O Depoimento sobre Myrius 7 - Parte 2

O juiz Andreas Pokolinaikus ficou surpreso com o relato feito pelo androide AAH35, pediu uma pausa e então solicitou, uma vez mais, a validação dos bancos de memória do androide.

Após um breve recesso do depoimento os bancos de memoria foram verificados e considerados como em ótimo estado. O Juiz então pediu que o AAH35 continuasse com o depoimento. Antes de o androide AAH35 recomeçasse o relato o juiz recebeu, pela teletela, uma mensagem do representante do conselho de segurança da Eurásia, solicitando maior detalhamento dos fatos ao que o juiz respondeu que o relato estava limitado ao registro dos bancos de memória do androide mas que ele iria solicitar maior detalhamento do relato.

AAH35 recomeçou o relato apos parecer refletir e tentar trabalhar melhor as informações. Baixou a cabeça como se olhasse para o chão da grande sala por um longo tempo e depois recomeçou o relato.

A missão de 3 pessoas era composta pelo primeiro oficial Erik Saauber, O engenheiro Hassan Zair e um dos dois técnicos, Allan Chamon. O comandante Jonas me pediu que fizesse uma análise das condições climáticas da atmosfera de Miryus 7 pois todos acreditavam que uma tempestade mais forte pudesse ter destruído parcialmente a colonia, afetando as comunicações e os serviços de suporte de vida, comprometendo assim a segurança dos colonos e causando o silencio nas comunicações com a nossa nave.

O software de análise climática fez a leitura dos sensores da atmosfera de Myrius 7 e não constatou tempestades que pudesse tem causado danos à colonia. Foi então que o comandante Jonas ordenou o inicio imediato da missão de resgate.

O primeiro oficial Erik, seguido por Hassan e o técnico Allan se dirigiram ao módulo de transporte com mais dois androides. Após alguns minutos decolaram de nossa nave em direção à Miryus 7, no continente situado no hemisfério norte do planeta. Erik mantinha contato permanente com nossa nave, a pedido de Jonas, e relatou que haviam nuves de gases e ventos fortíssimos na entrada da atmosfera de Miryus 7. Tentaram novamente contato com a colonia mas não tiveram resposta. Após 5 minutos chegaram ao espaço porto da colonia e constaram que todas as 6 espaço naves estavam posicionadas em seus angares e que os 12 módulos de transporte auxiliares também estavam intactos. Sobrevoaram então a colonia e identificaram a grande névoa que cobria todos os 7 edifícios da colonia. Por fim manobravam de volta ao espaço porto e pousaram. Nenhum contato com a torre de controle da colonia embora todas as luzes estivessem acesas o que indicava que havia energia na colonia.

Ainda no módulo Erik transmitiu a leitura dos sistemas da colonia que estavam, surpreendentemente, em perfeito estado inclusive os sistemas de suporte de vida. Desceram do módulo de transporte e constaram que todo o local estava vazio, totalmente abandonado mas sem sinal de danos ou qualquer indício de anormalidades. Usaram o veiculo elétrico para irem do espaço porto até a colonia que ficava a um quilometro e meio de distancia.

Chegaram rapidamente à colonia e foram direto ao predio 1 onde ficava a administração central da colonia. Tiveram o acesso sem maiores problemas e verificaram aterrorizados que não havia nenhum sinal dos colonos. Ali deveria haver pelo menos 15 pessoas mas não havia nenhum sinal delas. Erik descartou a hipotese de falha nos sistemas da colonia ou falta de energia e pensou que os conhecimentos do engenheiro Hassan e do técnico Chamon nao ajudariam muito. Ainda assim solicitou uma leitura técnica e teste dos sistemas ao técnico que foi ao subsolo validar os sistemas. Jonas em seguida pediu ao engenheiro Hassan que fosse com ele à sala de controle para validar os outros equipamentos. Notaram entao pela primeira vez que haviam trajes e uniformes dos colonos em toda a parte mas nenhum sinal dos corpos dos colonos ou de restos mortais. Hassan percebeu um fato curioso de um traje proximo a sala de detenção como se o colono tivesse tentado se dirigir a sala de detenção onde esperava se trancar para se proteger de algo.

