UM HOMEM NO MEU SOFÁ.

Elisa teve um dia daqueles, trabalhou muito, passou o dia todo na loja dobrando as roupas que as clientes experimentaram e não levaram, pensou, que saco! Não via a hora de terminar o expediente para ir embora.

Enfim o relógio marcou 18:00! Que alivio!

Desceu a rua rapidamente, passou em frente a uma loja dessas de artigos chineses, um carrinho de feira, desses com sacola, chamou a sua atenção, parou e ficou olhando: ele tinha uma sacola com uma estampa vermelha com bolas grandes brancas, parecia com o lacinho da Minie ( ela era apaixonada pela Minie ) perguntou o preço para a vendedora, uma morena muito simpática que lhe disse custar R$ 40,00, pechinchou e a moça deixou por R$ 35,00, foi embora feliz da vida rodando o carrinho novo pela rua.

Chegou no prédio, cumprimentou o porteiro, verificou a caixa de correio e não tinha nenhuma correspondência, ficou triste, nem os credores lembravam mais dela.

Abriu a porta do apartamento e que tristeza que era chegar em casa sem ninguém lhe esperando, já fazia muito tempo que ela estava sozinha, o seu último relacionamento amoroso foi um desastre, um horror, nem era bom lembrar.

Tomou um banho relaxante e preparou algo para comer, sentou na mesa para comer e se lembrou de quando era casada, a casa estava sempre cheia, os amigos do Wilson sempre iam jantar na sua casa que vivia cheia de crianças, muita comida, mas o tempo passou, o Wilson morreu, os filhos se casaram e foram morar longe e agora ela estava sozinha, que solidão!

Assistiu a novela que por sinal estava muito chata, e foi dormir.

Apagou a luz e levou um susto! Olhou e viu um homem sentado no seu sofá, não sabia se gritava ou se chorava, arriscou outra olhada e o homem continuava lá. Ficou assombrada como esse homem entrou dentro da sua casa, a porta não estava arrombada, pensou em pegar o celular para ligar para a Policia, mas se lembrou que o celular estava no sofá.

Cobriu a cabeça e começou a chorar, pensando no que ia fazer quando esse homem viesse até a sua cama para lhe fazer algum mal, também havia a possibilidade dele ser só um ladrão e estar esperando ela dormir para roubar os seus pertences. Todas as suas coisas de valor estavam no sofá, seu celular, a carteira, o notebook; decidiu que preferia que ele fosse um ladrão, ia doer muito perder as seus objetos que ela levou tanto tempo para comprar, mas pelo menos ela saia ilesa dessa história.

O tempo foi passando e a agonia aumentava, a noite se arrastava com ela chorando baixinho, com a cabeça coberta.

Não tinha noção de quanto tempo já tinha passado, tirou a coberta da cabeça e sondou, o homem continuava lá imóvel, sentado. Ficou pensando: será que ele passou mal, será que morreu? Meu Deus ela nem tinha coragem de chegar perto, ele passou a noite toda e não foi embora, mas também não lhe fez mal algum, ia esperar amanhecer o dia, se ele continuasse lá, ela faria uma gritaria danada e pelo menos as pessoas já estariam circulando pelos corredores do prédio e iam lhe salvar.

Esperou mais algum tempo que parecia uma eternidade, olhou através da coberta e percebeu que o dia já tinha clareado, mas mesmo assim ficou com muito medo de descobrir a cabeça, mas pensou: vou ter que tomar uma atitude, não posso passar o dia todo na cama e preciso trabalhar, vou descobrir a cabeça e começar a gritar, descobriu a cabeça e que surpresa, se deparou com o carrinho que tinha comprado em cima do sofá com a sua blusa pendurada em cima, ficou indignada em saber que tinha imaginado que o carrinho fosse um homem,  riu demais, só lamentou ter passado a noite inteira sem dormir.

Beatriz de Azevedo
Enviado por Beatriz de Azevedo em 07/02/2016
Código do texto: T5536578
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