760-O EXILADO DE KAPLAN-8o.Cap.-Outras Terras, outros povos

Relação dos contos desta série –

1º. Cap. – # 747 – Viajantes doUniverso

2º. Cap. – # 889 – As Pirâmides de Zagan

3º. Cap. - # 890. –A civilização de Al-tlan

4º. Cap. - # 751 – Zênia e o Infiniedro

5º. Cap. - # 891 – Desistindo do Amor

6º. Cap. - # 753 – Vórtice Trans-espacial

7º. Cap. - # 892 – A Civilização de Sah-har

8º. Cap. - # 760 – Outras Terras, outros Povos

9º. Cap. - # 894 – A Grande Catástrofe.

O EXILADO DE KAPLAN –

8ª. PARTE - Outras Terras, Outros Povos -

Permaneci em Atlan por algumas dezenas de anos do tempo conforme era registrado. Ajudei no que pude, principalmente no aperfeiçoamento de navios e de mapas para a navegação. Os atlantes se tornaram amantes de viagens e de expedições para o comércio e para levar seu conhecimento a outros povos.

Vi o reinado de dois imperadores de Atlã. Fui bem tratado, mas nunca consegui me integrar como eles, como, aliás, não me fixei nos costumes de nenhum povo da Terra. Com os Atlans, que eram exímios navegadores e percorriam de norte a sul, com seus barcos todo o grande mar onde se situavam as ilhas.

Eu poderia viajar sozinho, deslocando-me com o auxilio do Multiedro, mas preferia viajar com eles, afim de estudar , com a convivência, seus costumes. Nessas viagens, que eram arriscadas para os Atlãs, eu proporcionava informações sobre as condições do tempo, obtidas através do Multiedro, desviando as arcas de regiões tempestuosas.

Atingimos terras longínquas, habitadas por povos de culturas atrasadas. Alguns viviam à beira de um grande lago, outros em escarpadas montanhas. Nossas visitas eram pacíficas, pois não havia por parte do Atlans, ambições de conquistas e predomínio. Mas entre as tribos e povos que visitávamos, grande era a sede de poder, e haviam guerras constantes. Eram povos que adoravam o Sol e faziam sacrifícios de seus semelhantes, uma barbárie.

Procurei passar algum conhecimento, como a construção de habitações de pedra e pirâmides e noções de calendários; mas fracassei quando tentei fazer com que abandonassem os rituais de sangue.

Voltando a Atlan, acompanhei mais uma vez os navegadored em suas viagens em um mar interno entre as terras do reino de Zagan e uma região pouco habitada.

Chegamos até uma civilização cultíssima, conhecida por Helenia. Estabeleci contato com viajantes que se dirigiam para o extremo da terra contínua mais para o leste, sempre para o leste. Segui com eles.

Passei por uma região onde tribos de pastores nômades tentavam ocupar uma estreita faixa de terra conhecida como Cana-ã. Outros impérios menores por ali se destacavam pela rudeza dos habitantes, e por conceitos religiosos diferentes, e consequentemente, uma certa intolerância entre os habitantes, que adoravam diversos deuses, mas que teimavam em demonstrar, cada tribo, que o deus de suas tribos era o verdadeiro e único a ser adorado..

Atravessei desertos e cheguei a uma cordilheira de altíssimas montanhas, habitadas por pessoas muito simples que viviam sob a orientação de sacerdotes, ou seja, ministros religiosos. Usavam uma bizarra roupa de cor alaranjada e quando se reuniam, faziam um conjunto muito alegre. Desci a cordilheira e deparei-me com uma civilização adiantada. Os habitantes, miúdos, de pele amarela e olhos rasgados, eram muito cordiais e trabalhadores, As técnica de agricultura eram ali, no império dos homens amarelos, adiantadíssimas e produziam tudo com abundância.

Nessas andanças e mudanças, vivenciei séculos de vida terrestres. Vi ou tive notícias de impérios que cresceram e desapareceram. Vivenciei muitas guerras entre povos, tribos ou cidades rivais. Mas encontrei muitos homens sábios, pessoas que viviam isoladas em montanhas ou desertos, e até em cidades e vilas. Gostava imenso de conversar com os sábios Helênicos, com os filósofos de pele amarela ou com os sacerdotes de vestes cor de laranja.

Não tinha dificuldade de viajar nem de comunicar-me nos idiomas mais estranhos ou complicados, graças ao meu pequeno aparelho Multiedro. Usava o tele-transporte para deslocar-me e os pinos eletrônicos para aprender rapidamente novos idiomas. Entretanto, nunca me afeiçoei a alguma civilização, nem usava trajes dos locais onde visitava ou me detinha por alguns decênios. Minha roupa original era praticamente indestrutível e se transformava rapidamente, por ser biológica, adaptando-se ao clima e às minhas necessidades. Nunca precisei recorrer a outras vestimentas.

Era acolhido, onde aparecesse, com boa vontade. Todos tinham muita curiosidade em saber da vida de outros povos, de aprender alguma coisa nova, e jamais tive naqueles tempos qualquer dificuldade com relacionamentos.

Isto tudo foi antes da grande catástrofe. Pois eu sabia que tudo mudaria.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 19 de março de 2015.

Conto # 760, da SÉRIE 1.OOO HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 17/04/2015
Reeditado em 20/04/2015
Código do texto: T5210916
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