Aldergest - A conquista

Capítulo 1 – Lutar pela Vida

Mais um dia comum na Terra, as pessoas acordaram e começaram a fazer suas repetitivas atividades diárias. Em meio a bons dias e acenos, as pessoas caminhavam para suas atividades repetitivas. Os veículos novamente andavam furiosos pelas ruas, tudo corria de acordo como o de costume.

Martinsson havia acordado tarde aquele dia, estava de férias. Como de costume ligou a TV no canal de notícias, as mesmas notícias de sempre, o que mudava eram as caras das pessoas. Mortes, corrupção, ganância, ostentação, falsidade permeavam a tela da TV de Martinsson. Quando já se encontrava em um estágio elevado de tédio pelo que assistia, resolveu desligar a TV. Antes que seu dedo pudesse corresponder as sinápses enviadas pelo seu cérebro, uma notícia de última hora tomou conta de sua TV e de todos os outros habitantes do planeta.

A notícia se tratava de uma nave de proporções colossais que simplesmente aparecera sobre Bariloche, uma cidade localizada na Argentina, diziam as pessoas que a nave simplesmente se materializou em frente a elas. Houve uma comoção geral de toda a população mundial, e diferente do que estamos habituados a assistir em filmes, a população se comportou muito bem em relação ao acontecimento, não houve histeria da qual se esperava, o que confesso me pareceu tão impressionante quanto o acontecimento, parecia um misto de medo e curiosidade. Alguns chegavam a ficar chorando e pulando no meio da rua, em uma espécie de transe coletivo, algo como uma celebração por algo que já lhes era esperado ou coisa do tipo.

A nave possuía um design muito bonito, sua cor era de um tom azul turquesa metálico, algo futurístico, sua aerodinâmica remetia aos nossos animais marinhos, como baleias e golfinhos, não haviam janelas aparentes, haviam luzes que emanavam de alguns pontos, pareciam ser os propulsores da mesma. A nave produziam um som agradável que parecia estar vindo de um possível motor ou reator de energia. O som mais parecia estar sendo produzido por uma mistura de instrumentos de corda e sopro, foi uma experiência realmente incrível de observar. O dia estava claro, as câmeras puderam filmar com grande nitidez aquele colosso. Imaginávamos que tipo de seres abrigava esta nave, não tinha um aspecto que remetia a uma nave de guerra. Nosso satélites conseguiram detectar um campo de força num raio de dois quilômetros ao redor da nave, todo tráfego aéreo foi orientado a trafegar não menos que quinze quilômetros do evento. Após dois dias de sua aparição seus tripulantes resolveram se manifestar, então começou o que nós certamente não estávamos esperando. Eles começaram a se comunicar com cada habitante da terra usando telepatia, e como se isto não fosse o bastante, imagens apareciam diante do olho de cada um, como se o cristalino de nossos olhos tivessem se tornado um display ou algo do tipo, imagens com profundidade além de uma resolução realmente natural, e tudo isto não nos causou nenhum tipo de incomodo, parecia que sempre estivemos preparados para este tipo de comunicação.

Ficamos muito perplexos em ver que sua aparência era idêntica a de um ser humano, isto nos deixou um pouco mais confortáveis, pensei que se tratavam de viajantes do tempo, o que mais tarde se provou errado, talvez eles tivessem manipulado sua própria forma, afim de causar esta sensação de conforto, demonstraram muito carisma.

Então alguém que se apresentou como Yurds começou a falar do motivo que os levou até nós. Ele disse:

- Povo da Terra, humanos da terceira dimensão, foi lhes aberta oportunidade de assensão escalar dimensional. O povo de Arryb-Ador foi aniquilado após quebrarem o acordo universal de Kaburamarsh. Como povo imediatamente mais evoluído em sua dimensão depois do extinto povo de Arryb-Ador, lhes compete reclamar o Aldargest de sua dimensão, o que vocês chamariam de domínio ou trono dimensional. Conquistando o Aldargest, vocês terão acesso total aos mistérios de sua dimensão, assim vocês terão a chance de se elevar a compreensão da quarta dimensão, mas para isto, seus campeões os representarão nas arenas de Guilgun.

