Um Conto de Partida

A sala estava repleta de gente chorosa, todos a velar o ente querido que se fora. O garotinho, triste por ver tanta dor, subiu as escadas e entrou em seu quarto. Em meio à tamanha tristeza, ele alegrou-se ao ver sua avó sentada à cama. Ela estava pálida, parecia muito abatida, mas ergueu a cabeça e, olhando-o saudosamente, sorriu.

– Está tudo bem, vovó?

A avó sinalizou um sim com a cabeça e chorou.

– Pois se está tudo bem, vamos lá para baixo dizer a todos que não têm por que ficarem chorando! Vovó... – O menino calou-se por um instante – Ainda vou ver a senhora, não vou?

– Vai sim, meu amor. Um dia iremos nos ver novamente. Um dia...

O garotinho sentou-se ao lado de sua avozinha e pôs a mão, suavemente, sobre a cabeça dela, e uma paz inebriante tomou-lhes os sentidos.

– Você tem medo? – Perguntou delicadamente a avó.

– Tenho um pouco. – Respondeu rouco o menino.

A velha senhora olhava para o neto e este a olhava com o mesmo ar de partida. As palavras ficavam meio que presas, mal conseguiam sair pela boca de ambos. Após alguns minutos mudos, o silêncio se desfez.

– Vovó, eles estão me chamado. Preciso ir agora.

– Vá com Deus, meu amor! – Falou a avó, em prantos – Há um céu maravilhoso esperando por você do outro lado.

Como um facho de luz intenso, aquela doce e imaculada alma criança se foi em paz.

Júlio A S Crisóstomo
Enviado por Júlio A S Crisóstomo em 18/03/2011
Reeditado em 26/02/2012
Código do texto: T2854952
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