Erik entao teve a ideia de consultar o historico das ultimas horas da colonia e viu que o video nao mostrava nenhuma anormalidade, todas as 15 pessoas ali em suas funções nos 5 andares do edificio 1. Tudo era transmitido em tempo real aos sistemas de nossa nave e pudemos observar que as pessoas pareciam apreenssivas e preocupadas com algo mas nao pudemos identificar porque. O que foi mais estranho contudo foi que os ultimos 15 minutos nao foram registados no historico ou foram de alguma forma apagados.

O comandante Jonas pediu que Erik fizesse uma consulta no sistema de condições atmosfericas da colonia a respeito dos ultimos 2 dias e Erik fez a consulta para entao descobrir que houve um dano estrutural no edificio 3 que causou vazamento de gazes e oxigenio para fora do edificio mas que foi providenciado o reparo dos alojamentos danificados. A tempestade trouxe ventos furiosos como um ciclone o que causou o rolamento de rochas que atingiram a parede externa do predio causando um rompimento na estrutura que abriu uma fenda por onde houve escapamento de gazes e oxigenio. Imediatamente os sistemas de segurança foram acionados e aquele setor atingigo foi selado e foram acionados os recursos para suporte de vida mas inexplicavelmente as 3 pessoas que estavam ali desapareceram completamente restando apenas seus trajes nas salas do setor danificado. Quando os robots de reparos chegaram para fazer os consertos não encontraram ninguem. Foram feitas buscas mas nenhum sinal dos 3 colonos, uma geologa, um engenheiro e um tecnico de comunicações.

De repente um pedido de ajuda do tecnico Alan que pedia por socorro que gritando em desespero dizia frases desconexas dizem coisas como "ela está em todo o lugar, nao temos como sair daqui vivos" para em seguida perder o contato com Erik que rastreou a posição de Alan na sala 17 do subsolo. Jonas chamou Hassan para ir junto ajudar Allan. Desceram os andares do predio nos elevadores e foram correndo direto ao subsolo. Encontraram tudo funcionando normalmente e foram pelo corredor principal até chegarem à sala 17. Notaram uma fumaça e uma neblina em todo o lugar. Nenhum sinal do técnico Allan apenas o seu traje especial que estava num canto da sala.

Olharam em volta e não encontraram o corpo de Allan. Então procuraram nas outras salas e então Erik chamou Hassan para analisar uma pequena fenda na parede de uma das salas quando percebeu horrorizado que o engenheiro estava sendo consumido por uma neblina que tomava conta do lugar, cercando Hassan e envolvendo-o totalmente. Paralisado no meio da neblina, Hassan parecia ser dissolvido lentamente, como uma pedra de gelo ao sol do meio dia, dentro de seu traje. Erik transmitiu ao vivo pela camera do seu capacete a visao aterradora de seu amigo de muitas viagens, Hassan que era agora apenasa uma massa pastosa dentro do traje, se dissolvendo agora rapidamente até desaparecer completamente dentro do traje. Compreendendo o perigo que representava a estranha névoa, Erik saiu da sala e lacrou a porta desesperadamente tentando isolar a nuvem de gases na sala maspercebeu que a neblina se espalhava pelos sistemas de ventilacao do edificio.

Erik correu o mais que pode. Sendo seguido pela névoa que se movia lentamente mas sempre implacável em direção de Erik. Tudo nos foi transmitido em tempo real pelas cameras de video do capacete de Erik. Está tudo registrado em minhas memórias.

O juiz Andreas acompanhava assombrado na teletela o video da fuga desesperada de Erik, executado diretamente do banco de memoria do androide AAH35 que prosseguiu o relato.

