O Forte - Conto baseado em The Walking Dead

As quase 100 pessoas dispostas ao redor da arena gritavam em êxtase...

O espetáculo de sangue acabara... 10 zumbis comiam as tripas de dois homens que gritavam como crianças. Era a barbárie...

Dom Mateus, como assim exigia que todos os chamassem, acenou com uma mão, e os zumbis foram alvejados pelos guardas e caíram. Toda quinta feira, os degredados do forte das cinco pontas, ou qualquer um que fosse encontrado vivo fora dos muros, pela guarnição de Dom Mateus, eram postos para lutar entre si, ou contra mortos vivos, para o deleite dos habitantes da fortificação. Alguns não gostavam, mas não se opunham, devido ao medo de seu governante.

Ele era a lei e, “Dura Lex, sed Lex” era o seu ditado favorito.

Alí, se amontoavam em torno de 130 pessoas, um terço desse numero eram guardas que obedeciam à Dom Mateus e a Carlos, seu sobrinho. O resto eram homens e mulheres que estavam subordinados ao Chefe do forte.

Quem tem as armas, manda, quem não tem, obedece.

O forte das cinco pontas, um baluarte do século XVII se tornou um reduto onde pessoas se agarravam à alguma esperança de sobrevivência. Esta garantida por um homem duro, que viu no fim do mundo, uma oportunidade para se tornar um tirano e submeter outras pessoas à sua vontade.

As pessoas ali não eram felizes, mas viviam, e isso para elas era o suficiente.

Ao redor do forte foi erguido um muro baixo e cavada um anel de trincheiras para proteção externa. Lá, os sobreviventes plantavam, e mantinham um pequeno rebanho de cabras.

Eventualmente alguns dos guardas saiam em grupo para pescar em mar aberto no rebocador que conseguiram resgatar no porto.

O forte era muito bem protegido, e lá havia um gerador à diesel e até um painel solar de pequena capacidade.

Naquela tarde uma equipe tinha saído no rebocador pela primeira vez nos últimos três meses, e agora retornava ao forte, carregado de peixe. Dom Mateus, mais contente que o usual resolveu dar uma festa em comemoração ao retorno, e para ele, uma festa só está completa com derramamento de sangue.

Dom Mateus se manteve sóbrio enquanto seu sobrinho tropeçava ante o peso de uma garrafa de whisky e ao fim da luta, se recolheu para seu quarto.

No forte, quase todos se embriagavam de aguardente barata, que podia ser encontrada em abundancia num armazém próximo, e aparentemente ninguém viu quem se esgueirava para o seu quarto durante a noite escura.

Alice, a esposa de Carlos, e secretamente, amante de Dom Mateus, se movia como uma sobra e entrou no quarto empurrando a porta entreaberta.

E seria naquela noite que a tragédia começaria.

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Carlos não era tão idiota quanto parecia... Ele sabia. Sempre soube.

Qualquer um no lugar dele teria defrontado o tio, e muito provavelmente, sido morto no processo. Carlos preferira fingir que não sabia, resolvera encenar o bêbado depravado e idiota.

Deixava que o tio se divertisse por enquanto com sua esposa, e nesse meio tempo, sondava entre os guardas, quais lhe seriam leais em caso de uma disputa com o tio.

Pelas suas contas, pouco menos da metade dos homens ficariam do seu lado. Um confronto direto seria uma aposta arriscada, e assim Carlos botou em prática seu plano.

Ele selecionara para o grupo de pesca, dez dos homens mais fieis ao seu tio.

Estes, cansados e bêbados durante a festa, seriam facilmente derrotados pelos seus homens, sóbrios e descansados.

Assim que Dom Mateus se recolheu, o massacre começou.

Os partidários de Carlos isolaram os “civis” na arena, ainda coberta com as tripas dos lutadores, e mataram todos os outros guardas.

As pessoas gritavam, choravam, mas nenhum reagiu.

Todos sabiam que Carlos podia ser ainda pior que Dom Mateus.

Muito Pior.

Ele ordenou que 10 de seus homens se certificassem que não havia mais nenhuma oposição ao seu controle e se dirigiu para o quarto de sei tio.

Tiros ressoaram pelo forte e ali, sob o brilho de uma lua de sangue que nascia no horizonte, Dom Mateus estava isolado em seu quarto, com Alice nua ao seu lado, tremendo diante do destino que ambos sabiam que lhes seria reservado.

Mas Carlos se superaria naquela noite

Ele mostraria seu lado mais cruel.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 27/11/2010
Código do texto: T2640893
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