A PUTA EXTRATERRESTRE

Aconteceu em Minas, em julho de 1957, com o filho de um fazendeiro. Ele estava a lavrar a terra com o trator da família. Era pelas madrugadas já. Sozinho, avistou a mesma luz que avistara antes, de seu quarto, junto a um irmão. Ocasião em que ambos tremeram de medo e foram parar na mesma cama depois de, com muito esforço, fecharem a janela. As luzes que antes dançavam para lá e para cá no céu passaram a invadir o recinto via frestas do telhado e das venezianas.

Doutra vez foi com o outro irmão que o ajudava no trabalho de agrar a terra. Quando ambos viram a luz vermelha, o seu Antônio quis bancar o machão e saiu a perseguir um facho até onde o que quer que seja permitiu. O que quer que seja conseguiu escapar da perseguição terrestre e desapareceu incólume no céu das vinte e duas horas daquele 14 de julho.

Mas agora, dois dias depois, não. Agora o mesmo jovem agia sozinho na tarefa matutina tão necessária de ser complementada pelos herdeiros do terreno, pois só assim conseguiam atender a demanda de produção da fazenda, quando no alto veio a luz vermelha novamente. Os trabalhadores contratados chegariam somente às sete da manhã.

Dessa vez o jovem fugia da luz, conduzindo o trator, em vez de persegui-la. Não lhe veio a mesma coragem de quando estava com o irmão José. Chegou a parar o veículo utilitário, travar, descer e tentar alcançar qualquer dos cômodos da propriedade para se proteger. Mas não teve jeito. O objeto desconhecido parou, desceram alguns ETs, e, sob esforço contrário, conseguiram deter o homem e o fazer subir por uma escada móvel que levava para o interior da nave estranha.

Lá, o filho de fazendeiro teve tratamento vip. Foi seringado sem dor. Doou alguns mililitros de sangue. Teve uma espécie de ventosa presa em seu abdome e conectada a um aparelho. E foi colocado em observação em outra sala dentro da espaçonave alienígena. Alienígena ou não, né! A observação, no caso, típica de voyeur. Você vai ver o porquê.

E não é que o mineirinho estava deitadinho em uma sala mal cheirosa, se recuperando do porre deixado pela sonda que fora lhe acoplada na barriga, quando lhe apareceu uma fêmea ET? Baixinha, corpaço esbelto, grandes olhos azuis, cabelos louros. Pura sedução a menina ET. O rapazinho só quis saber o que era dessa vez. Mas não era mais exames não. Pelo menos médico explícito não era. Ela foi atrás de sexo com ele. Ordens dos chefes.

Ficou peladona. Arrumou lugar no local onde Antônio jazia. Seduziu-o sem ser debatida. Será porquê, hein? Até então o homem revirara para lá e para cá para tentar não sofrer invasões em seu corpo. Ah, mas... em se tratando de sexo, meu, a situação de rejeição nula é constante em toda a galaxia. E, ainda, uma suposta relação entre seres interplanetários? Don Juan, Casanova, Fábio Júnior: Batam essa!

E foi aquela performance por parte da pantera esquisita. Colocava Ginnger Lyn e Linda Lovelace com as tetas de molho. O homemzinho revirava os olhos, contorcia de prazer, gemia sem querer. Foi uma extenuante madrugada de prazer. Para ele, talvez para ela e talvez, também, para os que os observavam por uma janelinha indiscreta.

E por fim acabou o coito. O lavrador teve suas roupas devolvidas e viu a fêmea lhe fazer gestos. Apontou para seu ventre, apontou para ele e por fim apontou para o céu. Ele interpretou como ela a dizer que ele seria pai de uma criatura junto a ela e esta seria parida lá nas estrelas. Mas pode ser que ela quisesse dizer para ele que ele comeu ela sem camisinha e ela não tomava pílula contraceptiva, pois na Terra ainda não existia, então ela ficaria grávida e precisaria de um dimdim para levar lá para cima para cuidar da criança. E ficou por isso mesmo, o ser terrestre saiu sem pagar. Permitiram que ele fosse embora sem ter que explicar que ele é que foi tirado da labuta que lhe proporcionaria angariar algum dinheiro para ele passar para a fêmea. E depois, foi ela que foi até ele tentá-lo. Na certa tava ganhando para isso. Só deu, então, para ela pensar: "Dar para humano pobre dá nisso".

*Inspirado no caso ufológico "A abdução do fazendeiro Antônio V. Boas" publicado pela revista Flying Saucers Review de 1965 nos Estados Unidos.