Erik alcançou a sala que dava acesso ao corredor de saída do edificio 1. Conseguiu abrir a porta e saiu correndo, caiu se levantou e percebeu que a névoa aque cobria a colonia tinha a mesma natureza mortal da neblina que agora tomara todo o prédio do edificio 1. Ele correu e entrou no veículo eletrico numa fuga desesperada. Ligou o veículo e o dirigiu de volta ao espaço porto sendo seguido pela névoa durante todo o trajeto.

Jonas acionou todos os recursos disponiveis para análise da composição da névoa mas não conseguiu resultados. Para todos os efeitos não havia nenhuma análise conclusiva sobre a natureza da névoa. A Dra. Vasquez ajudava no que podia mas não era sua especialidade. Miller, Bob e Rene estavam em silencio, acompanhando tudo aterrorizados.

A certa distancia do espaço porto, a névoa pareceu engolir o veículo eletrico em que Erik estava e nos perdemos o contato com Erik. Nos sensores de nossa nave não havia sinal do veículo de Erik que simplesmente desapareceu na superfície de Myrius 7.

O comandante Jonas acionou o módulo de transporte remotamente ao que os dois robots que estavam no angar embarcaram no módulo que decolou rapidamente e em poucos segundos alcançou altitude. Formou-se entao uma grande tempestade que tornava dificil o voo do modulo. Os robots assumiram o comando do modulo de transporte e tentaram manobras para prosseguir mas a tempestade trouxe nuvens imensas e com elas raios que atingiram o módulo danificando a fuselagem do módulo de transporte e despressurizando a cabine. Isto nao impediu os robots de pilotarem o módulo de transporte de volta à nossa nave mas selou o destino da tripulação de nossa nave.

Quando o módulo de transporte chegou à nossa nave verificamos que os robots estavam desligados. Nenhum dano aparente mas simplesmente foram desligados de forma que nao puderam ser religados. Jonas achou estranho a Bob que fizesse uma validação de tudo no modulo. Foi quando Bob achou diversas fissuras certamente por conta dos raios que atingiram em cheio o módulo. Das fendas nas fissuras pudemos ver com horror a formação de gases e uma neblina pequena inicialmentge mas que foi ganhando tamanho e forma assustadoras.

Jonas compreendeu que estamos diante de uma forma de vida diferente de tudo o que já tinha sido encontrado pelo homem. A dra. Vaquez já havia insinuado algo parecido mas nada igual ao que se formava em nossa frente.

Jonas gritou para todos abandonarem o angar de nossa nave e irem para a sala de controle mas para Bob nao havia mais chance de fuga. Paralisado, engolido pela névoa, lentamente Bob se dissolvia como água diante de todos ali presentes, até restar apenas seu traje espacial no chao do andar.

Jonas pegou a Dra. Vazquez pela mao e correu para a porta do elevador sendo seguido por mim, Rene e Miller em uma fuga desesperada. Na fuga esqueceram que a forma de vida gasosa se movia pelos dutos de ar. nao haveria lugar algum na nave que estivessem a salvo. Seria apenas questao de tempo para serem encontrados e consumidos pela forma de vida gasosa que agora se espalhava por toda a nave atraves dos dutos de ar.

Apos alguns minutos chegamos à sala de controle ao que eu informei o comandante Jonas do perido dos dutos de ar ao que ele desativou os sistemas de alimentacao dos dutos e ordenou que todos vestissem seus trajes especiais. Jonas pediu informações a Dra. Vazaquez que entao informou que acreditava na névoa como uma forma de vida gasosa e predadora e com certeza tinha inteligencia. Miller entao acrscentou que a tempestade, as rochas sendo lançadas nos edificios e no modulo de transporte eram apenas uma foram de abrir um caminho nas fendas para que a névoa pudesse entrar na colonia.

Uma vez lá dentro, todos os colonos foram consumidos em questao de poucas horas. Jonas concordou e concluiu que era uma forma de vida baseada em uma composicao de gases e que era extremamente inteligente e agressiva.