- Seus irmãos de linhagem guerreira, eles deverão lutar e conquistar este direito por vocês. Se eles falharem, seres de outras dimenções ou mesmo seres inferiores a vocês poderão reclamar seu Aldargest, em outras palavras, vocês poderão ser escravizados.

- Passarão a entender como em mais de seis mil anos os Arryb-dor os sucumbiram, forçando vocês a os servirem sem nem mesmo terem conhecimento disto, até o fatídico dia em que eles quiseram se levantar contra o acordo.

- Aparecerão em suas retinas os selecionados para disputar as representações em cada uma de suas nações, organizaremos seus processos eliminatórios.

Foi aí Martinsson viu seu rosto entre os selecionados, sentiu um misto de pavor e alegria ao mesmo tempo. Alguns países tiveram mais escolhidos do que outros, mas no geral ficou balanceado. Na média foram cerca de vinte escolhidos em cada país.

Martinsson ficou preocupado, pois além de não saber lutar, estava bem fora de forma, mas a tecnologia dos visitantes era mesmo impressionante, havia uma especie de máquina, parecida com as de ressonância em posição vertical, a pessoa entrava na máquina e esta faziam um escaneamento. Não se sabe como, a pessoa saía da máquina com habilidade e conhecimento das quais nunca havia falar. Estes conhecimentos variavam desde conhecimentos de estratégia e artes marciais à culturas de outros mundos. O corpo também recebeu um tratamento especial, a máquina lhes concedeu alguns melhoramentos físicos, é como se a pessoa tivesse instantaneamente chegado ao máximo de seu potencial corporal.

O processo de eliminatório durou num total de seis meses,duas semanas e quatro dias, nos dois primeiros meses as eliminações se deram por meio de teste feitos em realidade virtual, nestes testes os humanos puderam ter contato com seres de outros planetas, raças das quais encontraria nos campos de batalha do planeta Guilgun. Diziam os organizadores que estas simulações trariam aos humanos uma melhor condição para se preparem psicologicamente uma vez que já estariam assimilando as mais diversificadas formas de adversários que poderiam encontrar pela frente. Martinsson se impressionou particularmente pelos gigantes, eram realmente assustadores, apesar de não ter enfrentado nenhum deste durante os combates simulados, pôde ver o quanto eles poderiam ser cruéis. Não pense que por se tratar de combates simulados os guerreiros estavam seguros quanto a lesões. Todos entravam em trajes especiais que cobriam todo o corpo, este traje transportava a mente da pessoa par uma espécie de computador em formato de esfera, parecia ser feito de safira e emanava uma luz fantasmagórica, era lá onde os combates aconteciam. Uma vez que a pessoa sofria dano na simulação, o traje reproduzia a lesão em escala reduzida, muitas das vezes eram escoriações. Ninguém morria, mesmo que morresse na simulação, porém, poderia sair bastante machucado. Os que morriam na simulação eram eliminados, os que não apresentavam combatividade eram eliminados, e muitos foram os eliminados por estes critérios. Martinsson lutou um total de quatorze lutas, das quais venceu dez e empatou tecnicamente em quatro. As lutas respeitavam um certo limite de tempo, haviam juízes que acompanhavam as lutas e segundo seus critérios julgam desde movimentos, motivação, tática e inovação em combate. Esta tal inovação em combate estava no fato de que o ambiente simulado se um tipo de Open Source, sua imaginação era o seu limite enfim. Podia voar, lançar chamas com as mãos e etc.

No final deste dois meses, o país onde Martinsson morava contava apenas com oito representantes, dos quais ela mesmo fazia parte. No terceiro mês começaram os combates reais. Os compatriotas começaram a lutar entre si, e Martinsson perdeu sua primeira luta. Começava uma luta pessoal de Martinsson, se perdesse mais uma luta seria eliminado não apenas do processo seletivo, mas também da vida. Isto porque nesta etapa, diziam os organizadores, era o mais próximo do que os humanos iriam encontrar nos campos de batalha, e lhes contou que na língua terrestre Guilgun significaria, lutar pela vida.

