É Sábado dia de Feira...

Visitando Maragojipe a cidade de minha infância. Andei pelas ruas a contemplar sua arquitetura, nem tudo estava como antes à idade chega pra tudo e todos, mas, tem coisas que não precisava está acontecendo. A violência, a mendicância a intolerância etc. As belezas naturais ainda estão suportando a degradação do ser humano, os ventos ainda balançam os coqueiros, o manguezal está no lugar, os caranguejos a andar distraidamente em tempo de andar! Até alguém os encontrar, a maré que enche e vaza na hora certa, o rio Paraguaçu encontrando o mar e os pássaros a cantarolar. Os produtos chegando para a feira num dia de sábado, farinha, frutas carnes, temperos... No lombo do boi, como dizia minha vó Quena. Que Deus a tenha no Reino da Glória. Parei no abatedouro de um amigo e passamos a conversar, falamos de tudo um pouco, futebol, quem pegou quem, quem casou com quem, quem separou quem usa chapéu de couro... Colocamos as notícias em dias, sabe como é... Interior... Sábado... Dia de feira... Quando der repente alguém coloca o dedo nas minhas costas e diz: Perdeu é um assalto! Olhei pra ele e disse diga ai meu rei! Lembra-se de mim? Ele meio envergonhado, deslocado, acanhado... Claro, é o Zagalo, (Meu apelido na FUNDAC) Tá perdido por aqui? E eu respondi sou daqui, sou da área... Conversa vai, conversa vem, ele disse sabe como é Zagalo, estou com filho pequeno desempregado, tem como você me conseguir 2 pacotes de leite? Eu disse já é, demorou (gíria no sistema) Pedir para o amigo embrulhar o leite e ele completou: 1 de café, 2 de açúcar, 3 de feijão, 2 de macarrão. Carne do sertão, carne de boi, frango e farinha. Abóbora maxixe, jiló e quiabo... Ele disse: É sim de verdade (gíria), eu pensei: caramba! Fui assaltado... E algo me dizia baixinho: Besteira... Interior... sábado... dia de feira...

Carlos R Santos
Enviado por Carlos R Santos em 25/10/2014
Reeditado em 25/10/2014
Código do texto: T5011654
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