O SONHO PODE SER REAL

Pedrinho, o menino de rua que, nas vésperas do Natal, encontrou um amigo misterioso, um homem aparentemente muito rico, que lhe levou passear, a pé, pela cidade, visitando um Shopping Center, se divertindo muito e prometendo voltar uma vez por semana, para visitá-lo e até matriculá-lo em uma escola para estudar, agora, nos primeiros dias do novo ano encontra-se em frente à uma velha igreja, no centro da grande cidade. Olhando aquela construção em estilo barroco, pensativo, lembrando a aventura do Natal passado, sem entender se o acontecido teria sido apenas um sonho ou um fato concreto.

Eis que, inesperadamente, aquele lindo carro surge ao seu lado e, desta vez, o homem lhe convidou para entrar no carro e dar um passeio. O menino sentiu uma enorme alegria ao rever o amigo e, agora já sem medo algum, adentrou ao veículo que logo se movimentou em direção a um bairro rico da cidade. Durante o trajeto o homem começou a revelar-se. Em primeiro lugar desculpou-se por ter falhado na semana entre o Natal e o Ano Novo, explicando que era médico cirurgião e, justamente naqueles dias, tivera um plantão esgotante, atendendo muitas emergências.

O menino então achou que tinha encontrado um caminho para descobrir o nome daquele ser misterioso e perguntou:

-Doutor é a primeira vez que o senhor faz amizade com um menino pobre como eu? Qual o seu nome?

-Bem, respondeu o médico, meu nome não importa, por enquanto, mas já tive outros amiguinhos assim. Quando lhe encontrei, fazia muito tempo que eu tinha desistido dessas amizades.

-Por quê?

-Porque a última vez foi com um menino parecido com você e, eu consegui que ele estudasse e trabalhasse. Era muito inteligente e logo após sua formatura, em direito, foi eleito deputado estadual. Tinha, em sua mente, projetos de leis que alterariam muito o quadro geral, diminuindo as desigualdades sociais e tornariam o país mais justo. Mas muitos conheciam suas idéias, uma vez que ele as defendia, publicamente, em palestras, discursos, etc. e por isso foi, friamente, assassinado, num assalto simulado.

Pedrinho, que não desistia de seu objetivo (saber o nome do médico), perguntou:

-E como esse moço lhe chamava: de amigo, de pai...?

-Me chamava de “padrinho”, assim como eu gostaria que você me chamasse, se aceitar o que vou lhe oferecer.

A essa altura o referido médico também já sabia que Pedrinho era só. Tinha perdido a mãe durante o parto. Por causa dessa morte o pai biológico tornou-se um alcoólatra e morreu numa briga de rua. Só lhe restou uma irmã mais velha que, seis anos depois também faleceu, atingida por uma bala perdida.

Então o carro chegou a uma linda mansão, num bairro nobre da cidade e o generoso senhor ofereceu, ao Pedrinho, moradia junto ao casal de empregados da casa, Sr. Francisco, ou seu Chico, jardineiro e dona Roseli, governanta da mesma casa. Eles não tinham filhos e poderiam cuidar do Pedrinho, o qual também seria matriculado numa ótima escola do bairro e teria coisas que nunca tinha imaginado, sob duas únicas condições: dedicação ao estudo e a prática da caridade, que deveria aprender com aquele casal e demais empregados do seu benfeitor.

Apesar de um início de vida tão ruim, Pedrinho tinha bom coração e é claro que aceitou a oferta, abraçando e beijando aquele que, a partir de então, chamaria sempre de “padrinho”.

O menino que vivenciou um sonho de Natal agora vivenciava uma magia do Ano Novo !

E o futuro ?

Não depende só dele, afinal o último apadrinhado do médico foi morto pela mesma sociedade que ele queria melhorar.

O futuro do Pedrinho depende também de todos nós !

04/01/08

Fernando Alberto Salinas Couto

Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 04/01/2008
Código do texto: T802586
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