Serial killer em ação - VII

[...] Provavelmente, a turma deveria organizar reuniões sensacionais. A colega de Lisa continuava tagarelando:

-Por favor, por favor, por favor! Prometo que levo você embora antes da cinco da manhã!

Os olhos de Lisa arregalaram-se. Não era de seu feitio varar madrugadas, principalmente agora que havia sido contratada para exercer uma função dificílima na empresa mais importante da cidade. Ruth, entretanto, se recusava a dar trégua:

-AAAAAAAH, Lisa, deixa de ser chata! Olha, sei que devo estar parecendo desesperada, mas é só porque quero ver você remexendo os quadris ao som de Abba, Coldplay e Queen! Vamos, sim? Eu...

Lisa interrompeu o convite animado da colega espalmando a mão direita no ar:

-Tudo bem - a jovem ainda não estava convencida de que queria ir, mas fazer Ruth calar a boca era importante - Eu vou.

Ruth piscou duas vezes e, após se certificar de que ouvira direito, jogou os braços torneados em volta do pescoço de Lisa.

-Você não vai se arrepender, sério! - feliz da vida com seu poder de persuasão, Ruth cravou um beijo estalado na bochecha esquerda da colega.

As portas do elevador finalmente se abriram e Lisa correu para a liberdade do hall. Ruth veio ao seu encontro:

-Certo - disse ela, esfregando as mãos em sinal de divertimento - Nos vemos mais tarde. Ei, o que você pretende vestir? Tenho uns sapatos que...

Lisa suspirou e, novamente, interrompeu a fala contagiante de Ruth:

-Ok, meu armário está recheado de peças bacanas. Encontrar algo adequado para a ocasião não será problema. Escute, preciso ir, nos falamos à noite, sim?

O semblante de Ruth foi tomado pela frustração. Lisa a estava dispensando temporariamente.

-Pensei que fôssemos nos arrumar juntas! - Ruth sabia fazer birra como ninguém e Lisa ponderou que a colega deveria tentar a sorte num desses testes para telenovelas. Talvez a mulher ganhasse o papel da mocinha mimada e chorona.

-Outra hora, está bem? Preciso ir, mesmo. Até mais!

Os sapatos de salto agulha de Lisa saíram em disparada pelo linóleo. Ao olhar discretamente para trás, viu a colega tomando fôlego encostada a uma parede. Bingo. Ruth provavelmente não praticava exercícios físicos com regularidade e, graças ao fato, Lisa pôde fugir antes que a conversa começasse a lhe irritar de verdade. Às vezes, a realidade desfavorável de uns é o deleite de outros.

Continua

Lais Matos
Enviado por Lais Matos em 09/12/2014
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