A Menina de Cabelos Avermelhados

Em Genebra, na Suíça, uma menina de cabelos avermelhados, e pele pálida como a de um defunto. Passava todos os dias na frente da casa de Peter - um americano aposentado, que decidiu morar na Suíça depois de servir o exército em teu país. Pensara que idade teria aquela menina. Uns doze ou treze talvez. Observara que sempre ao passar pela frente de sua casa, abaixava a cabeça, e passava os dedos das mãos nos cabelos. E esta rotina se completava todos os dias. Em um dia, a menina ao passar, olho-o ferozmente. Peter não entendia... Mas algo atraia sua atenção por aquela criança. Durante o dia seus pensamentos estavam centrados nela. Resolveu por fim, segui-la no retorno a sua casa. Tentava disfarçar pela rua, para que ninguém imaginasse a tal perseguição. Quando ela entrou em um sobrado de esquina, seus pés pararam, não conseguia se mexer. Não demorou para que a menina saisse de casa, andando em sua direção. Fixou os olhos em Peter.

- Porque me segue? – Perguntou a menina séria.

- Eu... Eu... Eu... não sei...- Fraquejou, Peter.

- Volte para teu país! – Disse a menina, que deu de ombros, direcionando-se para o sobrado. Deixando um enorme rastro de sangue em seus passos.

Peter aos poucos foi se recompondo, uma lágrima cerrou teu rosto. Uma brisa gélida cobriu teu corpo quente. Voltou para casa. Mas teu pensamento estava na menina de cabelos avermelhados.

No dia seguinte a menina não passou para a escola... No outro também não! Não teve outra escolha, a não ser, encarrar teus instintos e voltar ao sobrado. Chegou à porta, a noite acabara de cair, seus olhos estavam queimando. E em um empasse, um grito quebrou o silêncio da tão deserta Genebra. Bateu na porta. Ouviu ao longa um sino tocando, poderia ser de alguma catedral. Em alguns segundos não acreditava que estava ali, em outros, queria saber o que era aqui. A porta abriu-se. Um novo grito cobriu o ar. Peter entrou. O ambiente era iluminado por algumas velas, e as sombras eram tenebrosas. Uma escadaria estava a sua frente. Sentiu uma gota molhar seu rosto, era algo quente. Passando a mão no rosto, assustando-se com a vermelhidão do sangue. Quente! Seu corpo foi aos poucos se cobrindo de sangue. Alguém descia as escadas. Sim, era a menina de cabelos avermelhados.

- Volte para seu país! – Saiu como um urro da boca acriançada da menina. Chegou perto de Peter, passou os dedos no peito dele, e como se fossem navalhas, foram cortando a carne. O sangue brotava com facilidade, e vendo estra proeza, a menina abria aos poucos um sorriso enigmático. Peter não conseguia fazer nada.

- Me fale o motivo disso, menina...

- Matou meus pais. Mato você agora.

- Que loucura é essa?

- Mato você agora!

A menina despencou-se em lágrimas. Agachou-se. Enrolava com os dedos um cacho em seu cabelo. Era visível que suas lágrimas eram vermelhas como sangue. Soluçava copiosamente. Aos seus pés, uma reportagem de um jornal antigo, com a manchete: “Homem e Mulher mortos por Assassino Americano”.

Agora ele podia entender, fazia um pouco mais de vinte anos que assassinara o casal suíço que passavam as férias na América. Em uma ação do exército, matou acidentalmente. Desta fatalidade fez com que Peter, ao aposentar-se, fosse morar na cidade de onde era o casal, para de alguma forma fazer algum bem, mas não sabia da existência de uma filha. E como pode essa menina tão jovem, ser filha daquele casal que foram mortos há mais de vinte anos?

- Mato você agora!

- Não tive culpa!- Peter foi perdendo os sentidos, e a menina passava por sua face seus dedos afiados como navalha. Cravou as mãos no pescoço dele, fazendo com que perdesse todo o ar. Antes de morrer, Peter não conseguira ver os olhos da menina, parecia que aquela pele branca, era de fato de um defunto.

Fábio Aiolfi
Enviado por Fábio Aiolfi em 18/08/2012
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T3837438
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.