AS CHAVES DO PARAÍSO

Sempre desejei conquistar o Paraíso, ou seja, a plena felicidade.

Claro. Quem não quer ser feliz?

E eu achava que o merecia, pois sou uma pessoa honesta, caridosa, cumpridora de meus deveres.

Muito boazinha, mesmo.

Tanto pedi que um dia um Anjo apareceu e me disse:

—Aqui estão as chaves que abrirão para você as portas do Paraiso, mas só posso lhe dar se você me provar que é capaz de um amor incondicional por todas as criaturas humanas.

—Ah, mas eu sou muito caridosa, rezo por toda a humanidade, faço muito pelos necessitados amo ao meu próximo como Jesus nos ensinou.·.

—Você seria capaz de amar aquele bêbado que está caído na rua, sujo, mal cheiroso falando bobagem, incomodando os transeuntes?

—Claro que sim, eu faço um trabalho com os moradores de rua, destribou alimento, agasalho, remédio. Dou muito amor a eles.

—Mas seria capaz de leva-lo para sua casa, comer com ele â mesa, limpar o seu vômito?

—Acho que seria muito difícil...

—E seu marido, tem certeza de que o ama de verdade?

—Claro! Disso não tenho dúvida, faria qualquer coisa por ele.

—E se ele lhe confessasse que está apaixonado por outra mulher e pretende deixa-la? Você aceitaria numa boa e desejaria sinceramente que ele fosse feliz com ela?

—Ah, mas isso já é demais.

—E quanto aos marginais, bandidos?

—Tenho muito amor por eles, e acredito que se fazem o mal é porque ainda não aprenderam a fazer o bem, não sabemos os motivos que os movem e não me sinto no direito de julgá-los. Acho que mais do que de castigo eles precisam de compreensão, de orientação, de oportunidades.

— E se ele assaltasse sua casa, estuprasse sua filha, matasse seu filho, você continuaria a amá-lo?

— Chega! Pode levar essas chaves danadas que eu fico por aqui mesmo.



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Este texto faz parte do Exercicio Criativo
"AS CHAVES DO PARAÍSO"


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Maith
Enviado por Maith em 14/06/2012
Reeditado em 15/06/2012
Código do texto: T3724122