A Procura do Matador de Urubu

O Dia quente na cidade, o trânsito sob o viés de um caos com loucura e todos correndo pra chegar em algum lugar. Então no ônibus, o senhor Ronildo, motorista dedicado e regrista, “Caxias” da empresa, estacionou numa parada para pegar alguns passageiros, quando observou que estava quase atrasado. Ônibus lotado, gente se explicado e reclamando paulatinamente do preço que naquela sexta feira havia alterado, ele aproveitou pra meter o pé. A meia hora de caminhada, o ônibus, depois de muito parar e seguir, enfim conseguiu um impulso a mais numa descida, que alguns até curtiram fazendo alarido, para que aquela “lata velha”, como diziam os passageiros pudesse acelerar e fazê-los chegar cedo aos seus compromissos.

Mesmo considerando o cansaço do motor, o ônibus caindo aos pedaços, mesmo considerando a lotação acima do permitido, ele seguia sem freios, curtindo aquelas músicas “radicais”, das noites nos bares da periferia.

Quando, de repente, o ônibus diante de um desvio; “Desculpe-nos, estamos fazendo o melhor pela cidade”, dizia a placa da prefeitura, só teve tempo de cumprir o aviso, que os levou ladeira abaixo, sequenciando uma curva, esburacada, numa rua sem asfalto. Alguns passageiros que estavam em pé alardearam ao motorista, que a frente havia umas quinze aves disputando, o que não dava para identificar, quando alguém em desespero gritou:

- Ei seu motorista, pisa no freio, que tem um monte de urubus ai na frente e uma lagoa mais em baixo!

O Senhor de uns cinquenta anos, com a visão já solidarizada pela muleta ocular, se deu conta de que eram urubus mesmo e até tentou desviar, tirar o pé e pisar no freio , mas foi tudo inevitável. Plaft, pluft, catabum! ...

Muita gritaria, desespero e pássaros, entrando no lotação, se debatendo em último suspiros , outros sem qualquer reação e outros mortos no chão.

Ônibus lotado como dizia antes e uma confusão armada, regrada a desespero coletivo, de algumas pessoas e de alguns animais a debater-se dentro do coletivo. Era urubu sendo esgoelado, pisoteado, se defendendo, saindo e entrando pela janela. Crianças e adultos feridos, chorando, gemendo e gente correndo pela porta e pela janela, gente brigando, muita gritaria e desespero, que tomou conta de todos.

Até dona Isabel, idosa, bem vestida, em pânico, pois não se sabe como caiu por cima do motorista, perdendo seu celular, sua carteira e a sua dentadura. E em meio a esse furdunço, o pobre, Romildo, em suas manobras, acabou batendo num poste e adentrando com a frente do carro no lago.

Curiosos foram os primeiros a chegar; quando o bombeiro e a polícia chegaram com a reportagem da Tv, filmando pessoas saindo de dentro do ônibus direto para as ambulâncias, junto com os pobres urubus, completamente enlameados, tudo já estava controlado, quando o jornal escrito perguntou para uma das vítimas quem era o “Mata Urubu”.

Manchete do Jornal, que outra vítima, até o final da redação, não havia sido identificada teria dito ao repórter, que o motorista, qual sumiu do mapa, vestido com esse “pseudônimo”, intitulado por ele, havia sido o responsável por toda aquela situação inusitada.