Era uma vez um ponto...
 
Esse ponto não agia igual aos outros pontos.
Ele não aceitava exercer apenas uma tarefa, desejava sempre inovar. Afirmava que possuía idéias modernas e avançadas.
 
Certo dia, uma vírgula indagou:
_ Afinal de contas, amigo, que espécie de ponto é você?
_ Eu posso ser qualquer tipo de ponto, amiga vírgula.
_ Como assim?
_ Fugindo das regras que aprisionam, prefiro fazer uma forte pausa nesse ciclo repetitivo do qual nós, os sinais de pontuação, raramente escapamos. Nesse caso, eu sou um ponto e vírgula, um parente seu.
_ Legal!
_ Se eu faço indagações mais profundas sobre as ações coletivas, sou um ponto de interrogação, mas se eu resolvo chocar as mentes conservadoras, devo ser considerado um ponto de exclamação.
_ Estou impressionada.
_ Liberdade, estimada vírgula, eis o segredo da vida. Para explicar os meus conceitos inovadores, sou didático e esclarecedor, atuando como os dois pontos fazem. Quando quero dar a última palavra, sou um ponto final, porém, se desejo continuar a prosa, me considere um ponto de continuação.
_ Perfeito!
_ Mas, ansioso por instigar vôos ousados, gosto de deixar a dúvida e estimular a reflexão muito enriquecedora. As reticências, três pontos abraçadinhos, favorecem o meu ofício predileto.
_ Obrigado pela fantástica lição, amigo ponto!
_ Estarei sempre à disposição, querida colega!
 
Cada um seguiu o seu destino bem satisfeito.
A curiosa vírgula nunca mais seria a mesma após aquela conversa.
O tão livre ponto, bastante alegre, começou a assobiar várias canções.
 
* Talvez você estranhe esse conto.
Entendo, pois quem conta um conto sempre aumenta um ponto. Opa! Caso o ponto desse conto, repleto de vaidades, consiga aumentar, ninguém poderá conter o ímpeto do enredo.
Admito que as idéias aqui expostas foram modernas demais para mim.
 
E agora? Estou confuso!
Faço uma enorme pausa homenageando a vírgula do conto ou uso o famoso ponto final, encerrando um conto composto por incertos pontos os quais tanto variam conforme as situações apresentadas?
 
Já sei!
Aproveitando o espírito das inovações, vou encerrar dessa forma:
 
_ Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 17/11/2014
Reeditado em 17/11/2014
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