NA JORNADA PARA MARTE

Época Atual.

Com a tecnologia capturada aos Alfas Cinzentos, à equipe do Dr. Valerión começou a colonização da Lua.

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Muitas coisas foram adaptadas pela equipe do Dr. Valerión a partir da ciência alienígena, para servir de ferramentas à nascente força espacial que estava sendo criada pelos homens livres da Terra: F.A.E.C.S; Forças Aero Espaciais do Cone Sul.

Apenas Leonardo de Vinci inventou mais coisas do que o Dr. Valerión, mas Leonardo era o homem da Renascença.

Valerión era o Homem do Apocalipse.

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Época Atual – Na Jornada para Marte

A seis dias da partida; no período que na Antártica seria noite; de plantão na ponte; Boris e Regina com as luzes reduzidas para ver melhor as estrelas; ouviam música clássica em volume baixo para não acordar os camaradas e conversavam sobre o que aconteceria com suas vidas daí em diante.

–Teremos que viver talvez para sempre lá – disse ela, pensando em que nada mais a segurava à Terra após a morte dos seus pais.

Regina, 24 anos, italiana de Veneza, corpo de modelo, usava o cabelo loiro cortado à la garçom. Seu inteligente olhar azul era penetrante. Estava vestida como Boris, com roupa interior de estar: camiseta branca de algodão; calção branco; meias soquetes brancas e sapatilhas leves de lona e borracha sintética.

–Talvez – disse ele, brasileiro, 25 anos, atlético, cabelo preto e olhos azuis.

Era da quarta geração dos chamados russos brancos emigrados ao Brasil no começo do século anterior. Se bem sua companheira Regina era a primeira vez que saía ao espaço, Boris já o tinha feito outras vezes.

–E teremos nossos filhos lá.

–Sim. Serão marcianos, Regina. Como no livro de Bradbury.

–Não me importará ter filhos em Marte, longe do Grande Irmão.

–Agora terão um futuro, coisa que na Terra é impossível, marcados como meu pai marcava seus bois, lá no Rio Grande.

–No livro de Bradbury os terrestres mataram os marcianos com um vírus, Boris. E se a recíproca for verdadeira?

–É um risco que teremos que correr. Claro que tomaremos precauções...

–Como é Marte? – ela mudou de assunto para esquecer sua recente perda.

–Como assim?

–Sabes que minha área é outra. O que sabemos sobre Marte?

–Bom... É menor do que a Terra... Seu diâmetro é de 6.900 kms.

–E seu ano?

–Mais ou menos 687 dias dos nossos.

–Quase o dobro do nosso, terei doze anos lá. Ótimo! E seu dia?

–24 horas, 37 minutos e 23 segundos.

–Quase como a Terra... Haverá vida lá?

–Pois é, querida. Não sabemos se há vida natural. Se a houvesse, seria bom para nós, porque isso indica que nós também poderíamos sobreviver lá. Mas por outra parte se esta vida fosse hostil, teríamos que tomar o planeta à força, lutar.

–Isso me assusta um pouco, Boris.

–Querida; você é uma mulher de ciência...

–Parece mentira que eu, uma psicóloga, não saiba explicar o quê me assusta, acho que deve ser a incerteza do desconhecido.

–Minhas apreensões são de outra ordem, se já encontramos alienígenas na Lua, nada impede de encontrá-los em Marte, Regina...

–Sim. Também tinha pensado nisso...

–E desta vez pode ser que resolvam nos enfrentar.

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30 de março de 2013. Dez dias de navegação

–Satisfaz-me ver como estão se adaptando todos à nave. Na verdade é muito confortável – dizia Aldo ao seu irmão Elvis, na tela do comunicador.

–Aqui estamos prontos. Eric já está bom e temos 80 tripulantes treinados.

–Excelente. Teremos mais nove naves tripuladas em breve.

–Algum recado?

–Não. Vamos desligar para recarregar os acumuladores.

–Certo. Quando nos comunicaremos de novo?

–Em dez dias, se não houver novidades. Deixaremos aberto o canal.

As comunicações eram cada vez mais espaçadas. Logo seria impossível usar a tela, e já que as ondas de rádio vão à velocidade da luz; em Marte o intervalo seria de seis minutos e aumentando.

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A longa mão do Anticristo.

Uma “noite”, Inge estava de plantão, quando o radar detectou uns pontos à frente, aproximando-se e disparou o alarme, com o que todos se dirigiram à ponte.

–Aldo, veja! Meteoros a 330 graus marco 15! Na proa de bombordo!

–Não pode ser, isso só acontece em filmes de classe B ou C.

–Diga isso ao radar. Estão em rota de colisão. Nos desviamos?

–Se forem meteoros; não vale a pena alterar o rumo por tão pouco. É uma boa ocasião para testar o escudo de força. Alerta vermelho! Todos aos seus postos!

–Não são meteoros...! – exclamou Inge, indicando a tela do telescópio – São cinco mísseis navegando por inércia!

–Não pode ser – disse Aldo.

–Pode sim – confirmou Lúcio – e são do inimigo.

–Como é possível? – perguntou Marcos – Ninguém pode nos alcançar nesta velocidade. De onde estão vindo?

–A única explicação – disse Lúcio, dedilhando no terminal – é que os lançassem antes da nossa partida.

