As crônicas de um lugar chamado Altjeringa

Ela se arrastava quase sem forças, apoiando-se nas paredes. O sangue dava uma nova cor ao vestido que usava, seus cabelos agora despenteados, colavam em sua testa e pescoço por causa do suor. Alguma coisa envolta em lençóis que carregava nos braços, chorava e gritava. Realmente, aquela pobre criatura que acabara de nascer, tinha forças no pulmão. Mas, mal sabia ela também, que do lado de fora do palácio, a destruição havia chego por sua causa.

Suas pernas já frouxas, não lhe davam mais sustentou para se manter de pé. Faltava tão pouco agora, porém seu corpo parecia pesar a ponto de joga-la ao chão. Foi se arrastando lentamente, com todo o vigor que restará até o Altar. Sua respiração ficara difícil e de vez em quando, parava por causa da dor da cirurgia do parto. Empurrando seu recém nascido filho contra o peito, pedia aos deuses que, ao menos, o salvasse.

Parecia um imenso quadro preso a uma parede. Nos dois lados, viasse duas Oliveiras, perfeitamente esculpidas simetricamente e uma linha que separava ambos os lados. Olhando de perto, perceberia que era uma enorme porta escondida por uma cortina de cor púrpura.

Ela parou em frente a portal. As lágrimas escorriam até o queixo e caiam sobre o menino. Pedia repetidamente que a perdoasse por abandona-lo e rezava que os deuses o protegessem.

Ela o colocou no chão, tapou os olhos e forçou a abertura da porta.

Era de uma tonalidade escura, somente clareada pela luz das estrelas e galáxias que pincelavam o céu. Não havia um "chao" ou "horizonte". Somente um palco negro e estrelado. Ela tomou seu filho em seus braços, deu um último beijo nele e o lançou ao Nada.

Os passos que soavam pelo corredor eram calmos como a frieza que transmitia em seu rosto. Ele entrou pacientemente no salão principal e foi caminhando em direção ao Altar. Subiu os três degraus e se dirigiu até a gigantesca Porta de madeira que agora estava fechada, ignorando o choro e os berros de uma mulher histérica afirmando que seu filho havia ido embora e que ele jamais o encontraria.

Parou em frente ao umbral e passou lentamente seus dedos sobre a Oliveira moldada.

- Eu vou encontra-lo, não importa em qual dos mundos você o enviou, vou encontra-lo.

Saiu do altar arrastando seu sobretudo e marcando o piso de lama das botas marrom que calçava.

A dama?

Enfim, descansara deitada encolhida no chão ignorada pelo que um dia foi o amor de sua vida, pai da tal criança.

Thiago Justo
Enviado por Thiago Justo em 22/10/2017
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