A VIAGEM

Era uma vez um garotinho que se chamava Flavian, ele tinha oito anos e amava brincar com o seu trem de brinquedo que o pai lhe deu.

Um dia o seu pai, chamado de Filip, o convidou para ir com ele em uma viagem de trem a trabalho. Ele poderia ir se lhe prometesse não bagunçar e ele assim prometeu. Mas não foi ele quem bagunçou alguma coisa no trabalho de seu pai, vendedor de seguros de saúde. O trem simplesmente entrou em um túnel e nunca mais saiu. As pessoas procuraram e procuraram e nada. O trem nunca saiu do túnel e nunca esteve lá.

O trem sumiu com mil passageiros dentro. Edith, a mãe de Flavian ficou louca. Perder o marido e o único filho de uma vez só não é nada agradável. Ela teve que ser internada em uma clínica psiquiátrica, pois ela não se continha de desespero. Ela era enfermeira, tinha trinta anos e seu marido tinha vinte oito.

Todos pensaram em muita coisa sobre o desaparecimento do trem: terrorismo, aliens... seja o que quer que fosse não se chegava perto da verdade. Com o passar de trinta anos, as coisas foram melhorando, mas jamais esquecidas. A mãe retornou ao trabalho e casou-se novamente com um amigo de seu marido, que se chama Calle tendo com ele duas filhas: Daya que já contava com 22 anos e Damini, apenas um ano mais nova.

Calle trabalhava na mesma profissão de seu outro marido e sempre que saía em viagens de negócios, nada acontecia. Todos iam e todos voltavam. Calle já com 48 anos e Edith , 60 anos. Embora seja mais velha que ele, ela se cuida não aparentando a idade.

Ela jamais se esqueceu do Filip que hoje teria 58 anos e do filho Flavian de 38 anos atualmente. Certo dia Edith estava fazendo compras na feira e um homem apareceu e lhe falou:

- Está velha, mas está bonita. Casaria com você todas as vezes que lhe visse. Tinha logo que casar com o Calle? Que mau gosto, hein?

Quando ela olhou para trás, viu o seu marido Filip. Estava com a mesma aparência de antes, sorrindo para ela e atrás dele, viu também um menininho que brincava com o seu trenzinho de brinquedo. Assustada, ela ouviu ele falar:

- Essa é a mamãe? Nossa! Parece com a vovó!

Ela acordou na manhã antes de tudo acontecer, voltando trinta anos atrás no tempo, juntamente com seu filho e seu marido, ao seu lado. Chorou muito. Achou que estava dormindo ou então estava louca.

Ainda assustada com tudo aquilo, embarcou com eles naquele mesmo trem para fazer a mesma viagem de antes. Dessa vez, no entanto, somente as pessoas sumiram nessa nova realidade. O trem ficou e os pertences também.

A polícia encontrou no meio dos pertences da família uma foto dela com o novo marido Calle e as filhas Daya e Damini. Viu também um jornal com a notícia do primeiro desaparecimento misterioso do trem e ninguém jamais achou um homem com a descrição de Calle nem das filhas. Ninguém nunca mais se atreveu a entrar naquele túnel.