Get Back

Eric do Vale

E fui andando,

voltei ao zero.

Um recomeço

é uma forma

de se encontrar

(Herbert Viana: Sempre te quis)

Sem diferir dos demais, também passei a utilizar o Orkut com menos frequência, assim que o Facebook foi criado, até “deixa-lo de escanteio”. Somente agora, resolvi acessá-lo a fim de resgatar algumas fotos, visto que, dentro em breve, a rede social seria desativada. Naveguei um pouco pela internet, porque, naquele momento, ninguém havia chegado quando vi o chefe caminhando em direção da minha mesa.

-Bom dia, Max! Falou-me.

-Bom dia.

-Podemos conversar?

-Sim.

A caminho da sala, lembrei-me de que alguém, uma vez, disse que todo funcionário de empresa privada, sobretudo multinacional, deve estar preparado para três coisas: promoção, transferência e demissão. Acomodado na cadeira e sem fazer delongas, comunicou a minha dispensa alegando não ser nada pessoal, mas sim em virtude da mudança de estrutura que a firma vinha atravessando. Era inacreditável! Troquei de carro, há pouco tempo, havia acabado de reformar o apartamento e estava perto de concluir a pós-graduação. Além disso, ali era um ambiente legal para se trabalhar! Não conseguia acreditar nisso. Por quê? Como faltavam quinze dias para os festejos de Natal e Réveillon, constatei que o ano havia terminado para mim naquele momento, sem falar que, uma semana depois, chegava ao fim o meu relacionamento.

Aliás, uma relação que nem começou, pois ela sempre colocou vários empecilhos, desde que a conheci. Dizia-se chata, possessiva, ciumenta e complicada. As coisas começaram a dar certo, no momento em que havia me dado por vencido, mas, novamente, ela veio com a conversa de que “precisava pensar” e dizia:

-Não é nada com você, mas sim comigo.

Eu, aparentemente, era muito passivo e paciente, conforme ela mesma relatou, no dia do “rompimento”. Mas eu sabia, intimamente, o que estava por vir. Era apenas uma questão de tempo e cabia a mim, naquele momento, ter cabeça de gelo. Houve algumas recaídas nossas e até pensei que a situação se tinha invertido, porém lá vinha ela com aquela ladainha: “Preciso pensar” até que um belo dia, fez a escolha.

Graças a Deus, não fiquei desempregado por muito tempo, no entanto o pessoal do antigo trabalho foi saindo de um por um. Presumo que, nessa altura do campeonato, não haja mais ninguém conhecido por lá. Se duvidar, essa firma nem exista mais! Quando soube que ela estava namorando, desisti de procurá-la. Mesmo assim, nutria esperanças de que, algum dia, pudesse reconquistá-la, porém essa possibilidade foi descartada assim que vi, pelo Facebook, as fotos do casamento dela. Deveria ter persistido, quando ela decidiu terminar. Pra quê?

Agora, recolhendo as fotos do Orkut, estou certo de que, talvez, tenha encontrado a resposta para tal pergunta, pois nelas se encontram os fragmentos que resultaram na construção da presente história.