Lá ao longe...

Era tarde. O escuro da noite não permitia distinguir qualquer forma lá fora. Tudo era igual. Todos eram iguais.

Um relâmpago surgiu no horizonte iluminando por segundos aquele enorme deserto. Um deserto de pessoas; homens, mulheres e crianças.

Uma menina tenta encontrar esconderijo agarrada ao abraço protector da mãe e esta por sua vez reza agarrada à filha por um momento libertador que lá no fundo sabe que nunca virá.

Os homens sussurram em surdina...passos apressados, barulhos metálicos e.....

E o nada....

Lá ao longe mais um estrondo.

Lá ao longe ecos de uma marcha.

Lá o longe a noite camufla o negro das suas vestes.

Um novo relâmpago estronda no CÉU e ilumina a TERRA.

O que antes estava longe agora está perto.

A bandeira esvoaçou: É preta com letras brancas.

Aqui ao longe nós não os vemos.

Aqui ao longe nós não os ouvimos.

Aqui ao longe nós não os sentimos.

De longe ignoramos que lá ao longe o demónio caminha sobre a Terra.

O longe um dia virará perto;

Estaremos envoltos pelo mesmo deserto de almas, segurando nossas crianças, rezando por um DEUS surdo.

E lá ao longe a bandeira negra com letras brancas esvoaçará. E o demónio caminhará.

Tão longe, tão perto.

Susana M
Enviado por Susana M em 16/10/2014
Código do texto: T5000993
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