A VILA

A tropa do tenente Velton, encontrava-se totalmente exausta, haviam caminhado dezenas de quilômetros naquele dia e para falar a verdade tudo que desejavam naquele momento era deitarem seus corpos cansados por conta do enfrentamento que acabaram de ter com o exercito alemão. Fora uma batalha sangrenta, totalmente cercados e em numero menor, acabaram por perder o pelotão quase que por inteiro, sobrando somente uns 20 homens, que mais pareciam farrapos humanos.

Conseguiram escapar da tocaia alemã e agora se encontravam na entrada de uma pequena cidade francesa, que mais parecia um amontoado de escombros do que uma cidade propriamente dita. Das poucas casas que se mantinham de pé, começaram a surgir algumas mulheres, que explicaram ao tenente, que estavam sozinhas e que os alemães haviam levado os homens para serem executados e que elas deveriam ficar ali, para lhes servirem sexualmente, disseram ainda, que não adiantava tentarem sair dali, pois se fossem encontradas vagando pelas estradas, seriam executadas sumariamente, elas sem alternativas, resolveram aceitar suas pobres sinas.

Os homens do tenente e ele próprio acharam aquela situação muito cômoda, pois devido à guerra, fazia muito tempo que não tinham contato com o sexo oposto e obviamente poderiam saciar seus desejos de machos famintos por beijos e o calor de uma mademoiselle francesa.

Velton disse para o sargento Carl, que montasse uma vigília com revezamento a cada 2:00 horas e que os demais deveriam repousar um pouco, pois sairiam pela manhã e poderiam encontrar algum pelotão alemão e por isso deveriam estar descansados.

As mulheres da vila resolveram fazer uma refeição para os soldados, pois apesar da guerra trazer a fome, os soldados alemães haviam lhes deixado comida e bebida, para elas fazerem para eles, sempre que aparecessem, sendo assim, a festa estava completa, boa comida, um bom vinho francês e mulheres suficientes.

A noite correu solta e os soldados do 10° pelotão, agora encontravam-se totalmente dominados pelo vinho e cada um procurou por sua francesinha predileta, elas se entregavam com volúpia, era como se quisessem esquecer todo o horror que estavam vivendo por conta daquela guerra cruel.O Sexo corria solto e voraz, as francesas demonstravam suas grandes experiências na arte do amor, os americanos estavam ensandecidos e trocavam de perceiras como se troca de roupa, uma verdadeira orgia se fez por entre aqueles escombros da pequena vila.

Pouco a pouco, cada homem foi procurando um lugar mais discreto, para saciar-se mais a vontade, Velton parecia estar saciado e resolveu vasculhar um pouco o local onde estavam, deixando seus homens se divertirem, pois quem poderia garantir que poderiam escapar de um novo enfrentamento como o daquele dia.

A noite era clara e a luz pálida da lua, dava um ar sombrio aquelas ruinas, ele ouviu o pio de uma coruja que ao perceber sua presença, deu um voo para mais distante, seguiu sua caminhada desbravando o desconhecido, sua pistola estava em punho e apesar do vinho já ter lhe comprometido os sentidos, Velton sabia muito bem os perigos que poderiam surgir. Passou por um pequeno cemitério da vila e resolveu aproximar-se, ficou observando os túmulos e pensando no quanto de desgraça uma guerra descabida pode ocasionar, começou sabe-se lá por que, a ler os nomes nas lapides improvisadas e percebeu tratar-se somente de mulheres, achou aquilo um tanto estranho, onde estariam os túmulos das crianças e dos homens daquela vila? Prosseguiu sua leitura e resolveu aproximar-se um pouco mais de um dos túmulos que estava mais organizado, nele havia uma foto de mulher, ao fixar o olhar na pequena foto, Velton reconheceu a mulher que lá estava, era Patrice, a líder das mulheres e que ficou fazendo companhia ao cabo Smith. Aquela revelação o deixou atordoado, pensou estar ficando louco, sentiu seu sangue gelar e num impulso, correu ate onde havia deixado seus homens e ao chegar, ficou paralisado, o sangue havia saído de seu corpo, sua boca não conseguia articular o grito de pavor que ficou preso em sua garganta.

A sua frente, uma cena grotesca se desenhava diante de seus olhos atônitos, as mulheres amontoavam-se umas sobre as outras e banhadas pelo sangue de seus soldados, se deliciavam com suas vísceras, suas cabeças desmembradas de seus corpos, encontravam-se espalhadas pelo pequeno acampamento, elas os haviam matado e agora se alimentavam do que um dia foram seus companheiros de batalhas.

Velton horrorizado, sem entender muito bem o que estava acontecendo e ao mesmo tempo enojado, tentou correr para escapar daquele terror, mais já era tarde demais encontrava-se quase que totalmente cercado, recuperando-se rápido , sacou de sua pistola e começou a disparar contra as mulheres que ignoravam os tiros e prosseguiam em sua direção, conseguiu um facão e começou a desferir golpes profundos e vigorosos, que ao contato com os corpos das mulheres, agora com um aspecto um tanto quanto apodrecido, acabavam por desfazerem-se, Velton continuou em sua luta desigual e conseguiu abrir caminho entre as mulheres, correu como um louco e acabou por desmaiar, exausto e ferido pelas diversas mordidas em seu corpo.

Foi encontrado pela manha por um pequeno grupo da resistência francesa, que questionou o que havia acontecido com ele e onde estava seu pelotão, ele contou a história, que foi recebida em tom de deboche pelos soldados da resistência, ele revoltou-se com aquilo e quis agredir um dos soldados, que acabou por desferir-lhe um vigoroso golpe que o fez desacordar, os soldados resolveram amarra-lo e entrega-lo ao primeiro pelotão americano que encontrassem.

Algumas horas depois ele despertou, tentou desvencilhar-se das cordas que o amarravam, mas percebeu que era impossível, observou o local em que estava e percebeu que era a mesma vila da noite anterior, desesperado começou a gritar, quando de repente surge a sua frente Patrice, que com um sorriso sarcástico e diabólico em seus lábios lhe disse: - Fique calmo tenente, logo mais será hora do jantar!

Tony Monteiro
Enviado por Tony Monteiro em 22/05/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4303774
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