A Casa do Diabo

A C A S A D O D I A B O

Renato Barbosa de Melo

Henrique não deve ter nenhum outro objetivo ou pensamento, nem tentar nada além do mal e suas consequências. Pois esta é a única arte que compete a quem governa a si mesmo e a outrem. "Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei (Crowley)". Este poder é tão forte que não apenas mantém aqueles que nascem em seu ventre; mas muitas vezes, permite a homens comuns subir ao divino.

A casa era velha, moída em escombros e quase nenhuma luz transportava sob a janela. Porém, este antigo refúgio presenciou - em centenas de anos - à perdição de magos e feiticeiros. Vê-se que desta vez, tudo gira de forma diferente, como um arco-íris de sangue e fogo. Este garoto é o eleito, sem dúvida.

Henrique usa jeans sujos e rasgados, camisa desbotada de qualquer banda de heavy metal e um cigarro quase apagado no canto dos lábios. Ele não é especial, e nunca pensou que o era. Na verdade, tentara suicídio uma vez por ano, nos últimos 4 anos. Óbvio que falhara miseravelmente em todas tentativas, do contrário não estaria ali. Sentado, rabiscando uma folha A4 suja, com um lápis quebrado. No pó grosso que cobria o assoalho de madeira, e ao pó que o corpo retorna após o sono sem sonhos.

"...Esta é a minha casa. Assim como alguns dedicam um templo à Deus Santíssimo, eu tenho também meu santuário. Não é tão enfeitado, nem possuí estatuas de ouro. Porém, é o lar de verdadeiros afortunados, dedicados e disciplinados discípulos".

Assim como Judas, Henrique já tem um lugar na história, "...a casa que a ti habita, é a casa que a mim pertence". Ele passa 52hrs acordado, direto. Folheando o meu livro: "A Bíblia do Demônio". Ele descobrira o segredo, qual nem mesmo o maior dos magos observara. Ele descobriu a invocação secreta, escondida em anagramas complexos, que só um coração realmente perverso poderia descobrir.

Depois de horas incansáveis, Henrique prepara o banquete, as velas, desenha o circulo no chão. Vermelho de Sangue! No velho papel, onde decifrara o anagrama. Seus lábios se movem.. em voz baixa:

"Piritus Dei Ferebatur...Super Aquas, Et

Inspiravit in Faciem. Hominis Spiraculum...

Sit Lucifer duz meus, et sabtabiel [...]

O chão começa a ceder, as paredes parecem deformar-se aos quatros cantos, quão o inferno sedento e disposto a sugar toda a tua alma.

Henrique cai com o coração comprimido. Seus olhos vêem pela primeira e última vez a figura maléfica. "...Minha semelhança divina aparece".

.... e então... todo sopro de vida escalda de seu corpo, como um lava vulcânica saindo pela cratera escarlate. Mais um corpo inerte caído naquele porão, juntamente com outras centenas de esqueletos. Velhos magos e feiticeiros, que outrora tentaram pactuar em busca de poder e riqueza, só encontraram perdição e o fogo eterno do inferno.

- FIM -

Obs: Este conto é totalmente fictício, nada é real. E de modo algum traz algum conteúdo religioso ou oculto. Verdadeiramente, são apenas ideias transportadas de forma ficcional. Obrigado!

Renato Mello
Enviado por Renato Mello em 21/07/2014
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