INDIGNA NAÇÃO

Oscar Niemayer completou cem anos. Assisti embasbacado um documentário sobre sua vida e sua arte. Ele falando, além das suas obras, da importância da educação e da sua preocupação com os menos favorecidos do Brasil. Ali, com meus botões, estava de pijamas, comentei: “ Este sim é uma celebridade, coerente, humilde, lúcido, merece minha mais profunda reverência”. Eu, digamos, já o conhecia, chorei de soluçar, feito criança, até o fim, como há muito não fazia. Mudei de canal, e o apresentador, dito muito culto por uma plêiade de analfabetos funcionais e universitários, anunciou: “ depois do intervalo comercial, vamos receber a celebridade fulana de tal, sucesso da novela das oito...”. Que me perdoe minha mãe, mas não resisti, gritei para o seu retrato na estante: “ Celebridade! Mas que merda de país é este, mãe!”.