Overdose

Sentado na parada de ônibus, a avidez me aflige de tal forma que mal posso respirar tamanha exaustão espiritual. De súbito gingando na rua vem uma velha desacomodada com suas vestes surradas, ela balbucia algo e viro-me automaticamente para ver se a senhora fala comigo. Ela se aproxima e pergunta qual ônibus eu estaria esperando, respondo-a e ela diz que pegará o mesmo que eu. Inquieto-me. Ela então começa a falar que estava vindo do hospital, pois passara mal no dia anterior, e quase via seu estiolamento sozinha e desesperada, disse-me ainda que possuía uma irmã médica. Consenti com a cabeça por educação. Ela me disse então que não, que não mente, que o que tinha acontecido com ela na verdade era consequência do uso desregrado de drogas fortes, que os policiais corruptos tinham o plano de matar todos os usuários envenenados, que ela escapara por pouco pois tinha pego uma imagem do Padre Cícero e clamado por um milagre, uma intercessão junto à Deus para que ela saísse daquela com vida, "Everdose brother, eu quase tenho Everdose". Então ela disse: Mas tanta gente já morreu disso não é? Fiz que sim, ela continuou, pois é meu irmão, é tudo um complô contra nós pobres, os ricos não vão morrer envenenados, mas os pobres, esses pode ter certeza que vão! O ônibus então aparece na avenida e a chamo para entrar, ela entra, diz ainda que era na rodoviária que ela conseguia o crack, que era lá o coração do tráfico porto-velhense, concordo, mesmo sendo leigo sobre o assunto, já que as únicas substância que uso é o álcool, cigarro e maconha, do pior para o melhor respectivamente, ela então quando vê a rodoviária, salta ligeiro do ônibus e vai voar nas suas drogas envenenadas, e grita ainda para mim: Vamos meu amigo, vamos ser levados pela viagem do carro de Apolo. Só saio daqui com ele me pegando pela mão, e vai sendo levada por a Deusa Nix e Morfeu.

Rosivan dos Santos
Enviado por Rosivan dos Santos em 26/10/2014
Código do texto: T5012229
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