Pecado imperdoável! (EC)

Aquele jovem, imigrante judaico, aqui pelo Brasil, era um elemento tremendamente popular!

Possuía centenas de milhares de conhecidos dentre os quais pululavam também muitos verdadeiros Amigos..., pelo menos à primeira vista assim transparecia!

Extremamente popular e consequentemente, muito extrovertido, não se furtava em, como ele mesmo dizia, ‘encarar’ qualquer brincadeira para qual fosse desafiado. Para os/as amigos (as) mais íntimos (as) confessava que havia sentido extrema dificuldade na adaptação aos padrões um tanto quanto libertinos para sua criação, no modo de vida que por aqui levavam os, à época de sua chegada, jovens brasileiros.

Revelava que nos seus tempos de escola elementar, não se enturmou facilmente, recordando que seus pais eram constantemente convocados para reuniões com as direções em virtude de brigas nas quais se envolvia. Extremamente fechado em si mesmo, levava tudo a ‘ferro e fogo’ e qualquer alusão à sua pessoa tomava como ofensa, como injúrias, como desacatos...

Porém, com o passar dos anos, foi enxergando de outra forma. Foi angariando amigos e buscava sempre compreender o sentido exato das brincadeiras que, em principio, lhe soaram com um achincalhe.

Era encarado como um fora de série, que topava tudo e a quem sempre davam credibilidade nas tarefas que lhe incumbiam...

Já na época do ensino médio, nosso esfuziante personagem resolveu liberar muito do seu ímpeto interior e aderiu a um site de escritores que agregava desde pessoas que apenas por lá compareciam para ‘jogar nas letras’ algumas frustrações pessoais, lamentos, angústias; alguns amadores escritores que, sem ter um razoável domínio do idioma e nem das mínimas técnicas que levam a uma aceitável forma de escrever e se comunicar, sentem sempre dificuldade na comunicação; alguns amadores escritores que, mesmo sem dominar o idioma e nem as técnicas para gerar de forma aceitável uma postagem, superam-se e a guisa do aprendizado, da busca, da pesquisa, conseguem uma razoável comunicação; vários escritores, alguns na acepção do termo, que além de ter um razoável domínio no idioma, passeiam por vezes em citações em outros idiomas e senão uma técnica altamente apurada, pelo menos que atende às expectativas para uma perfeita e entendível comunicação e,..., fechando o círculo, escritores que poderiam facilmente ser enquadrados como verdadeiros profissionais na arte do bem escrever!

Jesus Urias iniciou timidamente sua participação, sendo que paulatinamente, à medida que sentia que ia adquirindo uma maior proficiência em seus textos, ia difundindo entre os seus amigos e até entre seus conhecidos, esta sua nova enveredação por um caminho altamente desafiador!

Como sempre ocorre, alguns o cumprimentavam e até começaram a tratá-lo por poeta. Outros, em tom jocoso, diziam que se nem bem sabia o português como poderia se aventurar a escrever textos,..., certamente seria um desastre total! Jesus Urias Dos Anjos, agora muito mais acessível sorria e brincava dizendo que falassem bem ou mal, mas que dele falassem, pois somente assim aumentaria o número de visitas que receberia lá pelo site...

Efetivamente, foi o que ocorreu, num repente a quantidade de visitas aos textos por ele elaborados surpreendentemente subiu e os comentários que por lá eram postados, não sabendo ainda discernir se eram devidos às amizades ou se eram válidos por uma eventual busca de excelência no que escrevia, espocavam sobressaindo-se os adjetivos qualificativos que elogiavam seu desempenho.

Tremendamente entusiasmado, atendendo solicitação de muitos que constantemente liam e teciam comentários aos seus textos que alegavam ser seu nome bem extenso e sugeriam que adotasse um pseudônimo que o identificasse, resolveu fazê-lo, adotando as iniciais que compunham seu nome completo para identificá-lo em seu querido site de comunicação!

Em pouco tempo, em resposta aos lacônicos comentários que passou a receber, Jesus Urias Dos Anjos Sefaradim (de pseudônimo JUDAS), proclamava que não podia entender e em absoluto poderia creditar a incompreensível perseguição, que soava muito mais do que um simples e aparente boicote que estava sofrendo pela maioria dos amigos que faziam parte do seu rol tão amorosamente constituído, que não mais liam seus textos e pelo visto, incentivavam que outros também não mais o fizessem...

Comentam os amigos que não o abandonaram que, evidentemente, paira mistério em seu enforcamento, restando no chão, sob o corpo dependurado, trinta moedas de prata...

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Perseguição

Saiba mais, conheça os outros textos:

http://encantodasletras.50webs.com/perseguicao.htm