Invasão: Um Conto Ayoan. Parte 4 - O Ayoan.
O Ayoan
Um charmoso hovercar lilás aterrissa, e de dentro sai a Capitã Nikita caminhando em direção a um imenso hangar com grandes olheiras de preocupação de quem não havia pregado os olhos a noite toda.
- Bom dia! Diz entrando no hangar, cumprimentando a recepcionista e o soldado que a aguardava. - Leve-me até os forasteiros!
Os dois caminham sob uma trilha sinalizada por pequenas luzes, e passam por dezenas de naves de diversos modelos e tamanhos, entre elas uma esfera metálica:
- Eis a nave Capitã!
- Realmente não é uma nave Manx! Onde eles estão?
- Por aqui senhora!
Dentro de um cubo transparente, que era uma cela de vidro, estavam os três tripulantes da nave, eles vestiam roupas metálicas e seus cabelos eram compridos e radiantemente brancos.
- Quem são vocês?
- Marechal Ren, senhora, da força militar do extinto Planeta Delash, destruído por malignos daemons! Eu e os tenentes Jos e Sab conseguimos fugir a tempo, mas fomos atacados por uma nave Manx e acabamos vindo parar aqui em seu planeta!
- Receberão cuidados médicos e alimentação, depois, mais tarde, voltaremos a conversar com calma! Diz a capitã se retirando, voltando caminhando devagar sob a trilha, e sem virar pergunta:
- Me diga uma coisa, como eram estes daemons que falaste?
- Espectros, senhora, muito poderosos, nenhuma de nossas armas conseguiu feri-los! Eles [pausa]... Ah não! Não me diga que eles já chegaram a este planeta?
A capitã baixa a cabeça e recomeça a caminhar.
A porta do hovercar se abre, e a capitã vê sentado atrapalhado em meio a um monte de livros e papeis o jovem vidente Laoviah com um sorriso no rosto.
- Como pode manter a calma nesta situação?
- Eu respiro!
- Não brinque comigo! Diz a jovem empurrando alguns livros de cima do banco.
- É sério! Respire e escute o que eu tenho a falar: Encontrei neste antigo livro, algo sobre anjos caídos e um portal que eles usam para passar de uma dimensão a outra!
- Portal?
- Sim, um portal! Temos que encontrar sua localização e fechá-lo para parar a invasão, caso contrário ficará impossível derrotar o infinito número de anjos caídos!
- Deixe-me ver isto!
O hovercar decola e voa rápido.
Longe Dalí, em outro continente do planeta Ayoayld, a luz dourada do sol surgia causando uma sensação de paz, dando fim a longa noite...
O vento tranqüilo fazia o capim de dois metros de altura balançar suavemente. Uma foice é erguida alto, sua lamina brilha com os raios do sol, em seguida desce violentamente cortando o capim fazendo-o se espalhar pelo ar. Um humanóide musculoso com o corpo coberto de pelos e a cabeça parecida com a de um chacal, manuseava a foice mostrando muita habilidade, quando um delicado perfume o fez parar por um segundo:
- Pai! Pai! Aproxima-se sua pequena filha correndo atrapalhada entre a vegetação.
- O que foi Kebechet? A voz gutural parecia um trovão.
- Pai! O baixador quer que a capital ajude o senhor e vá ajudá-lo! Falou a criança parando para pegar fôlego.
- Calma Kebechet! Acalme-se um pouco! O que está tentando me dizer?
- O embaixador quer sua ajuda!
- Onde está a tua mãe?
- Em casa, ela me mandou vir te chamar! E disse que é urgente!
Minutos depois o humanóide montando em seu arebor, uma espécie de rinoceronte, com sua filha na garupa, chega a uma grande pirâmide rodeada por jardins floridos e altas palmeiras:
Dentro da pirâmide, diante um trono, sua esposa apreensiva o aguardava:
- Áyôa! Meu bem, nosso povo está muito perturbado com o que os videojornais estão mostrando! E agora este chamado do Embaixador para ir até a capital conversar! Temos medo que se trate de mais uma armadilha dos Aylurus!
- É meu dever atender ao chamado! Você sabe, tenho que ser diplomático! Cuide de Kebechet e de tudo por aqui enquanto eu estiver fora!
- Diplomático? Como rei dos Ayoans, é seu dever se preocupar com seu povo em primeiro lugar! E não em ser diplomático! Não sabemos o que está acontecendo com o resto do planeta! Por favor, não vá, eu lhe peço!
- Agora não Anput! Já mandou preparar as naves?
- Já devem estar quase prontas!
- E a guarda de elite já foi avisada?
- Sim!
- E onde está o meu machado?
- No lugar! Onde mais estaria? Diz sua esposa virando as costas.
- Prepare a minha melhor roupa, e me traga o machado!
Da janela de seu quarto, Anput observa uma a uma as naves decolarem e sumirem no horizonte do perigoso oceano vermelho.
- Que Mãe Naturea toda poderosa os proteja!
O abajur pisca freneticamente e ela escuta uma voz demoníaca sussurrar sobre seu ombro:
- Não se preocupe, ele vai voltar! Disse o elegante homem de terno e gravata, surgindo do nada a assustando.