KuPaKH

Um par de pálpebras com longos cílios se fecha sobre olhos vidrados.

- SITUAÇÃO DE RISCO! SITUAÇÃO DE RISCO...

A voz robótica do alarme soava alto repetindo que algum problema afetara a nave. Seu único tripulante acorda de seu congelamento e ainda tonto, tropeçando se dirige para checar o painel de controle. Do lado de fora, através do vidro podia ver que estava enfrentando uma chuva de meteoros e que algum deles atingira a nave causando um dano irreversível! O homem pragueja e tremendo nervoso procura em um grande mapa amassado de papel algum planeta próximo onde possa fazer um pouso de emergência. E para sua sorte ele o encontra.

A nave em chamas cruza o céu em alta velocidade, e cai no solo causando uma enorme explosão, levantando uma grande nuvem de poeira. O planeta era um grande e desolado deserto, tomado por areia e grandes rochas. O astronauta vestindo seu traje, cambaleando sai de dentro dos destroços fumegantes da nave e a primeira coisa que faz é testar os níveis de oxigênio na atmosfera. E para a sua sorte ele poderia respirar tranquilamente.

Já havia se passado uma semana de sua queda. Com os restos da nave construiu um abrigo, e agora a beira de uma fogueira tentava construir algum transmissor comunicador. Foi nesta hora que ele viu se aproximar dois seres alienígenas, pareciam flutuar, deslizando sem tocar o chão, eram humanóides altos, e possuíam uma cabeça muito grande, vestiam túnicas coloridas e carregavam grandes lanças. O astronauta ergue a mão num gesto de paz e no mesmo instante é atingido por um raio laser disparado de uma das lanças.

Ao acordar viu que se encontrava em uma cela de vidro, deitado em uma confortável cama de lençóis e fronhas branquíssimas. Um dos alienígenas estava parado ao seu lado e lhe entrega uma caixa, sem ver a criatura movimentar a boca o homem escuta: - Coma! – Ao abrir a caixa ela estava fazia. – Pense em algo de seu mundo que gostaria de comer! – O astronauta ouviu dentro de sua cabeça. E automaticamente um hambúrguer com fritas e uma lata de cerveja se materializaram dentro da caixa. Homem e alienígena sorriem.

O astronauta socava desesperadamente as paredes de vidro da cela, e gritava pedindo para que o libertassem. Não sabia a quanto tempo estava preso ali, muitos dias já haviam se passado. Nesta hora um quadrado surge em uma das paredes e uma porta se abre, por ela o astronauta vê entrar uma linda mulher.

A mulher estava seminua, e assim que entrou lançou ao astronauta um olhar sedutor.

- Onde estamos? Quem são eles? Ele perguntou.

- Estamos bem, não interessam quem eles são... O importante é que agora você está aqui comigo, e seremos felizes!

- Precisamos dar um jeito de fugir!

- Fugir pra quê? Para onde? Temos tudo o que precisamos aqui, basta imaginar e todos os nossos sonhos se tornarão realidade! Eu demorei a aceitar! Mas agora não me arrependo nem um pouco! Falou a mulher se aproximando do astronauta, encostando seu corpo e esticando os lábios para beijá-lo! - Faça comigo o que quiser! Ela conclui, rindo safadamente enquanto metia a mão na calça do homem.

- Não! Estou ficando louco é apenas minha imaginação! Você não existe, é uma ilusão!

- Aqui neste planeta isto não importa! Qual a importância da diferença entre a realidade e a imaginação? Ao falar isso, automaticamente os dois se teletransportam para um lindo e verdejante gramado rodeado por lindas flores com uma toalha estendida no chão.

Sem entender nada o homem se deixa seduzir. A linda mulher o despe e os dois deitam, eles se beijam, se abraçam, trocam gestos voluptuosos esfregando as mãos no corpo um do outro e transam. Passam a tarde transando.

Deitado olhando as nuvens, sentindo a brisa refrescante tocando seu copo o homem pensa:

- Ela é apenas uma ilusão, mas assim como as comidas ela é tão real, por quê?

A mulher parecendo ouvir os pensamentos dele, responde o assustando:

- Eles precisam de catecolaminas para viver! Os alienígenas precisam de substancias bioquímicas, geradas, por exemplo, através de emoções e prazeres humanos, como o amor, paixão e sexo!

O homem não responde nada, pareceu chocado, e após pressionar bem os olhos, ao abrir já estava de volta a sua cela.

Nos dias que seguiram, ele resistiu de todas as maneiras as investidas sedutoras da linda mulher.

- Por que me ignoras? Pergunta a mulher quase chorando.

- Você não existe, é apenas uma ilusão feita pelos alienígenas para eles obterem de mim o que eles desejam... Mas eles não vão conseguir... e...

O homem não conseguiu falar mais nada. Agora os dois estavam em pé a beira de uma praia paradisíaca, a mulher novamente esfrega seu corpo nu excitando o homem e os dois se beijam, e transam.

Já era noite e a lua cheia refletia no lindo mar.

- Você não entende!

- Como assim?

- Você não tem saída, você não tem escolha, você é meu...

- Como assim?

- A cerca de um ano, minha espaço nave; a KuPaKH, foi atacada! Toda minha tripulação morreu e toda a carga que eu transportava se perdeu! Fui feita prisioneira por estes alienígenas, lutei, tentei de todas as formas fugir, mas nunca consegui! Eles me explicaram o que eu tinha que fazer, eu relutei... não fiz o que eles queriam, sofri muito, muito mesmo... E ontem a noite eu cedi a vontade deles, fechei meus olhos e imaginei você... Imaginei todos os detalhes do seu corpo e sua personalidade, tudo... até mesmo esta sua vontade de resistir a mim... pensei que seria um jogo gostoso... mas agora estou vendo que ambos estamos confusos...

- Não, não pode ser! Você... Eu?

Sob o luar com os corpos nus os dois voltam a se amar ouvindo as ondas do mar.

Jovito Rosa
Enviado por Jovito Rosa em 10/10/2017
Código do texto: T6138271
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