2038

1 de Maio
 
   Passei dias estudando toda a instalação, consegui roubar duas plantas em uma sala de reuniões e estava quase familiarizado com cada hangar, andar e corredor.
-O que vamos fazer? – perguntou Geórgia.
-Precisamos avisar a todos que outra explosão vai acontecer. Pretendem abandonar o planeta levando apenas alguma parte de nós, então temos o direito que todos saibam.
-Tem visto Franklin?
-Não. Pensei que ele estivesse bravo conosco.
-Ou algo errado aconteceu.
   Há um hangar subterrâneo que escondia o grande plano dos cientistas e engenheiros que ali estavam, encontrei duas enormes naves espaciais. Uma terceira semi construída estava em segundo plano.
   Procurei por Franklin por mais de três dias e não o encontrava em lugar algum, agendei uma visita a sala do General Taylor que parecia surpreso com minha disposição.
-Sabe, uma das coisas que ainda não entendi foi como você e sua amiga sobreviveram tanto tempo sem sofrer qualquer mutação.
-Mutação?
-O que acha que acontecem com todos? A explosão do sol alterou nossa raça geneticamente, muitos morreram instantaneamente enquanto outros aos poucos se tornaram monstros.
-Eu não sofri com a explosão, estava em uma mina.
-Não exatamente, apenas essa instalação não sofreu nenhum dano, construímos com metais extremamente resistentes. A explosão atingiu até mesmo um quilômetro abaixo do solo, você estava a que profundidade, uns cinquenta metros?
-Creio que sim. Mas como não fui afetado?
-É o que tentamos entender, sua amiga Geórgia também não apresenta alterações em seus genes, mas a explosão deve ter alterado algumas características em seu corpo, afinal ninguém recuperaria os movimentos da perna tão facilmente como ela conseguiu.
-Então o senhor está dizendo que somos os únicos humanos que sobreviveram expostos na terra?
-Sim.
-O que aconteceu com Franklin?
-Eu o matei.
 
Geórgia
 
   Encontrei este diário digital de Christopher no dia em que embarcamos na nave Elipsen II para fora da terra, infelizmente muitas coisas deram errado e vou tentar contar como tudo aconteceu.
  
   Provavelmente algumas horas depois de escrever que Taylor havia matado Franklin, Christopher me procurou em meu quarto com um plano totalmente insano e sem muitas chances de sucesso.
-Precisamos ir embora, Taylor matou Franklin e vai matar cada um que se opor a ele.
-O que? Por que ele o mataria? – perguntei assustada.
-Não sei, mas ele me explicou sobre o que aconteceu depois da explosão.
   Invadimos a Elipsen II na manhã seguinte, Chris havia prometido trazer o máximo de pessoas que encontrasse, mas chegou sozinho.
-O que você está fazendo aqui sozinho? – perguntei.
-Não há tempo, estão atrás de nós. – respondeu agitado.
   Levantei minha arma em sua direção e insisti.
-O que você está me escondendo? Por que estamos sozinhos aqui? O plano não era esse! Não quero vagar no universo. Sozinha para sempre.
-Você está sozinha? – ele deu dois passos em minha direção e antes de tocar na arma, atirei.
   O tiro fez com que o alarme soasse e muitos soldados começassem a entrar no hangar, Chris estava deitado perto de meus pés enquanto seu peito sangrava violentamente.
-O que você fez? – ele falava com dificuldade.
-Eu fiz o que o resto de nós precisava.
-Eu só queria que tivéssemos uma chance.
-Você realmente acha que me engana? Encontrei-me com o General Taylor ontem a noite, ele estava nervoso e me contou que você havia confessado matar Franklin, também me mostrou o vídeo de segurança onde você o sufocou até a morte em seu quarto. Por que fez isso Chris? Pensei que fossemos amigos, via vocês dois como esperança para algo melhor.
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 23/04/2016
Código do texto: T5613831
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