Capítulo 2 - Esperança

Naquela noite de 23 de agosto Martinsson não havia conseguido dormir, sabendo que esta poderia ser a última noite de sua vida, pensamentos ruins permeavam sua mente e ele simplesmente não conseguia relaxar e dormir, foi a noite mais longa de sua vida. Martinsson não sabia contra quem iria lutar, os oponentes eram escolhidos aleatoriamente e minutos antes de cada combate, da mesma forma que acontece nos campos de batalha. Martinsson já não sabendo mais o que fazer para passar o tempo, resolveu acessar a central de informação disponibilizada pelos organizadores, funcionava como uma internet de alcançe intergaláctico, era possível conhecer a história de todos os mundos conhecidos e espécies catalogadas em nossa dimensão, além de breve introdução ao modo de se pensar dos habitantes da quarta dimensão. Martinsson resolveu ler sobre como o povo de Arryb-Ador havia conseguido alcançar o Aldergest, chegou a conclusão de que eles foram realmente magistrais, entendeu que a noção de coesão daquele povo chegou a um nível perfeito, muito além de que o maior dos sonhadores poderia esperar da Terra. Descobriu que Aldergest não era um trono propriamente dito, dizia se tratar de uma energia cósmica dotada de conhecimento primal. O guerreiro que conquista o direito ao Aldergest adquire todo o conhecimeto contido nele, e escolhe o quanto deste conhecimento irá compartilhar com os de sua raça. O campeão de Arryb-Ador foi Hyto , ele havia resolvido que o melhor era compartilhar todo o conhecimento, e isto foi seu maior erro, pois depois de eras de paz e harmonia plena, um pequeno grupo foi seduzido a negociar o conhecimento com os povos de menor conhecimento, com isto interferindo no desenvolvimento natural de cada povo. Foi assim que eles desestruturaram o equilíbrio da Terra. Trouxeram o terror para o povo da Terra, comprometendo para sempre a possibilidade de uma coesão total de seu povo. Por terem quebrado o acordo de não interferência direta, Arryb-Ador foi extirpado da existência, porém o que desestruturou a Terra também foi o que lhe concedeu o direito de lutar pelo Aldergest, pois a interferência a tornou superior aos outros mundos da terceira dimensão. Então ele leu sobre o campeão de Arryb-Ador, de como havia vencido seu último combate, que lhe garantiu a posse do Alderguest. Ficou muito empolgado em saber que Hyto não era grande coisa quando foi escolhido, e que foi crescendo ao longo de seu caminho. Hyto dizia que o importante era não perder a confiança, não importasse a quão difícil fosse a situação ou o oponente, pois as partículas eram atraídas pela esperança, e a esperança era o poder mais forte do universo. Hyto havia desenvolvido muitas técnicas, entre elas estava o poderoso Bourescana, uma descarga energética que ele desferia contra seus oponentes, além da técnica de assimilar os golpes de seus oponentes, este foi o dom que ele recebeu dos organizadores quando demonstrou clemência por um oponente. Descobriu assim que havia formas de se adquirir dons dos organizadores.

O combate de Martinsson seria no período da tarde, cansado de tanta leitura Martinsson acabou dormindo sem nem mesmo perceber. De alguma forma houve esperança no coração de Martinsson.