–São grandes – disse Inge – parecem ter muitas ogivas.

–Desta vez foram longe demais – disse Aldo – infiltraram um espião que conhecia nossa rota. É a única explicação possível.

–São do tipo de quatro ogivas – disse Lúcio – Resistirá nosso escudo?

–Deve resistir – disse Aldo – senão reclamaremos ao Dr. Valerión.

–Gracinha! – disse Regina, pálida como um papel.

–Lúcio, solte um míssil e dirija-o você mesmo, eu vou acelerar.

Assim que o torpedo saiu pelo lançador, Aldo acelerou sem perder o rumo. O torpedo alcançou o primeiro dos mísseis inimigos, explodindo num clarão atômico que desintegrou toda matéria existente num raio de dez quilômetros.

–Bingo! – exclamou Lúcio – e vamos mais rápido do que a onda de choque. Segundos depois, apesar de ter deixado atrás a grande explosão, um míssil inimigo retardatário, ainda representava perigo à frente.

–São espertos demais os malditos...! – exclamou Aldo – Pensaram em tudo. E não há tempo de lançar outro torpedo.

–O escudo deverá resistir – disse Lúcio – ou viramos mésons...!

O míssil bateu no escudo a mais de quinhentos metros da nave e brilhou um clarão nuclear. Mas a nave, apesar de sacudir-se um pouco, continuou seu rumo, saindo em seguida da área de choque.

–Escapamos bem – disse Lúcio – somos quase invulneráveis.

–A qualquer arma terrestre – Acrescentou Marcos.

–Depois disso, fiquei com fome – disse Boris – não é já hora do café?

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16 de abril, período de descanso.

Marcos e Lúcio estão de plantão, de pronto, a nave se sacode.

–Quê foi isso, Marcos? – sobressaltou-se Lúcio.

–Vejamos... – disse Marcos verificando os sensores – parece que algo bateu conosco... Já vi, há um tubo inferior de freio cegado por completo.

–Como aconteceu? Poderíamos explodir se tivéssemos que frear de repente.

–Algum cascalho sideral. Acorde o capitão, enquanto me preparo para sair.

Minutos depois, Aldo estava na ponte.

–Assuma o comando, Lúcio, Marcos e eu vamos sair.

Saíram amarrados por um cabo e caminharam na fuselagem com os calçados magnéticos, protegidos pelo escudo. Chegaram à proa de bombordo e desceram até o tubo inferior de freio do lado de estibordo.

–Um cascalho embutiu-se no tubo.

–Nós o atropelamos – disse Marcos olhando a enorme bola vermelha que era o seu destino e que apesar da velocidade, parecia parada no espaço – se fosse num tubo traseiro, ia achar que era uma ogiva nuclear que sobrou sem explodir.

–Nem brinque Marcos – seria o cúmulo que, mais isto, fosse por causa deles...

–Estamos bem longe deles agora, Aldo, esqueça isso!

–Tem razão.

–É isso aí, Aldo, atropelamos uma pedra que ia à mesma direção que nós, senão, o escudo inteligente a teria repelido. Tivemos o azar de colhê-la com o buraco do freio. Precisamos reduzi-la a pó, vou a buscar alguma ferramenta.

–Certo. Olhe por onde caminha.

A observação parecia absurda, mas não era. Realmente era muito difícil caminhar pela superfície da lua, ou do lado de fora de uma nave espacial sem olhar para cima.

Era impossível ser cego ao maravilhoso espetáculo de estrelas que havia acima e ao redor. Corria-se o risco de bater em algo ou enfiar o pé no buraco de um tubo secundário lateral... Ou no cano de descarga da privada.

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Após uma hora retornaram. Tiraram os trajes e foram à ducha. Entretanto, Lúcio comprovou o estado do tubo recém desentupido e o estado dos outros três dando saída aos gases, já que aproveitaram a ocasião para verificar todos antes da chegada ao seu destino, quando poderiam precisar de toda a potência dos freios.

Após o banho, Marcos retornou à ponte, e Aldo, que já não tinha mais vontade de voltar a dormir, acompanhou-lhe. Lúcio, atento aos instrumentos, notou uma leve variação. Dedilhou no terminal e o instrumento foi ligado no sistema.

–Aldo, observe o gravitômetro, mexeu-se!

–Isso significa que nossa viagem está chegando ao fim.

–Estamos dentro do campo gravitacional de Marte?

–Estamos bem próximos.

–Ótimo! Precisamos desligar o automático, pois Marte vai nos puxar cada vez com mais força, aumentando nossa velocidade, que já é enorme.

–Vamos pela ladeira abaixo – observou Aldo.

De imediato fizeram as verificações de praxe e os cálculos no simulador da manobra que deveria ser realizada para diminuir a velocidade e entrar em órbita.

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Continua em: DESEMBARQUE

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O conto NA JORNADA PARA MARTE - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase I - Volume I, Capítulo 2; páginas 27 a 29; e páginas 32 a 33; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:

sarracena.blogspot.com

O volume 1 da saga pode ser comprado em:

clubedeautores.com.br/book/127206--Mundos_Paralelos_volume_1

Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 30/11/2016
Reeditado em 30/11/2016
Código do texto: T5839368
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