ENCONTRO EM URANO.

Os Gigantes Gasosos.

25 de outubro de 2020 (201025)

Depois de uma semana de descanso, a Amarna partiu para visitar e abastecer as bases terrestres nas luas de Urano e Netuno.

–Estamos entrando em órbita da lua chamada Oberón, mestre Alan – disse Pacha, o navegador com um suave rosnado.

Oberón era a primeira das cinco maiores luas de Urano que pretendiam pesquisar. Não seria muito demorado.

–Sensores ativados – disse Iara.

–Localizar a base terrestre – disse Huáscar.

–Atividade atômica lá embaixo.

–Preparar minha patrulheira – ordenou Alan – Iara, vem comigo.

Rapidamente abordaram a patrulheira, e entraram na rarefeita atmosfera da lua uraniana. Logo sobrevoavam a base terrestre com a Milenium estacionada na pista.

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–Conseguimos o que nos propusemos – disse Leif Stefansson – estamos extraindo hidrogênio e oxigênio, estamos marcando lugares para minerar no futuro e já estamos começando nossa granja hidropônica.

–Então vou mandar descarregar os suprimentos e o combustível sobressalente.

–Ótimo, coronel. Poderemos abastecer nossa base em Titânia, a lua maior.

–Ah...! Pelo que vejo, não perderam tempo, capitão.

–Estamos montando uma fábrica para processar combustível, coronel.

–Tem algum plano imediato? Você tem pouca gente para duas bases.

–Tenho. Vou voltar a Saturno e organizar uma frota com as novas naves taonianas. Vou ocupar todas as luas maiores.

–Ótimo. Assim que meu pessoal soltar os contêineres de suprimentos na órbita, vou partir para Netuno para ver como Lúcio está se saindo.

–Boa viagem, Alan.

Alan abordou sua patrulheira e partiu para encontrar a Amarna em órbita.

A bordo o clima era positivamente cordial, venusinos e xawareks estavam empolgados por tudo o que estavam conhecendo e felizes pela perspectiva de novas aventuras.

E a ocasião não demorou.

Na metade da viagem entre Urano e Netuno, foi que aconteceu...

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Alakranos!

–Uma belonave alakrana! – disse Pacha.

–Postos de batalha! – ordenou Huáscar – Levantar escudos, carregar phasers armar torpedos...!

Logo apareceu na tela uma nave semelhante às naves alakranas de Vênus, com mais de oitenta metros de comprimento, dez de diâmetro e cinquenta de envergadura.

–Um astro encouraçado de incursão, mestre Alan – disse Huáscar.

–Qual é seu poder?

–Não muito. Escudo fraco, uma couraça dupla, um astro caça, um carro de combate no chão e trinta tripulantes.

–Trinta alakranos fortes como rochas – disse Alan – quê possibilidades nós temos de derrota-los? Somos maiores, mas...

–Podemos atirar neles com nossos phasers ou com os lasers de grosso calibre...

–E vai adiantar?

–Só incomodá-los um pouco.

–Até que ponto?

–Até força-los a nos perseguir no subespaço, onde será fácil perde-los.

–E depois?

–Depois podemos voltar ao espaço normal e eles não.

–Por quê?

–Não podem manobrar muito à vontade neste setor do quadrante.

–O quê os impede?

–Lembra que em Boral essas naves estavam paradas e só eram usadas em casos de emergência, mestre Alan?

–Sim.

–E também sabe que nossa nave possui um detector Askasi.

–Agora entendi. Mas a quê distancia essa energia pode ser detectada?

–O nosso só atinge cinco parsecs, mas há mais possantes.

–Começo a entender...

–Não esqueça que este setor pertence à Suprema Confederação.

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Os alakranos não queriam encrenca, porém Huáscar ordenou disparar.

–Artilheiros! Disparar à vontade!

De imediato o inferno desatou-se na nave alakrana.

Os gafanhotos não compreendiam a razão de serem atacados com phaser por uma nave xawarek daquele jeito e naquele lugar.

Para eles só poderia ser uma nave capturada e tripulada pela Suprema Confederação, e por isso não tinham receio de serem detectados...

Pela simples razão de que eles estavam de olho naquele sistema!

Então Djekal e Hung estavam certos!