Capítulo 3 – Erga-se

Após um demorado banho, Martinsson abriu uma espécie de mala, e era grande. Esta mala continha um traje de batalha completo, com capacete, luvas, botas e tudo mais. Havia algumas armas brancas, tais como lâminas de tamanhos variados e bastões. Mas o que chamou a atenção de Martinsson foi ao abrir sua mala apareceu em sua retina uma mensagem dizendo para ele colocar o capacete. Ao colocar o capacete, Martinsson pode ter uma experiência de comunicação bem mais aprimorada, ele pode ter acesso ao nome de seu oponente além dos dados do mesmo, como número de vitórias, habilidades e sua origem como um todo. Foi aí que Martinsson ficou um pouco atônito, pois sua oponente era uma artista muito famosa, era conhecida por ser uma defensora de causas humanitárias, além de ser muito talentosa, o próprio Martinsson curtia seus trabalhos e isto o fez sentir receoso. Ele sabia que vencer significaria a morte da artista, e isto o transformaria em um monstro diante de toda sociedade. Mas também não poderia perder, pois significaria sua própria morte, chegou ao ponto de cogitar que sua vida não era tão importante e talvés devesse perder a luta, mas o instinto de sobrevivência o dizia para esquecer esta ideia. Chegando o momento da luta, Martinsson já conhecia dois dos sete integrantes que iriam compor o time Terra 8, pois suas lutas foram mais cedo. O primeiro foi um jovem de 16 anos, era bem habilidoso com lâminas, Martinsson se sentiu aliviado por não ter encarado o tal jovem. O segundo havia se especializado em golpes a longa distância, ele havia dominado um golpe baseado em partículas de carbono, ele aprendeu a criar dardos afiados e atirar contra seu oponente, era um efeito interessante de se ver, porém quando acertavam o oponente, fazia um estrago considerável. Se vencesse, Martinsson seria o terceiro integrande da equipe. Quando Martinsson foi apresentado, pouca gente, quase ninguém na verdade deu importância, se sentiu um pouco sem graça. Quando a grande artista foi apresentada, a comoção foi geral, todos a aplaudiram de pé, Martinsson sentiu a hostilidade das pessoas em relação a ele, queriam sua morte incondicionalmente. A artista era uma negra extremamente linda, seus olhos cor de mel atraíam a atenção de qualquer um, dona de um sorriso cativante, ela gentilmente sorriu para Martinsson, isto fez com que Martinsson sentisse seu coração transpassado por uma lança, se sentiu intimidado tal qual uma presa frente ao seu predador, por um momento sentiu-se incapaz de se mover. Baigirum, era o termo que os organizadores diziam sempre que os lutadores iriam ser apresentados um ao outro, o estádio então se calou, estava lotado e os que estavam presentes não haviam pagado nada, foram escolhidos pelos organizadores, houve silêncio e então fomos apresentados, Martinsson se sentiu envergonhado quando o apresentaram e massacrado quando apresentaram a sua famosa oponente. Quando iniciou-se o combate, Martinsson tentou conversar com sua oponente, iria dizer que sentia muito por ter que lutar contra ela, mas antes que pudesse falar, em uma velocidade incrível ela o golpeou com uma joelhada bem no meio da sua face. Martinsson só não caiu desmaiado devido a qualidade de seu capacete. Isto devido ao questionário que ele havia respondido assim que foi selecionado, onde ele havia respondido a seguinte pergunta:

- Em um combate o que lhe é mais importante? Poder de ataque ou de defesa?

Ele havia respondido defesa.

Este pensamento veio como um flash a sua mente naquela hora. A armadura de Martinsson era de uma série em que a defesa era prioridade, então seus ataques deveriam ser bem elaborados para surtir um efeito fatal. Martinsson foi lançado para uns dois metros desde o ponto de onde fora atingido. Sentiu mais dor no orgulho do que em seu corpo. O povo foi a loucura, parecia um gol. A oponente então começou a manipular matéria, era o carbono que ela manipulava. Então ela bradou:

- Rainar!

E uma saraivada de pedras atingiram Martinsson, seu visor avisou que seu escudo havia sido danificado em sessenta e dois por cento. Martinsson, não pensou duas vezes e apertou seu botão de emergência, ele havia aprendido que desta forma ele iria concentrar mais da metade da energia de seu traje no golpe a que pretendesse usar. Martinsson se lançou para cima da oponente em uma velocidade extrema, pegou ela pelo pescoço e a deitou no chão, ainda com um punho no ar, pode observar o olhar desespero da oponente. Todos naquele lugar sabiam que a vitória de Martinsson era certa. Então veio a sua mente as palavras de Hyto quando teve clemência de seu oponente ao conquistar o Aldergest. Disse:

- Erga-se!

Ele estendeu a mão para ela, ela não sabia o que fazer e olhou em direção ao organizadores, estes se levantaram e disseram:

- O vencedor do combate é Martinsson, porém por sua ousadia em querer se equiparar ao grande Hyto deverá enfrentar a criatura sem medo.

Martinsson se sentiu confiante de que poderia vencer quem quer que fosse. Os organizadores disseram que seu destino seria enfrentar um gigante, e que este lhe tiraria a vida, a menos que ele reparasse seu ato de rebeldia. Foi poupada a vida da artista, como dom Martinsson escolheu a capacidade de assimilar o talento dos adversários que derrotasse, herdou da artista o dom de manipular o carbono.