O DIA EM QUE O DIABO PEDIU MEU VIOLÃO

O ano era de 1985, eu tinha vinte anos de idade e participava de uma reunião de amigos na qual tocamos varias músicas, dentre elas houve uma que um colega nosso começou a cantar e na brincadeira comecei a acompanha-lo com meu violão. A letra dizia assim:

"No meio da sala ele apareceu

E de repente tudo escureceu

Alguém do canto lhe reconheceu

É Lúcifer, diabo chifrudo é Lúcifer..."

E tudo transcorria bem pois, todos se divertiam. Mas depois daquela música algo ficou diferente no ar, apesar de ser apenas uma brincadeira eu percebi que o ambiente ficou mais sombrio. E lá pelas tantas todos se despediram e cada um seguiu o seu caminho. Como eu estava hospedado em um sítio do meu avô, após deixar o vilarejo onde nós estávamos, segui por uma estrada de terra, interiorzão mesmo, era uma caminhada de uma hora e meia até chegar ao sítio.

Era alta madrugada, a lua estava clara e eu já estava na metade do caminho. Eu não estava necessariamente sozinho, porque por ser homem de fé, eu bem sabia que Deus estava comigo. Mas mesmo assim sentia a solidão daquela caminhada. E foi aí que algo sinistro aconteceu, pois quando eu me aproximei de uma figueira preta, vi sair de suas sombras um cavaleiro negro, com um capuz muito grande sobre sua cabeça deixando seu rosto escondido na sombra negra. Veio cavalgando lentamente em minha direção e ao se aproximar, a primeira coisa que eu notei foi os olhos do cavalo que eram de um vermelho flamejante que pareciam duas bolas de fogo. O cavaleiro parou do meu lado esquerdo, seu cavalo refugou e raspou uma das patas dianteiras no chão. Senti meu corpo todo arrepiar e sem dizer nada ele estendeu uma das mãos me pedindo o violão. Entreguei o violão e de seguida ele solou na mais perfeita melodia a dita cuja música que acabei de mencionar. Estendeu a mão me devolvendo o violão e tocou o seu cavalo sem nada dizer. Dei uns três ou quatro passos e olhei para traz, não vi mais nada, a estrada estava deserta provando que aquilo era sobrenatural, pois havia uma reta considerável e não tinha lógica aquele cavaleiro desaparecer assim.

Em breve publicarei o conto "O DEMÔNIO DENTRO DE UM CAIXÃO"

Não percam!