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Os disparos da Amarna não provocaram grandes danos na forte couraça da nave alakrana, que era um arsenal voador quase invencível, embora menor em tamanho que a enorme nave xawarek.

A resposta não se fez esperar e a nave disparou com todas as armas, sem ocasionar mais do que algum estremecimento, já que o escudo da Amarna uma nave de guerra, era muito superior.

–Disparar mais duas cargas! – disse Huáscar – Depois vamos entrar em dobra!

–Para onde? – perguntou Pacha.

–Curso 277 marco 25, para sair do sistema, dobra dois. Acionar!

Esquivando os disparos do inimigo, a Amarna entrou em dobra sobre o plano do sistema solar e em segundos este desaparecia da vista. Huáscar com o rosto inexpressivo olhava as telas enquanto Pacha dançava com os dedos peludos sobre o painel do leme, com rapidez, resultado de uma longa prática.

Alan em silencio, de pé junto à poltrona de comando, só olhava com grande interesse, intrigado pelo resultado do plano do tigre Huáscar.

As estrelas alongaram-se em linhas azuis e sumiram.

Quando o Efeito Doppler passou, as telas de serviço igualaram as oscilações de espaço-tempo-energia e a nave alakrana pode ser vista na tela retrovisora ficando para atrás, mas já em dobra; recuperando-se e acelerando no subespaço, começou a alcançar a nave xawarek, disparando uma carga phaser que passou perto.

–Dobra três! Acionar! – ordenou Huáscar.

–Agora os perdemos, capitão! – disse Pacha.

–Sair de dobra! Parada total!

–Sim, capitão!

Pacha puxou uma alavanca e o espaço negro iluminou-se com finas linhas que logo se transformaram em estrelas imóveis.

–E agora?

Alan seguia sem entender essa manobra.

–Agora eles seguem adiante no subespaço nos procurando e nós voltamos à nossa missão no oitavo planeta – disse Huáscar mostrando os dentes afiados.

–Os perdemos?

–Sim, mestre Alan. Pacha, reverter curso, dobra dois!

–Revertendo curso, dobra dois, capitão.

Novamente entraram em dobra por alguns minutos, e logo saíram do subespaço no mesmo ponto em que estavam.

–Marcar curso setor 0.01, marco 1.010. Acionar.

De novo em curso para Netuno, Huáscar indicou a tela do detector Askasi.

–Veja mestre Alan, podemos seguir os alakranos apenas alguns minutos luz do seu tempo mas estão se afastando em dobra e não podem nos perceber.

–A Suprema Confederação pode captá-los?

–Se estivessem vasculhando este lugar vão percebê-los... E a nós também, apesar de que estivemos em dobra por pouco tempo.

–E o quê pode acontecer?

–Vão querer saber o que fazemos aqui. Os alakranos emitem um tipo de radiação diferente do nosso. Eles saberão de nós e deles com certeza.

–O quê pode acontecer conosco?

–Nada bom. Somos xelianos... Xawareks em fim; antigos aliados de Alakros, com o qual a Suprema Confederação não tem relações amistosas. Nesta altura, se nos descobriram devem estar pensando quais as nossas intenções por aqui.

–Sim, imagino que aconteceria. Mas os Confederados só podem suspeitar. De todas as maneiras o plano dos alakranos em Boral foi desbaratado...

–Sim. Você conseguiu. Com um blefe. Essa história será contada aos nossos filhotes na frente do fogo nas terras frias do continente norte em Xel.

–Esse crédito eu quero, sim, para mim.

A Amarna retomou seu curso anterior em impulso máximo, habilmente pilotada pelo tigre Pacha, um artista na sua profissão. Logo Netuno se fez visível.

O gigante gasoso foi ficando cada vez mais perto, suas duas luas maiores, Triton e Nereida brilhavam frias no espaço negro com a escassa luz vinda do longínquo sol.

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Continua em: ENCONTRO EM NETUNO

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O conto ENCONTRO EM URANO - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase II - Volume IV; Capítulo 35, páginas 145 a 147; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:

http://sarracena.blogspot.com.br/2009/09/mundos-paralelos-uma-epopeia.html

O volume 1 da saga pode ser comprado em:

clubedeautores.com.br/book/127206--Mundos_Paralelos_volume_1

Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 29/03/2017
Reeditado em 21/10/2019
Código do texto: T5955168
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