Pequeno pedaço de um dia a dia

Então tudo se desfaz e refaz ao mesmo tempo.

Há sempre algo para se reclamar, reivindicar. Há sempre algo para não se tolerar.

Há sempre uma exigência, uma indiferença, um desconforto, uma falta de limite, um absurdo, um bate boca, uma fantasia a se expulsar e a se realizar...

Um bilhete no guarda – roupa, um abraço sem esperar, um sorriso guardado o dia inteiro, a necessidade de entrelaçar os pés para dormir...

Há sempre uma casa desarrumada, empoeirada. Um quarto revirado. Uma cama desfeita a semana inteira. Um banho adiado, uma insônia.

Há sempre algo por vir e por não vir.

Um beijo rápido, um beliscão, uma mordida, uma janta deliciosa.

Há sempre uma conversa de tirar o fôlego, tédio na frente da televisão, uma lágrima... ou muitas...

Há sempre uma expectativa no ar, espera, ânsia... Há dor de estômago, de cabeça, falta de dinheiro.

Planos...

Há o tempo...

Há sempre uma frustração, uma fuga, um sorriso congelado, um dente sem escovar.

Uma planta por aguar, um livro abandonado e muitos outros a serem começados, vontade de sair correndo sem olhar para trás e ao mesmo tempo um amor tão grande que não da vontade de sair nem para ir ali comprar pão.

Há sempre aquela vontade imensa e renovadora de envelhecer com ela...

Há sempre um palavrão, uma vontade de dar na cara, orgulho...

Um acolhimento, um abraço apertado, aconchego...

Intensidade. Mesmo no cansaço, no enfadonho, na limpeza da casa...

Há sempre uma faxina por fazer.

Adiamentos...

Um padrão, uma mudança e muitas não mudanças.

As vezes há um desrespeito, uma raiva contida ou nem tão contida assim... Uma surpresa bem sexy, um banho quentinho...

Há alguma mentira, uma dúvida aqui, acolá. Alguma omissão.

Um passeio esperado, um picolé no sábado a noite ou um açaí...

No entanto, há sempre excessos, padecemos de excessos ininterruptos, no amor e em tudo o mais. Insuficiências, abismos, descontroles, perdições...

Há um tanto demasiadamente previsível e um tanto mais demasiadamente imprevisível.

Sempre há intenções...

Há um conto de vida, do que existe e pode desaparecer. Do que respira imperfeito e perdido. De vidas que se entrelaçam segundo a segundo. De amores que se encontram e desencontram infinitos.

Sinto que a vida tem sido essa coisa, indefinida, carente de sentido, repleta, abarrotada de ânsias demasiadas e descontroladas, faltosa de tempo, paciência e respeito. Respeito a si e ao/a próximo/a.

E há sempre esse amor, essa porta aberta, alguém que te espera, cheia de monstros e maravilhas.

Sempre haverá ela, minha primeira, minha eterna, minha mulher, meu [des]equilíbrio...!

Thaís Polidoro
Enviado por Thaís Polidoro em 28/07/2014
Código do texto: T4899324
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