A chamada

O que se narra ocorreu em uma cidadezinha de interior, de nossas Minas Gerais. Era início de ano letivo. Dia de apresentações. O mestre Aristides tinha sua primeira aula em uma turma de ensino fundamental. Conhecia todo o grupo, que com ele estudara no ano anterior. E mais: conhecia os familiares de todos e até alguns problemas que as famílias viviam, pois estava sempre frequente aos conselhos de classe e era interessado no histórico familiar das crianças. Ademais – lembram-se? – falamos de uma escola de interior. O mestre, muito feliz, cumprimenta o grupo, dá as boas-vindas e abre o diário de classe para a primeira chamada do ano. – Amanda? Amandinha estava presente. – Como vai o papai? –indagou o mestre. – A colheita no sítio foi prejudicada pelas chuvas? Amandinha deu notícias do pai e da colheita. O mestre não se satisfez. Lembrou-se de que o irmão da menina tivera dengue, e a oportunidade era ótima para saber notícias. Luquinha, felizmente, passava bem. O mestre Aristides, calmamente, pôs o pingo de presente e chamou o aluno Brás, do qual também quis saber notícias do pai, da mãe, dos irmãos, recebendo as mais atenciosas respostas. E por aí foi... Aristides visitou a letra C, a letra D, a letra E, pulou o F – pois não havia alunos – e, no G, foi surpreendido pelo sinal.Contrariado, conferiu a hora no relógio de pulso. Fechando o diário, despediu-se dos meninos: – Bem, amanhã continuamos. A chamada!