A Sobrevivente - Convivendo

Como eu pude chorar descontroladamente na frente de um desconhecido? Acho que guardei para mim todas as emoções desse ultimo ano e quando estava novamente conversando amenidades com outro ser humano eu desabei emocionalmente. Convenhamos que o desconhecido, (como não nos apresentamos ainda?) teve presença de espírito suficiente para trazer a mamadeira e me fazer amamentar o filhotinho de capivara, achei que nunca mais seguraria um bebe novamente, bem, mesmo que não fosse um bebe humano, ainda era um bebe.

Quando consegui me controlar o suficiente o bichinho já havia mamado toda a mamadeira. Me levantei e fui procurar o cara, que, ponto pra ele, me deixou chorar sozinha. Achei-o na cozinha, preparando uma mesa de café, que parecia mais um banquete, tinha tantos tipos de biscoitos, geleias, bolos, e até pães; tinha também refrigerante, sucos, café e leite.

- Me desculpe pelo descontrole agora a pouco. - Eu disse timidamente.

Ele parou de arrumar as xícaras e me olhou divertido.

- Quê isso, eu choro como uma criancinha todas as noites.

- É muito bom saber... Quantas pessoas vem para o café?

- Quantas acharem o caminho...

Olhei para ele e estendi a mão

- Meu nome é Lívia, e o seu?

- José Augusto.

Pegou minha mão meio desajeitado, pude sentir que eram quentes e ásperas.

- Vamos comer?

- Claro, desde que deixei a pousada pra procurar outras pessoas que não como direito, parece tudo uma delícia.

Sentamos na mesa e começamos a nos servir.

- Você mora em uma pousada agora?

- Moro, é uma pousada autossustentável. Tem energia graças as placas de aquecimento solar e água encanada, tem pomar e horta, tenho tudo o que preciso lá.

- Mas... você pretende voltar pra lá? Tipo, agora que nos encontramos... não devíamos ficar juntos?

- Como assim, ficar juntos?

Eu entendia e não entendia o que ele queria dizer ao mesmo tempo.

Continua...

Indico a leitura da interação do meu amigo Aristóteles da Silva, vamos juntar os textos no final dá série:

http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/5669423

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 20/06/2016
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