XVII
O VENTO E O PENSAMENTO
Era mais ou menos, 23:00 horas, quando olhando para as estrelas, refleti:-
- “Gostaria de ser luz como elas”.
- Já sois! – exclamou o menino luzente, em resposta a minha reflexão muda – Apenas esquecestes disso.
O danadinho lera novamente meus pensamentos.
Já intrigada com a facilidade que ele tinha pra fazer isso, indaguei:
- Asha Conne... Não entendo como faz pra saber o que penso a cada instante... Afinal, você poderia revelar-me esse segredo?
Um sorriso maroto alargou o seu rostinho.
- Eu não faço nada, ué?
- Hein!? - devolvi divertida, deixando instintivamente a mente vazia - Pois você quer saber de uma coisa? Quer?
- Quero.
- Não entendi o seu nada!
O pequeno radiante ergueu a cabeça e comprimiu um dedo no outro... Um estalido tangeu no ar, e com ele bateu um leve vento.
- Feches os olhos – solicitou ele, com doçura.
Fechei... - E o vento perpassou o meu corpo, tocando-o como a um toque de plumas.
Minutos depois:
- Abras os olhos
Abri
E ele disse:
- Assim como o vento, os pensamentos emitidos também sopram, batem, fazendo-se claros a quem tiver a percepção de decifrá-los... Eles não pedem pra entrar, apenas entram.
- Quer dizer que não é você quem penetra os meus pensamentos... Mas, são os meus pensamentos que penetram você?
- Sim, não é simples? – rebateu ele, com ar deliciosamente maroto.
Num instante, o meu rosto passou de aberto pra fechado; e não parou por aí... Logo voltou a ficar aberto.
Ato contínuo, acabei de vestir a roupa; e, num clima festivo, rodopiando e cantando, saímos dali.