DEPOIS DAQUELA TARDE = EC

DEPOIS DAQUELA TARDE = EC

   Aquela ensolarada tarde de outono foi um marco na minha vida.
   Eu estava vivendo uma fase muito feliz, de sonhos, planos, expectativas .
   Meu casamento estava marcado para breve e eu, meu noivo, toda a minha família e a dele nos agitávamos com os preparativos.
   Aquela tarde, uma linda tarde de outono, o sol enviava à Terra seus raios como se estivesse nos convidando para sair, correr, passear, amar. ....
   Meu noivo e eu saímos para dar uma volta de moto.
   Papai, enquanto conseguiu, me proibiu de andar na moto com ele, achava perigoso e impróprio, mas agora, quase às vésperas de meu casamento ele não conseguia mais mandar em mim.
   Lembro-me como se fosse hoje dos últimos momentos realmente felizes de minha vida. O Téo dirigindo veloz, eu abraçada a ele, embriagada com o seu calor, sua proximidade, meus cabelos esvoaçando ... lembro-me de ter pensado que devia te-los prendido, mas, de repente, nada mais importava, nem a proximidade excitante de meu noivo, nem o espetáculo do sol se pondo, nem meus cabelos esvoaçando na minha cara,
   Nunca soube ao certo o que aconteceu. Ninguem quis contar-me os pormenores Parece-me que foi uma trombada, só tomei conhecimento de mim quando estava em um hospital toda enfaixada.
   Téo também machucou=sa muitoi. Esteve entre a vida e a morte, mas acabou reagindo e se recuperando totalmente sem nenhuma sequela, enquanto que eu me vi condenada a passar o resto de meus dias em uma cadeira de rodas.
   Estaria mentindo se dissesse que aceitei passivamente a situação conformada com a vontade de Deus. Minha revolta e minha inconformidade me torturaram por muito tempo.
   É claro que não houve o casamento . Meu pai brigou com o Teo, acusou-o de ser o culpado de minha desgraça, pois sabia muito bem que ele não queria que eu andasse na moto, o pai dele tomou partido e as duas famílias que até então eram muito amigas acabaram cortando relações.
   Téo sofreu muito, ficou deprimido, com complexo de culpa, mas o tempo ameniza as dores, refaz as chagas da alma e a vida continua, pois tem que continuar.
   Eu acabei me conformando com a situação, e hoje estou vivendo a minha vida aproveitando o muito de bom e de belo que ainda posso usufruir apesar dos pesares.
   Téo casou-se e tem um casal de filhos. Às vezes o vejo com a esposa ou com as crianças e, não sinto ciúmes nem revolta.
   Eu o amava muito! Ainda o amo o suficiente para desejar-lhe toda a felicidade deste mundo.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo -
Depois Daquela Tarde
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