Rene entao lembrou a todos que era questao de tempo para que a névoa encontrasse um caminho até a sala de controle atraves dos tubos ou de um acesso de serviço. Jonas estava preocupado e gravou uma mensagem para a terra alertando sobre o que haviamos encontrado na nova colonia Myrius 7 e dos perigos da nova forma de vida.

A Dra. Vasques concluiu que a nevoa se alimentava de seres vivos, na verdade os dissolvia em gases que podiam ser misturados à sua composicao quimica e consumidos. Miller acrescentou que a névoa também devia ter algum tipo de controle sobre maquinas e equipamentos visto que os robots, as perfuradoras e outros equipamentos da colonia haviam sido desativados pela névoa que provavelmente devia habitar as cavernas e subterraneos do planeta.

Rene lembrou sobre a cidade abandonada que a colonia havia encontrado e sobre as transcrições nas cavernas. Provavelmente os antigos habitantes de Miryus 7 foram sem duvida os primeiros a realizar escavações e devem ter encontrado a forma de vida gasosa que deve ter sido uma ameaça real para os antigos que de alguma forma conseguiram conter a névoa nos subterraneos e cavernas seladas do planeta.

Até que os colonos chegaram e abriram as cavernas e então a forma de vida teve acesso mais uma vez à superfície do planeta e começou a se alimentar das formas de vida que encontrava. A Dra. Vasquez lembrou que a principio a névoa deve ter pensado que os robots e as perfuradoras eram seres vivos mas que depois concluiu que não e foi realmente atras dos colonos.

Jonas enviou uma segunda mensagem pela teletela resumindo as conclusoes da equipe em um relatorio diretamente para o conselho de segurança da Eurasia. Apos concluir a mensagem calculou que poderiam escapar na nave auxiliar que podia levar até 8 tripulantes em segurança de volta à terra. O problema era ter certeza de que a nave auxiliar estava livre da forma de vida gasosa que agora ameaçava a todos a bordo. Miller consultou os sistemas de suporte de vida da nave auxiliar e nao identificou nenhuma anormalidade.

Rene lembrou que o trajeto até a sala de acesso a nave auxiliar passava por varios andares da nave e que havia possibilidade de encontrarmos a névoa. Miller consultou novamente os sistemas de suporte de vida e identificou anormalidades na composição do ar em 4 dos 7 modulos que faziam parte da nave. Jonas lamentou nervosamente que a névoa se espalhava bem mais depressa do que todos ali haviam imaginado.

Todos decidiram que era melhor arriscar do que ficar esperando a névoa os encontrarem na sala de controle. Calculei que mais cedo ou mais tarde isso realmente aconteceria e que talvez nem mesmo os trajes espaciais poderiam salvar a tripulação da forma de vida gasosa que agora os caçava dentro da nave.

De repente uma mensagem na teletela chegou rapidamente. Era Erik que transmitia de algum lugar de Myrius 7 e que pedia ajuda para retornar à nave. Erik também dizia ter encontrado informações em Myrius 7 que explicavam sobre a névoa e talvez como combate-la. Imediatamente Jonas se voltou pra mim e ordenou que eu fosse a Myrius 7 com um módulo de transporte para resgatar Erik e trazer as informações vitais para a sobrevivencia da tripulação.

Miller verificou nos sistemas de suporte de vida que o caminho até o angar de nossa nave estava livre ao que o comandante Jonas me passou as coordenadas da localização de Erik e eu segui as ordens do comandante Jonas e fui até o angar, embarquei no módulo de transporte 2 em parti para Myrius 7 na tentativa de localizar Erik e descobrir a origem e como destruir a forma de vida gasosa mortal que agora tomava conta de nossa nave.

CONTINUA...

Cronista das Trevas
Enviado por Cronista das Trevas em 21/02/2015
Reeditado em 22/02/2015
Código do texto: T5145554
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