PRODUTOR DE DIAMANTES

PRODUTOR DE DIAMANTES

NORMALYSSON sempre teve dores na bexiga. Mas quando alguém intuia-lhe que era pedra, ou seja, calcificação de impurezas, ele negava veementemente, como que a dizer conhecedor dos males do seu organismo, quando não de outros.

Certa feita ele foi ao mictório e urrou de dor; espremeu “o melhor amigo” como se fosse um bagaço de cana no engenho ou uma laranja ao ser chupada, tentando se ver livre de um intruso extremamente doloroso. De outra vez que ele voltou ao urinol, chorou de tanta dor. Foi quando decidiu procurar um médico.

Aquelas dores no canal urinário estavam deixando NORMALYSSON louco.

Chegando ao médico ele explicou seu problema. Recebeu uma receita ilegível como sempre (os médicos acham que estão acima de tudo); foi à farmácia, o farmacêutico adivinhou o que estava escrito, aviou a tal receita. O paciente tomou o remédio e aguardou.

O efeito do remédio levou quase um dia inteiro para iniciar. Iniciado, as dores na uretra triplicaram, mas em compensação saiu o primeiro inimigo: uma pedra de mais ou menos três gramas.

Ainda bem que ela não caiu no vaso, isto porque no ato de espremer “o precioso”, espremeu daqui, espremeu dali, ela veio saindo lentamente, rasgando tudo no seu caminho, até apontar na cabeça do “bicho”.

NORMALYSSON pegando-a entre os dedos, exclamou:

- Saiu hem! Filha de puta!

Olhou-a na palma da mão. Ficou curioso com seu brilho, cor e formato. Mesmo sem conhecer diamante deduziu que estava com um na mão. Fez logo a conversão para quilates: (se um quilate é igual a 0,2 gramas, então ele tinha um diamante de 15 quilates). Eureca! Estava rico. Saiu pulando, no que outra pedra desceu e parou antes do orifício de saída do bilau.

Novamente foi aquela novela. Gritava de dor; como não poderia deixar de acontecer atraiu curiosos; e estes ao saberem o que saía do bingolim, cada um queria um; e não esperaram pela produção normal, foram logo puxando a estrovenga do rapaz, na vã tentativa de extrair um diamante.

Depois de muito puxa que puxa, saiu o segundo ente hostil, outra pedra.

NORMALYSSON nem a viu, pois foi um Deus nos acuda com cada individuo querendo-a, e para piorar virou coro:

- Eu também quero um! Eu também quero! Eu também!

Pois é, para falar a verdade eu também quero.