém para casa.

Fiquei imóvel ao ver aquele homem, não pude observa-lo melhor porque além da segurança, a iluminação do meu prédio era horrível. O homem percebeu que notei sua presença e veio caminhando em minha direção, eu sai correndo pelas escadas, querendo logo chegar ao meu corredor. Eu estava em pânico e perdida, meu prédio tinha virado um verdadeiro labirinto, sentia seus passos apressados em minha direção, ele esticou o braço e conseguiu me puxar, mais eu consegui chutá-lo e ele caiu, enquanto eu continuava a correr desesperadamente.

Cheguei ao corredor seis, à quarta porta era a minha, empurrei a chave no trinco, abri e fechei-a rapidamente, tranquei. Senti o homem se jogar sobre a porta e eu fiquei ali parada ofegante, enquanto escutava suas fortes batidas. Ficava pensando o que ele poderia fazer comigo se conseguisse arrombar a porta. Empurrei o sofá e fiz uma barreira, fui até a cozinha e peguei uma faca, fiquei ali entre a sala e a cozinha, tremendo de medo. Até que suas batidas pararam e eu acendi as luzes e tomei um copo d’água.

Não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer, resolvi ligar para Rose. Minha colega de faculdade e a única que não me achava estranha, ela também era de poucos amigos, mais nos falávamos às vezes. Liguei, ela atendeu como uma voz cansada dizendo:

-Sarah?

-Oi Rose. Disse ainda com a respiração excessivamente ofegante.

- O que houve? Parece agitada.

-Um homem Rose, eu vi um homem saindo do apartamento de Kate agora pouco, ele correu atrás de mim e... E eu não sei o que ele planejava fazer comigo, ele me puxou Rose, mais me sai dele e consegui entrar em casa. Estou com medo.

- Kate? Ela não leva ninguém para casa. Isso é estranho. Sarah por favor mantenha a calma, não fique assim. Não saia de casa se mantenha trancada. Está ouvindo? Sarah?

Não pude responder, ouvi mais pancadas na porta, larguei o celular no chão. Corri para o meu quarto e tranquei a porta. Olhei no relógio já eram quase 23:30. Me deitei na cama e comecei a chorar, as batidas cessaram.

A noite foi longa, não consegui dormir. Quando percebi que tudo tinha se acalmado, voltei até a cozinha e juntei meu celular do chão. Ele havia desligado com a queda, o religuei e vi que Rose tinha tentado me ligar 20 vezes. Imediatamente retornei, e ela atendeu reclamando:

- Sua maluca, porque não me respondeu mais, desligou o celular? O que aconteceu? Sarah, quase não recebo ligações ou mensagens suas e quando isso acontece... Você me deixou preocupada!

- O homem Rose, voltou e começou a bater em minha porta, fiquei desesperada e larguei o celular no chão. Acho que ele já se foi não ouço mais nada.

- Sarah, você precisa avisar a polícia! Ela me disse aquilo com um tom de voz alterado.

- Não, não é necessário. Já estou bem. Foi só um susto. Rose tchau. Vou tentar dormir. Na segunda-feira nos falamos. Obrigada.

Estava tão apavorada e fui logo encerrando aquela conversa, literalmente eu não era de “muitas amizades” ou de amizade nenhuma. Ela respondeu:

- Ok, você é teimosa e brinca com o perigo mais, por favor, me ligue se precisar de alguma coisa. Beijo, fique bem!

E ela desligou e senti novamente o silêncio que era minha companhia de sempre. Menti para Rose, eu já não dormia bem e com um susto daqueles perdi completamente o pouco de sono que sentia. Não pude mais pensar sobre o Alexander, eu só estava apavorada. Isso nunca havia me acontecido. Me senti encurralada.

As horas se passavam, no tic tac do relógio, me retorcia de um lado para outro da cama imaginando o porque daquela perseguição e quem era o homem que saíra do apartamento de Kate.

Enfim, amanheceu e a primeira coisa que fiz, foi colocar o sofá no seu devido lugar. Troquei de roupa e desci até o corredor de Kate, para o meu grande espanto lá estava cheio de policiais, peritos e curiosos. Escondida e observando de canto de olho no cantinho da parede vi retirarem do apartamento o corpo de Kate. Olhei para lados e revivi a situação da noite anterior, subi as escadas e reparei no corrimão velho e enferrujado um pedaço de tecido cinza-escuro, provavelmente quando empurrei o assassino ele deve ter se segurado nos corrimões e na pressa, rasgado seu casaco.

Eu voltei para o meu apartamento e sentei no sofá, comecei a chorar sem parar pensando que hoje eu poderia estar na mesma situação de Kate. Chorando e segurando o tecido rasgado em minha mão, lembrei que aquele era o mesmo casaco que Alexander Durban usava quando nos encontramos na praça. Não podia ser. Era muita coincidência. Havia vários casacos daquela cor, não poderia ser o mesmo. Posso ser um pouco desligada em algumas coisas, mais observo bem as pessoas bem ao meu redor, o tecido do casaco de Alexander e do criminoso parecia igual.

Tentava me convencer de que o assassino e o meu Alexander não eram a mesma pessoa, mas olhando o pedaço de tecido cinza-escuro, me lembrei o que Alexander me disse ao se despedir: “eu não sou o tipo de amigo que você costuma ter”.

Meus Deus, quanta coincidência em poucas horas, não sabia mais o que pensar. Enquanto enxugava minhas lágrimas, alguém bate em minha porta. Não pensei duas vezes e abri. Era a polícia, buscando testemunhas, depoimentos para ajudar na investigação do crime. O que fazer? Devo dizer tudo o que aconteceu naquela noite? E entregar a prova essencial para desvendar o crime que possivelmente seria do homem que eu amava?

Isabela Dantas
Enviado por Isabela Dantas em 27/09/2014
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