434-DISCOS VOADORES NO MORRO DA MESA

Continuação das aventuras de dois repórteres

narradas em conto # 256-“O Mistério do Morro da Mesa”

cuja leitura se recomenda

Eduardo Mitre e Milton Macedo estão de volta ao Morro da Mesa . A missão agora é secreta. Não querem sofrer o vexame da primeira vez quando tentaram documentar a descida de um disco-voador.

O veículo é uma potente Cherokee, com tração nas quatro rodas, abarrotada de aparelhagem sofisticada.

— Desta vez, mesmo que nos peguem em sua teia fina, estaremos preparados. — Comentou Milton, enquanto observa os arredores. Confere mentalmente a topografia, o Morro da Mesa estranhamente plano no topo, destacando-se entre os demais morros arredondados.

— Melhor a gente manter a viagem em segredo. Não vamos nem visitar a velha Azardina.

A viagem tinha sido planejada pelos dois, que saíram de São Paulo sem avisar ninguém. Dispensaram até mesmo a contratação do guia, pois já conhecem o caminho e as trilhas que levam ao alto do morro.

Chegaram ao sopé do morro ao entardecer.

— Vamos armar o acampamento no mesmo local onde estivemos. Fica mais fácil, pois já conhecemos as trilhas que partem daqui. — Nem bem descera do veículo, Eduardo já foi retirando a lona da camioneta e preparando-se para armar a barraca. — E este gigantesco pau-d´óleo servirá também de esconderijo.

— Conforme combinamos, vamos nos alternar na vigilância do morro. Enquanto um fica lá em cima, outro fica aqui em baixo, recebendo tudo o que for filmado e fotografado lá em cima.

— Se acontecer como antes, de um ser abduzido, o outro já estará de posse das fotografias, que serão transmitidas pelo computador portátil.

— E quem ficar aqui em baixo, poderá subir no alto desta árvore e observar também, com binóculo.

— Estamos na semana da lua nova. Podemos começar a observação nesta noite.

Permanecem três noites nessa espreita. Na terceira noite, de lua nova, o céu totalmente limpo, era uma verdadeira almofada de profundo veludo azul, no qual milhares de diamantes e pedras brilhantes haviam sido afixadas. Eduardo era o encarregado de permanecer no alto do morro, escondido na estreita depressão sombreada, de onde podia vigiar a superfície plana do Morro da Mesa.

Então, luzes tremeluzentes e iridescentes se aproximam.

— É o disco. Já vem chegando. — Informa ao companheiro, num sussurro no pequeno microfone preso próximo à sua boca.

A nave se aproxima. Desce silenciosamente, o círculo de luzes aumentando visivelmente e iluminando a superfície do platô com luzes vermelhas e alaranjadas. A descida é interrompida a uns dez metros do solo. Um alçapão circular se abre na parte central inferior da nave. Um jato de luz tênue é ejetado. A nave permanece imóvel a cerca de dez metros do solo, como que sustentada pela coluna luminosa.

Pela coluna, levitando graciosamente, aparecem os tripulantes da nave. São seres amorfos, tênues, como sombras transparentes. Quando saem da coluna luminosa projetada pela nave, tornam-se quase invisíveis. Apenas uma fraca luminescência indica as suas presenças na escuridão da noite.

— Estão se afastando da nave e dirigem-se para a borda. — Avisa Eduardo. — Aparentemente, não estão se incomodando com minha presença.

O repórter usa suas câmeras com satisfação. Filmando e fotografando, atreve-se a se levantar do esconderijo para obter melhores ângulos. As imagens são transmitidas automaticamente para a “estação” receptora, instalada ao pé do morro, onde Milton trabalha com afinco e segurança a fim de manter os documentos a salvo.

Dentro de alguns minutos, os extraterrestres voltam, trazendo animais, galhos de árvores e arbustos e flores. Os bichos estão sedados, e são carregados com facilidades pelos seres etéreos. Milton filma tudo. Um grupo de três ETs chegou carregando uma vaca, com facilidade.

— Pô, os caras devem ter uma força tremenda. — comenta Eduardo.

— Eles estão usando a energia antigravitacional. — explica Milton, cá de baixo. — Nada tem peso para eles.

Chega um grupo mais atrasado.

— Epa! Estão trazendo a velha Azardina! E uma porção de objetos da sua palhoça.

A velha parece estar desmaiada, como, aliás, todos os animais trazidos pelos ETs.

Milton olha para o relógio. Já decorreram quarenta e sete minutos desde que o disco desceu no Morro da Mesa. Aguarda. O enorme disco permanece imóvel, as luzes piscando, o silêncio envolvendo tudo.

Eduardo aguarda a partida do veículo para qualquer momento.

— Eles já pegaram tudo o que desejavam. Só não se incomodaram comigo.

— Na certa, já têm suas informações no “arquivos” deles. Você já é conhecido,não têm mais nenhum interesse em você. — explica Milton. — Também me ignoraram solenemente.

De repente, aparece um grupo de seres na coluna de luz que emana do ventre da nave. Eduardo olha o relógio. Dezoito minutos haviam decorrido desde a subida do último grupo.

Trazem de volta a bruxa com seus apetrechos e descem na direção oposta, que é onde fica a tapera da velha.

Mais alguns minutos, voltam, entram na nave. O alçapão é fechado, e a nave se eleva, no átimo, pelo céu sem lua. Logo, confunde-se com as estrelas e desaparece em seguida.

— Vamos ver a velha. Os ETs a levaram de volta para o casebre. — Eduardo informa. — Quem sabe esteja precisando de ajuda.

— Amanhã de manhã. Chega de peripécias por hoje. — Responde Milton, preparando-se para deitar.

Na manhã seguinte, levantam-se bem cedo. Vão visitar a velha bruxa. Nos arredores da tapera, tudo é silêncio, calma. Entram sem bater, temerosos de depararem com a velha doente ou... morta.

Nos fundos da cafua, encontram-na. Deitada sobre uma esteira, no chão. Milton se abaixa e ouve o coração, pega nos pulsos e sente o fraco latejar.

Ao ser tocada, ela abre os olhos. Está como que saindo de um transe. Murmura palavras e sons ininteligíveis. Começa a se agitar.

— Calma, vovó, calma. — Milton tenta apaziguá-la. — Quer um pouco d’água?

Eduardo se aproxima, com uma cuia de água.

— Vamos, tome.

A velha toma a água e se reanima. Senta-se, com ajuda do fotógrafo. E, balançando a cabeça de um lado para o outro, se põe a falar, agora com mais vagar e dizendo palavras compreensíveis. Em frases entrecortadas relata o que se lembra do acontecido na madrugada de terror:

— Homens da roda-da-lua visitaram o Morro esta noite. Levaram preta véia até a roda-da-lua. Muitos bichos, muitas ervas também levaram. Mas poder de preta véia é maior, eles trouxeram de volta.

Nesta segunda aventura, Milton e Eduardo registraram tudo, com imagens de altíssima resolução.

— Desta vez, acertamos em cheio! — A satisfação de Milton é impossível de ser escondida.

— Temos a história e as fotos. Nossa reportagem vai estourar na mídia!

O material foi editado em um documentário de cem minutos: “A Verdade Final Sobre os Discos Voadores” que se tornou o filme mais famoso sobre o assunto, apresentado em “Fantasias sobre os Discos Voadores”, a mais famosa série de Ficção Científica jamais exibida pela televisão.

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 27/09/2014
Reeditado em 27/09/2014
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