ENGULA AINDA VIVO

Acordei com sons de tiros

Só outro sonho ruim

Mas estou feliz e disposto para o trabalho

Celebrar a vida , outro dia de gloria !

Quem me dera …

Meu novo chefe só usa vermelho . Vermelho lembra sangue . Nesse dia ele chegou na minha mesa . Queria saber o porque de eu não ter aparecida para trabalhar esse e aquele dia . Seu nome , Raul .

- Gostamos de ter o senhor aqui entre a gente , Oliver , mas precisamos de comprometimento seu . Agora , depois de muito tempo , o senhor esta tendo a oportunidade de trabalhar para uma grande revista . A O.N., não se trata de uma brincadeira . Aqui temos profissionais , gostamos de lhe dar com profissionais gabaritados . O senhor pode crescer aqui dentro , quem sabe ganhar uma sala própria .

- Tudo bem . Entendo .

- Então , no que esta trabalhando ?

Raul assaltou minha mesa ,pegou a folha sobre ela e se pôs a ler . Depois de terminar seu olhos me fitaram .

- O que é isso ?

Perguntou ele , com um sorrisinho forçado .

- Estou trabalhando numa aventura sensacional .

Deu outra checada na folha e ainda com os olhos colados nela falou :

- Onde pensa que vai publicar isso ?

- Sou inteiramente comprometido com a Open Night , senhor. Onde mais poderia publicar ?

O ar condicionado ligado roncava , a sala toda em silencio . Todos prontos para me ver se foder . Amanda , a loura da mesa a minha frente torcia os dedos . Ela me odiava . Fiz menção de acender um cigarro , cheguei a botar ele nos lábios , foi quando Raul me chamou para sua sala . Segui o rastro do seu perfume importado até me aconchegar numa poltrona de couro no seu ambiente de trabalho . Não havia placas de proibido fumar ali , então acendi o cigarro . Meu chefe só fez um não com a cabeça , assim como uma mãe faz a seu filho quando vê que já não tem mais jeito . Raul abriu uma das janela e se sentou .

- Oliver , sabe que que a agente não publica esse tipo de coisa aqui , não é ?

- E por que não ?

- É ofensivo as pessoas .

- Ofensivo ?

- Sim , claro que sim . E tem mais , estão sempre cheios de erros gramaticais , da um trabalhão entender o que você quer dizer aqui e ali.

- Então esta dizendo que deveriam ter contratado um professor de português ao invés de um escritor ?

Ele se calou , a boca meio aberta sem saber o que dizer . Engasgou e gaguejou até continuar .

- Ta ..ta .. escuta ...ta legal , entendo . Me faça um favor , pegue isso e leia em voz alta para mim , certo ?

- Eu , ler ?

- Sim , leia . E quando terminar me diga se merece ou não ser publicado .

Apanhei as folhas , meus olhos correram por elas .

- Posso começar ?

- Por favor senhor Oliver .Por favor ...

SUSI E OS TRÊS PORQUINHOS

PARTE 2

Erika sumiu com um dos médicos do Hospital Publico e me deixou sozinho na sala dos doutores . Eles devoravam o bolo com glace e bebiam refrigerante . Eram onze da noite , dava para ouvir as vozes vindo dos corredores , gritos de agonia e dor . Gente doente morrendo enquanto uma duzia de médicos formados comem bolo e cantam parabéns pra você . A doutora loura resmungou para mim :

- Você não esta arrependido de ter se formado médico ?

- E deveria ? Respondi .

- Não sei . Eu já to de saco cheio , esse povo não da sossego . Se um dia eu ficar assim , prefiro morrer , sabe ? Gente velha me da nojo .

Depois de um tempo eu só concordava , fazia sim e não com a cabeça . Era incrível com essa gente era vazia .

-...não acredito ! Disse a doutora loura depois de um não automático da minha cabeça . Ela me deu um tapinha no braço .

- Fala serio , jura ?

- Eu ? Claro que sim !

- E porque ?

- Porque seria impossível . Mas te digo uma coisa , queria muito ver duas hermafroditas fodendo .

- O que disse ?

- Não , nada . Do que a gente estava falando mesmo ?

Ela riu , seu dentes brancos reluziam .

- Você é uma piada . Como que eu nunca te notei aqui ?

- Sou discreto .

- Então , eu estava dizendo que não acredito que um cara tão bonito quanto você ainda não esta casado . É um partidão! Médico , bem sucedido ...eu nunca deixaria passar uma oportunidade dessas .

