Anna DTRL17

Anna deveria está preocupada, tinha medo do escuro, seus pais não dormiriam na casa aquela noite, tinham um casamento para ir em outra cidade, por isso iriam deixar a menina em torno de seus 11 anos a cuidados de uma babá. A garotinha era encantadoramente doce, dona de uma beleza esplendorosa, pele alva, cabelos loiros que formavam cachos que desciam sinuosamente até a cintura, olhos azuis intensos como o mar em fúria, lábios carnudos e vermelhos como sangue.

Os pais de Anna planejavam sair hás 20h00minhrs, dessa forma marcaram com a babá para que ela chegasse hás 19h30min. Sentados na sala, esperavam pela jovem babá que já se atrasara por 20 minutos, olhavam para a amada filha, que sentada no chão brincava com sua boneca de pano, um trapo velho que a menina tinha encontrado no porão da nova casa, quando se mudaram a dois meses, vestido rasgado e encardido, quase nenhum cabelo, e no rosto onde devia haver olhos, um botão de cor preta lhe faltava, mais tudo isso passava despercebido perto do imenso e macabro sorriso, escancarado de orelha a orelha no rosto da estranha boneca, a qual a pequena garotinha se recusava a larga, andava sempre de um lado para o outro, arrastando-a pelo chão.

Seus pais não se importaram com o distanciamento da menina, ou por falar sozinha com a boneca, pensavam que era pela mudança para uma cidade maior, por ser filha única, ou por ainda não ter novos amigos, mais pra eles assim que começassem as aulas, tudo voltaria ao normal, além de ficarem felizes pela menina não conversa mais com a amiguinha imaginária Beth, a qual parecia ter esquecido desde que encontrara a boneca.

Já começando a ficar nervosos, olhavam para o relógio na parede e nos pulsos que faziam seus tic tacs frenéticos, e no exato momento se marcava 20:40hrs. Muito irritada estava prestes a desistir da viagem, quando ouvem o telefone tocar, a mãe da menina atende.

"Alô"

"Senhora Louise?"

"Sim, com quem falo?"

"E a Sarah, peço desculpas pelo atraso e que houve um imprevisto, mais estarei ai dentro de 30 minutos"

" oh, tudo bem Sarah se importaria se sairmos agora?, e que estamos atrasados, e acho que não haverá problemas se Anna ficar sozinha por alguns minutos"

"Tudo bem senhora Louise"

"Ótimo deixaremos a chave embaixo do tapete ok?"

"Claro como queira"

"tchau"

"Nos vemos amanha"

Levantaram-se os pais de Anna, agora menos tensos, se despediram da menina, e saíram deixando Anna sozinha, quando se viraram em direção ao carro em frente a casa, não notaram nem a menina nem a boneca que olhavam pela janela e sorriam, um sorriso macabro e assustador.

Anna estava feliz, o plano estava dando certo, só tinha um problema: a babá, elas não contavam com isso, a uma semana quando a garotinha implorou para que não a levassem ao casamento, queria ficar sozinha na casa, já tinha 11 anos "e meio", como sempre dizia, não precisava de uma babá pra cuidar dela, já tinha idade suficiente pra ficar sozinha. Mas seus pais não acreditaram nas suas desculpas, e mesmo com o choro da menina contrataram a babá, mais tudo bem, assim que ela chegasse Anna e Beth, esse era o nome da boneca, daria um jeito, só precisavam de uma faca.

Anna foi à cozinha, e pegou a maior e mais afiada, apagou todas as luzes, e sentou-se atrás da porta, enquanto esperava pela babá indesejada, 20 minutos se passaram, e Anna ouve o barulho da fechadura, a porta se abre, a menina empunha a faca, a babá entra, acha estranho por esta tudo escuro, procura o interruptor enquanto grita o nome da menina.

-ANNAAA onde você está?

Nenhuma resposta, finalmente encontra o interruptor do outro lado da sala, acende a luz e quando se vira vê uma garotinha loira de camisola branca, com algo que se parecia uma boneca em uma das mãos, e na outra um objeto, o qual a babá não conseguiu identificar, enquanto a menina subia correndo as escadas, soltava altas gargalhadas.

Está brincando comigo- pensou a babá.

Correu pelas escadas, atrás da menina enquanto gritava.

-Anna isso não tem graça, venha aqui agora.

