Brutus e sua história

BRUTUS E SUA HISTÓRIA

Isabel C S Vargas

Brutus é um cão da raça boxer, pelagem marrom, focinho já embranquecido pelo tempo e pela dor, talvez. Dócil, amigo, companheiro. Vivia com sua companheira e mais um cão de pequeno porte, com a família que os criava. Marido, mulher e uma filha de quem era muito companheiro.

Mudaram de casa. A fêmea ficou prenhe. A vida seguia com normalidade, até que certa noite, enquanto seus donos descansavam a fêmea entrou em trabalho de parto que não foi percebido.

Ao amanhecer a dolorosa constatação. A fêmea estava morta, os filhotes não conseguiram nascer.

Tristeza infinita da família.

Dor insuportável para Brutus que ficou muito tempo a chorar junto ao local onde vivia com sua companheira. Não comia. Emagreceu. Definhava. Então, fugiu do local.

Foi neste estado deplorável que o encontramos, como já relatei em outra ocasião.

O adotamos de imediato e passamos a dar-lhe não só alimento, mas atenção, carinho, alegria, aliados a higiene e medicamentos, pois em determinada ocasião o levamos às pressas ao veterinário porque acreditávamos que não sobreviveria. Procuramos suprir suas necessidades, ao mesmo tempo em que procurávamos por seus antigos donos, perguntando na vizinhança, indo aos estabelecimentos comerciais. Tudo em vão.

Exatamente um ano depois, quando minha filha passeava com ele, para sua surpresa aparece seu antigo dono. Contou-lhe sua história. Num primeiro momento, o temor de que desejasse levá-lo.

Para sua surpresa a pessoa contou-lhe que já sabia que ele estava conosco. Havia sabido por alguém que tem um quiosque na praia e o informara que em nossa casa havia um cão como o seu. Ele veio, mas não nos encontrou. Viu Brutus e que ele estava bem. Ficaram temerosos que se retornasse para o antigo lar, passasse a não comer como antes. Decidiram deixá-lo conosco. Isto foi no inverno.

Só soubemos disto dia 31, último dia do ano.

Ficamos todos em choque por saber de sua história sofrida

Creio que conosco, com o carinho recebido, com os risos e brinquedos de criança à sua volta e o nosso pequeno e ciumento Spike a dividir com ele as atenções, ele encontrou uma nova razão de viver. E nós, mais razão para amá-lo.