Uma Rosa para Berlim - dia simples

Estamos de volta a Berlim por volta das 15 horas.

Passamos por muitos militares e não somos reco

nhecidas. Depois vamos para o leste de Berlim e

chegamos em uma vila com casas modestas.

Entramos em uma pequena casa e Erna parece

conhecer muito bem. Vejo pessoas desconfiadas e

com medo estampado em seus rostos. Observo que

algumas pessoas usam a estrela de Davi de ouro.

- Casa de minha tia Frida. - disse Erna rodando por

toda a sala e depois sentando no sofá.

- Onde está ela ? - Pergunto indo até a janela e abrindo.

- Foi morar na Argentina e deixou a chave comigo.

- Então tem parentes na América do Sul ?- pergunto

eu começando a futucar um armário velho.

- Ei, menina ...- mexendo nas coisas dos outros.-

Fala Erna se aproximando e batendo em minhas

mãos. Retraio e ela mexe em uma gaveta retirando

uma camisa listrada em vermelho e preto.- tenho tio e

parentes no Brasil e moram no Rio de Janeiro. Esten

de a camisa no sofá - é torcedor do Flamengo e man

dou ela para mim- sacode a camisa - foi campeão o

ano passado e meu tio festejou muito.

Olho com curiosidade para a camisa vermelha e

preta e para as iniciais e então pergunto:

- Foi esse o club que usou a bandeira ou as côres

da nossa bandeira até 1918 ?

- É !...Ocorreu algo assim e, devido a primeira guerra,

foram proibidos ou deixaram de usar as côres da nossa bandeira. Vermelho,Branco e Preto....

Meu tio que sabe da história.

- Fotos do Rio de Janeiro ! - disse Marija pegando

fotos na gaveta.

Saimos pouco depois para comprar alimentação

e retornamos para fazer algo para comer.

Comida pronta. Comemos ouvindo notícias do

dia sobre o ataque a França e depois mudamos

de frequência para ouvir música.

Ficamos da porta olhando para a vizinhança: o

lugar é tranquilo e as casas tem quintal arborizados.

Saimos depois para comprar roupas e damos

uma olhada no comércio local : Judeus e Alemães

convivem em harmonia e as crianças brincam

juntas. O racismo ainda não pegou neste lugar.

O dia 12/5/40 vai embora e a nós só resta dormir.

O banheiro é simples e deixamos a porta aberta

para tomar banho. Somos desinibidas. Então vamos

para a cama de casal que tem no único quarto e

vamos dormir.

Sou a única acordada pois, as duas já pegaram

no sono e parece profundo. Estamos as três dormin

do na mesma cama pois, é a unica cama e é bastante

larga. Ando pela pequena casa de sala , quarto, cozi

nha e banheiro com quintal. Ando olhando tudo e

pensando em meus familiares que se foram.

Depois de muito andar, eu sinto sono e vou para

a cama e me deito.