VIOLANDO O CORPO DE UMA POETA MORTA E OUTRAS TARAS TARADAS - FINAL II

VIOLANDO O CORPO DE UMA POETA MORTA

E OUTRAS TARAS TARADAS

FINAL

EXORCIZANDO O DEMÔNIO

ULTIMA PARTE

O plano era o seguinte : nossa melhor chance seria encontrar uma freira , pois freiras teoricamente são virgens e puras . De certo nenhuma acreditaria se contássemos nossa historia , e mesmo acreditando , supondo que a freira seja virgem , seria muito pouco provável que ela aceitasse transar com um cara que é perseguido por entidades satânicas . Para nossa sorte , uma freira havia acabado de morrer na cidade vizinha e o corpo seria enterrado em dia de lua cheia . Fomos todos ao seu velório , levamos conosco inclusive Lourenço e seu cão . Uma jovem senhora de sessenta anos . Ela tinha algodão no nariz ,nas orelhas e sabe se mais onde .

- Oliver , ela não é de todo mal . - cochichou Vânia ao meu ouvido , dentro do velório.

- Pode até ser ...mas ...porra , puta merda …

O padre a nosso lado ouviu as queixas.

- Desculpe padre , desculpe . É que esta sendo muito difícil para mim . - falei , segurando a mão do homem santo .

Ainda aos meus ouvidos e com as mãos na barriga Vânia disse :

- Se precisar eu fico pelada na sua frente , sabe , para dar um estimulo.

- Um estimulo ? Um estimulo ? Eu vou transar com uma freira morta possuída pelo demônio , não sei de quanto estimulo vou precisar …

Francisco aguardava do lado de fora com Lourenço . A mulher iria ser enterrada as seis horas . As onze e meia invadiríamos o cemitério e levaríamos seu corpo .

- Oliver , vai ser como naquele seu conto , A Morte é a Mulher que eu Queria Levar para Cama …

- Vânia , me faça um favor ?

- Claro ..

- Cale boca .

Os preparativos estavam feitos . Alugamos um quarto de motel com espelho sobre a cama . Pedi duas garrafas de vinho e incensos .

- Quantas pessoas ?

- Quatro – respondi ao cara do motel parado a minha frente .-

Lourenço , Francisco , Vânia e eu .

Ele só anotou tudo no computador , sem mostrar nenhuma reação .

- Escuta – falei – vão ser quatro pessoas e um cachorro . Tem algum problema com isso ?

Ainda olhando para a tela o computador ele disse :

- A fantasia é sua , meu chapa . Não tenho nada a ver com isso .

- Legal- falei .

Pensei em falar sobre o corpo da freira , mas achei que isso seria demais para ele . O fantasma de Edvania estava parado atrás do homem , ela continuava me encarando . Dentro da minha cabeça parecia ter uma caixa de som , varias vozes se emaranhavam e a todo momento eu pedia para o cara repetir as perguntas .

- Vai pagar em dinheiro ou no cartão ? - repetiu o homem .

- Dinheiro -falei – pago em dinheiro vivo .

**

Não foi difícil pular o muro de cemitério . Francisco ficou no motel preparando tudo , enquanto isso Vânia , Lourenço e eu desenterrávamos o corpo com pás .Paramos quando batemos em algo duro . Era o caixão . Tínhamos levado mascaras para caso o fedor fosse muito . Lourenço não quis usar , mas tentou botar uma no seu cão que se recusava a ficar com ela .

- Oliver , é como no seu conto – tornou a dizer Vânia .

- É isso ai , minha querida , só que agora é real .

Tive o trabalho de me manter bêbado para o serviço . Havia tomado também dois comprimidos de A Essência do Jumento para ajudar na ereção , e lhe digo que já começava a fazer efeito .

- Oliver

- Sim

- Carlo iria adorar estar aqui , não acha ?

- Aquele lunático iria adorar estar no meu lugar , é isso que eu digo .

Enterraram a freira com seu uniforme de pinguim . O cheiro não era dos piores . Fizemos todo o serviço acompanhados do encosto , que continuava me encarando .

- Mas que porra – falei – não sei não , mas esse espirito fudido esta acima do peso , uns quinze quilos eu diria .Tomara que caiba no corpo da morta .

Meu comentário irritou o espirito maligno, que abriu um corte nas minhas costas . Sangue começou a escorrer enquanto atravessávamos o corpo para a rua , o passando por cima do muro . Mandei o encosto se foder .

- Eu vou foder você , sua assombração dos infernos . Literalmente !!

Botamos o corpo no porta malas dentro de um saco preto . Na portaria passamos sem maiores problemas e quando chegamos de frente para o quarto Francisco abriu a porta . Numa operação cirúrgica levamos o corpo para cama , Vânia o despiu e passou um pouco de creme .

- Vai deixar com um cheirinho melhor .

O expurgador já havia começado os preparativos . Treze velas pretas , whisky e uma bíblia . Tomei mais um comprimido do estimulante e duas doses de vinho .

