Uma última carta

Minha amada Emily,

Você não faz ideia de como me dói pegar um lápis e escrever estas palavras agora. Queria que esta fosse mais uma das cartas que costumávamos trocar antes, quando éramos felizes e você ainda me amava. Por que aquilo teve que acabar? Por que você teve que ir embora? Não sabe como isso acabou com a minha alma? E é por que você foi embora que eu estou agora em cima de um banquinho e com uma corda no pescoço.

Mas não estou bravo com você, de modo algum. Eu entendo os seus motivos, por mais que quisesse que fosse tivesse ficado. Eu não pude te segurar comigo. Mas queria que você soubesse que depois de tudo que aconteceu ainda a amo.

Hoje faz exatamente um ano desde que você foi embora, mas para mim parece que faz um século. Faz um ano que meu coração parou de bater e minha alma me abandonou à minha própria sorte. E agora? Você está feliz com a escolha que fez? Eu não era capaz de te ajudar? As vezes eu me lembro de você e tenho a impressão de que você nem tentou enfrentar, deixou que tudo acontecesse-se. Mas sou suspeito para falar, também acho que eu podia ter tentado mais. Mas agora estou morto.

E você também.

Eu preferia que você não tivesse pulado do alto daquele prédio, queria que tivesse lutado mais, resistido mais. Eu queria aquela época de volta, quando você era viva e nós íamos tomar sorvete e assistir um filme todo sábado. Mas agora nós não pertencemos mais à esse lugar, já estamos mortos.

Eu queria que você estivesse viva, porque assim eu também poderia viver.

E então nós dois poderíamos ser felizes.

Mas agora seremos felizes no além.

Vamos embora de toda a crueldade desse mundo para desbravar o desconhecido.

Com amor, de seu eterno apaixonado.