-você não me pega, você não me pega- cantava a menina

Já com raiva, a babá a viu quando entrou no quarto.

Agora eu te pego- pensou com um pequeno sorriso.

A babá entrou no quarto, que julgou ser da garota, pelos inúmeros brinquedos por toda parte, não viu quando escorregou em um palhaço de brinquedo, que a fez cair de costas, ficou um pouco zonza ao bater a cabeça no chão, com a vista embaçada, viu quando a menina se aproximou, com uma faca em punho, que reluzia pela luz da lua que entrava pela grande janela de vidro, assustou-se e tentou se levantar mais a cabeça doía muito, colocou a mão na nuca e viu que sangrava, mal teve tempo de gritar enquanto a menina lhe fatiava o rosto, logo depois lhe passando a faca pelo pescoço, observavam a babá se engasgando, com o próprio sangue.

A boneca disse, com uma voz grave e assustadora.

-agora a esconda.

Depois de um grande esforço para esconde-la, a menina e a boneca desceram ate o porão, e vasculhavam as caixas em busca de velas pretas, um colar, e um livro descrevido por Beth como sendo de pele humana, que foram ali deixados pelos antigos moradores, quando os encontraram, fizeram um grande esforço para retirar o enorme tapete, que em baixo dele se revelava símbolos estranhos, além de um grande circulo com o desenho de um bode, e outras formas e desenhos estranhos, não conhecidos pela menina. As duas arrumaram as velas e as acenderam.

- Deite-se aqui no meio - disse a boneca em tom autoritário.

A menina já sentindo um pouco de medo, com a roupa encharcada de sangue da babá se deitou, olhava enquanto a boneca procurava alguma pagina furiosamente no livro. Após achar a pagina apertou o colar com o pingente estranho na mão de pano encardido, e começou a falar em uma língua a qual a garotinha não conhecia, ela gritava e erguia as mãos para o ar, quando as luzes começaram a piscar, e vozes eram ouvidas pela casa, proclamavam as mesmas palavras que a boneca, ela podia ver sangue descendo pela parede, ela queria se levantar, mais não conseguia, sentia mãos pelo seu corpo que a puxavam para baixo e a arranhavam a impedindo de se mexer, estava desesperada quando ouviu...

-Anna cadê você minha filha?- sua mãe gritava desesperada.

Seus pais tinham voltado por terem esquecido o presente de casamento, eles a procuravam desesperadamente.

-Não agora não - Gritava a boneca de raiva.

- Não podem estragar o ritual, não podem estragar o ritual - repetia enquanto vultos rodeavam o porão, e tudo tremia.

Sua mãe a procurava no quarto, a luz não ligava a energia tinha caído, olhava em baixo da cama, atrás das cortinas, mas quando abriu a porta do guarda roupa, viu o corpo adolescente e ensanguentado da babá cair sobre ela, entrou em estado de choque, estando frente a frente com o rosto completamente cortado e com as órbitas vazias, gritou, gritou pelo seu marido que subiu as escadas correndo, e quando chegou ao quarto de Anna, assustou-se com a cena, mais ajudou sua esposa a sair debaixo do cadáver de Sarah.

No porão a boneca queria concluir o ritual, enquanto a menina tentava se debater sem sucesso.

-Mãe- gritou a menina.

Seus pais desceram rapidamente em direção ao porão, mais quando conseguiram abrir a porta tudo que encontraram foi a boneca jogada em um canto do porão, um livro estranho, e sua filha deitada no chão, estripada com cortes, e arranhões por todo o corpo, teria se afogado com o próprio sangue?, Ou sangrado até morrer, Sua mãe a agarrou, enquanto chorava e gritava loucamente, seu pai estava parado na porta, em completo estado de choque.

Aquela seria uma longa noite para a família.

O que não sabiam era que naquele momento, a assassina de sua filha, estava a procura de um novo corpo para possuir, primeiro viria como uma suposta amiga imaginária, depois possuiria um objeto inanimado, e só então, teria o que a muito tempo tentava conseguir...um corpo humano.

Gostaria de dizer que a garotinha foi salva, a boneca morta, e que eles viveram felizes para sempre, mais no mundo real isso não acontece.

FIM

Tema: Amigo Invisível

Vivian Valentin
Enviado por Vivian Valentin em 23/07/2014
Reeditado em 24/07/2014
Código do texto: T4893494
Classificação de conteúdo: seguro