Ha , sim , claro . Eu estava recebendo uma cantada de uma doutora que odeia os pacientes . Olhei no seu dedo e uma aliança dourada se algemava a ele . Ignorei . Tinha um pouco de glace no canto da sua boca . Passei meu dedo em sua bochecha para tirar . Doutora Loura era quente , a pele macia como seda. Um bom bocado do seu corpo encostou em mim , seu halito quente cheirava a cereja e cigarro .

- To afim de fumar , me acompanha ?Disse ela , enfiando a mão no bolso meu jaleco branco roubado . Deixamos a salda dos medico e cruzamos com uma dezena de pessoas doentes . Uma senhorinha de cabelos ralos segurou meu braço nos parando . Ela queria algo para dor . Seus olhos cheios de lagrimas , a gengiva em carne , os olhos vermelhos ...a imagem do descaso publico . Doutora Loura tirou a mão da senhora do meu braço .

- Escuta , estamos ocupados , senhora , espere sua vez que já vamos atende la .

Por deus , eu pensei . Vou foder essa mulher de uma forma que ela vai precisar de amparo medico e dez pontos no rabo . Pegamos o elevador e descemos para o estacionamento , já dentro do elevador fui atacado , estuprado e violentado pela Doutora . A maluca quase arrancou minha língua , sua mão invadiu minha calça e apanhou a piça com fúria . Respondi chupando seus peitos firmes e malhados enquanto com as pontas dos dedos bolinava sua preciosa . Quando chegamos ao estacionamento a vara estava em riste . Enquanto ela acreditasse que eu dirigia uma Lamborghini seu corpo seria meu . Efeito placebo , pensei.

QUATRO HORAS DEPOIS

... MÃOS PARA ALTO ! FILHO DA PUTA !

Enquanto levava bicudas e pisoes pensei : porque diabos estou protegendo essa mala de merda ? Eu não sabia o que tinha dentro dela, acho que era por isso que não a largava . De fato estava curioso em saber o que era . O guarda tarado mandava ver com seu cassetete , meu corpo amortecia cada porrada como um colchão fodido e ferrado . Eu respondia como podia , com chutes ao esmo , deitado no chão molhado enquanto a chuva caia sobre nós . Em meio ao espancamento o guarda tarado avisava :

- Quando eu pegar essa maleta vou foder seu rabo , escritorzinho de merda . Você vai ver só , vou foder você e então terá uma boa historia para escrever .

Sentia que a qualquer momento iria apagar , e tudo que eu queria era ter sangue verde , como um Hulk , para soltar a fera de dentro de mim e separar a cabeça do pescoço daquele guardinha rodoviário . Já havia perdido as esperanças . Amaldiçoava Erika por ela ter me deixado sozinho . Foi então que uma luz caiu sobre nos , e com nos me refiro ao guardinha de merda de bota bem lustrada e o vosso humilde narrador . Finalmente os anjos vieram me buscar , foi o que pensei . O cara com o cassete de borracha na mão parou de me bater e cobriu o rosto da luz que ofuscava seus olhos .

- Se deu mau , seu porco – falei eu , deitado no chão a espera dos anjos celestiais virem buscar minha alma .- Tomara que eles te lancem direto no colo do capeta , seu desgraçado degenerado.

- MÃOS PARA O ALTO ! FILHO DA PUTA !

Gritou um dos anjos de trás da luz ofuscante que vinha da rua , debaixo da chuva . Sua voz era forte , potente , como a de um juiz com enxofre no estomago .

- Quem esta ai ? Questionou o guardinha rodoviário . Já não parecia mais tão valente com a tropa dos céus prestes a lhe comer cu ..

- A que merda , disse outra voz, outro anjo ( ? ) . Mate ele de uma vez.

E assim , como um balão estourando , a cabeça do guardinha sumiu , seu chapéu policial caiu sobre meu peito junto de um tufo de cabelo .

Agradeci ao senhor , e sei que parece anti ético agradecer ao senhor quando ele manda um dos seus estourar a cabeça de um homem , mas eu agradeci . Já ia me levantando banhado pela luz esperando para ser salvo ; vocês sabem , ter a alma salva e esse tipo de coisa , quando o anjo das voz de enxofre tornou a gritar :

- E agora , quem é esse ai ?

Outra voz :

- QUE MERDA , MATEM ELE !

05/09/2014

15H07M

Continua ...

Cleber Inacio
Enviado por Cleber Inacio em 05/09/2014
Código do texto: T4950640
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