Conto #035: O INTERDITADO Parte 2/4

[...]

Cuidadosamente ele abre a porta do consultório e fica estarrecido, respiração ofegante, coração em disparada. Era muito difícil crer na cena que viu. No topo de uma mesinha branca, duas ampolas de Propofol, uma de Midazolam e outra de Xilocaína vazias, No manômetro, a informação de 15,7 cm de coluna H2O. Uma tenda de oxigênio ajustada no nariz de Dr. Anastácio indicava que ele havia inalado aquela mistura letal de anestésicos. Justos quase num pulo achegou-se ao lado do médico que jazia sobre uma maca inerte. Colocou seu indicador em sua jugular e teve a pior das conclusões. Seu cunhado estava morto. Mais parecia um presunto congelado. Arrancou a tenda de sobre ele. Tentou reanimá-lo, em vão. “Tacim! Tacim! Ânimo! Reage, homem! Oh, meu Deus! Por que foi isso acontecer? Como vou contar isso pra Mana?”.

Ligou pro IML e relatou o que acabara de presenciar. Em poucos instantes o rabecão da Medicina Legal veio recolher o corpo do médico para dar o laudo cadavérico. Enquanto isso, quatro peritos da Polícia Técnica chegaram à cena do óbito para tentar desvendar o mistério que pairava sobre a possível causa da morte do Dr. Anastácio. A hipótese mais provável, tratar-se-ia de um suicídio. Mas como isso seria possível? Ele era um profissional muito bem sucedido. Suas clínicas e hospitais gozavam de boa saúde financeira. Tinha uma família maravilhosa e sua esposa e filho eram um tesouro e eles formavam um verdadeiro LAR-DOCE-LAR. Teria ele motivo para cometer aquele absurdo contra si mesmo e, por tabela, contra a sua família, a qual tanto amava? Era um caso complexo.

Os peritos colheram os equipos, tenda e ampolas usadas eu que estavam sobre a mesa do consultório. Coletaram impressões digitais em todos os possíveis lugares para saber se alguém mais esteve ali na cena do possível crime. Um envelope contendo um laudo médico sobre a saúde estava aberto sobre a escrivaninha do médico e quase passou despercebida pelos perítos, mas nada escapava à sagaz intuição de Drª Conceição de Miranda. Ela voltou à escrivaninha e recolheu também aquele laudo, pois talvez ele tivesse alguma pista para desvendar aquele mistério.

- “Alô! Mana! Aqui é o Justos! Acabo de sair do consultório do Tacinho. Você está com a TV ligada? Coloca no canal X, no Programa a SE ESPREMER SAI SANGUE. Aconteceu algo terrível e estão relatando isso agora mesmo”. Disse isso tentando escapar do peso de ter ele mesmo contar o que presenciou na cena do consultório.

- “Tá, Justos! Estou ligando agora mesmo!”

A repórter Mariela dava as últimas notícias e anunciava com os mínimos detalhes o que havia acontecido ao famoso dr. Anastácio. Amélia perplexa, cai no sofá totalmente sem ação. “Isso não pode estar acontecendo! Me belisca pra ver se é verdade!”, diz para Ana, sua fiel doméstica. “Ai, meu Deus! O que vai ser agora do Júnior e de mim”

Entram num inconsolável pranto...

[…]

Continua no próximo episódio...

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 14/10/2011
Reeditado em 14/10/2011
Código do texto: T3275376
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