- Vamos acabar logo com isso

Não sei se Francisco estava inventando tudo aquilo ou o que , mas ele começou a falar numa língua estranha mantendo se bastante concentrado . E para a surpresa de todos , inclusive do expurgador , algo aconteceu . Todas as luzes do quarto se apagaram , apenas as velas se mantiveram acesas em volta da cama em formato de coração . Foi quando o corpo abriu os olhos , e quando ele tentou se levantar saltei sobre ele , perguntei o que deveria fazer , qual o passo seguinte , mas Francisco estava em choque . Tava na cara que ele nunca havia feito algo do tipo antes .

- Cara ! - Gritou Vânia aos ouvidos do homem – o que ele faz agora !! o que a gente faz !!

- Eu não sei !!- gritou ele em resposta – eu não sei , isso nunca tinha acontecido antes !!

- Mas era para acontecer , certo ?

- Provavelmente .

Lourenço finalmente mostrou alguma reação . E foi medo . O pobre coitado agarrou seu cão e tentou sair do quarto . Mas a porta não abria , enquanto isso Vânia e o expurgador tentavam amarrar os braços e pernas da freira .

- Oliver – disse ela , aos berros – vai , monta nela , e a hora do coito , faça valer sua masculinidade e acabe com ela , igual você faz nas suas historias .

Sons agonizantes vindo de lugar nenhum tomaram o quarto para em seguida tudo acalmar se , como se um tiro tivesse sido disparado numa floresta fazendo todas as aves voarem das arvores , ouve silencio , o corpo parou de se debater , as luzes tonaram acender . Nesse momento eu tinhas as calças nos joelhos com o júnior a todo vapor .

- E isso agora ? - disse Francisco

- Você não sabe ? - perguntou Vânia .

Os dois sobre o corpo nu da freira de sessenta anos , eu semi nu e Lourenço colado a porta com seu cão nos braços .

- O demônio – disse Francisco depois de recuperar o folego – ele deve ter saltado para outro corpo .

Outro corpo ? Poxa , estávamos no motel , que outro corpo puro e virgem poderia haver num lugar desses ? Foi então que o cão , até aquele momento calmo e manso agarrou o pescoço do seu dono . Nunca houve um cão mais raivoso que aquele .

- O cachorro , o espirito saltou para o corpo do cachorro !- gritei , pegando um cobertor para envolver a fera . Enquanto isso os outros dois tratavam de estancar o sangramento no pescoço de Lourenço . Não foi difícil controlar o cão .

Vânia – O que você esta esperando Oliver ?

Oliver – Como assim ?

Vânia – Como assim ? Você já sabe o que tem de fazer , então faça .

Oliver – Vânia , eu não vou comer o cu de um cachorro ..

Vânia – ha , seu covarde . Como eu queria ter um pau agora .

**

Deixamos o motel pela porta da frente , levando o corpo da freira nua e o cão no porta malas . Quando chegamos a portaria o portão se abriu . O mesmo sujeito que fez nosso cadastro se despediu com um aceno discreto , sem tirar os olhos da tela do computador que ficava na guarita da entrada . A primeira coisa que fizemos foi levar Lourenço ao hospital . O deixamos na porta . O segundo passo foi o que achamos mais obvio e sensato : queimar o corpo da freira e o cão possuído . Pegamos estrada em direção ao Rio de Janeiro . Oito longas horas de viagem com uma bagagem nada convencional no porta malas . Chegamos a uma praia deserta escolhida por Vânia .

Nove horas da manha , a brisa do mar era relaxante , a areia fofa engolia nossos pés . A beira do mar encharcamos o corpo e o cão enrolado no cobertor e posto dentro de uma mala com gasolina . Se deu certo só o tempo ira dizer . Ficamos ali , olhando tudo arder e o mar carregar as cinzas . Ficamos ali um pouco depois disso , esperando por algum sinal . As vozes nas nossas cabeças sumiram , as visões desapareceram . Era assim , o que me restava agora ? Carlo se foi , Samanta minha noiva me deixou , a D.S.T virou historia . No final das contas o que Vânia carregava na barriga era uma criança . O pai ? Ela não sabe . Provavelmente a ultima semente deixada por Carlo na terra .

E foi assim , meus amigos , que demos um fim naquele demônio literário . Edvania descansava no inferno , nadando no tacho do capeta na forma de cachorro . Caros leitores da Open Night , vocês podem não acreditar , mas foi assim que aconteceu . E como em todas boas historias, os mocinhos venceram . Nos vencemos .

Publicado na Revista Open Night Volume 1

20/08/2014

16h06m

Banda : Bad Religion

Musica : Prodigal son

Obrigado Edivana por conversas bizarras que originaram essa bizarrice ainda maior . Descanse em paz .

Cleber Inacio
Enviado por Cleber Inacio em 20/08/2014
Reeditado em 20/08/2014
Código do texto: T4930247
Classificação de conteúdo: seguro
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