TENHA MEDO DAQUILO QUE VOCÊ DESEJA

Tenha medo daquilo que você deseja

Criado Por.: Vinicius N. N.

Parte 1

Suzana é uma garota tímida e medrosa que cursa o segundo ano do ensino médio, não é muito sociável, tem poucos amigos e é alvo de muitos deboches e brincadeiras obsoletas. Em seu tempo livre, Suzana lê muito e também se importa significativamente com seus estudos. Na escola onde estuda, ela é a aluna mais aplicada da classe sendo que suas notas são elevadíssimas. Suzana não se identifica muito com nenhum tipo de esporte, mas se esforça sempre para tentar melhorar, mesmo tendo de aturar dezenas de insultos por dia.

- Mãe, já estou indo para a escola. Gritou Suzana da cozinha.

Mas ninguém respondeu, tudo permaneceu quieto.

Sem dar tanta importância, Suzana saiu de casa e se dirigiu para a escola levando na mão uma maçã e um suco de laranja.

No decorrer do caminho até a escola, Suzana esbarrou com uma mulher bem velha, que trajava um tipo de véu negro sobre a cabeça. A mulher tinha uma voz bem rouca e fina, e quando ela esbarrou na senhora, a velha deixou caiu de seus braços um tipo de caixa no chão. A caixa não se assemelhava a nenhuma outra que Suzana já pudesse ter visto em sua vida.

- Nossa senhora! Me desculpe! Estou um pouco atrasada para escola. Disse Suzana gentilmente a senhora.

- Não foi nada minha querida, apenas me ajuda a pegar esta caixa. Respondeu a velhinha pedindo a ajuda de Suzana.

Suzana se abaixou rapidamente e sobrepujou suas mãos sobre a caixa, nesta hora sem dúvida, a garota viu uma luz ecoar de dentro daquele recipiente, uma luz rubra, que quase a hipnotizou. A velhinha somou seus braços sobre a caixa já levantada e disse:

- Muito obrigada garotinha! Disse a senhora segurando a caixa.

Quando Suzana entregou a caixa para a velhinha, ela certamente viu através do véu negro, dois olhos bem vermelhos e cintilantes, mas isto foi tão rápido, que Suzana apenas pensou que houvesse sido um delírio momentâneo.

Depois daquilo, a senhora virou-se e foi para sua casa, que não ficava muito longe dali, e nesta hora algo intrigante aconteceu, o condomínio onde a velhinha ia entrar estava pegando fogo, uma explosão havia ocorrido, todos os moradores tinham morrido, e a velhinha notou que se não fosse por Suzana ter esbarrado nela naquela hora, ela teria entrado no prédio e morrido.

Após aquele acontecimento, Suzana seguiu seu caminho e foi para escola, a garota nem sabia que tinha salvado a vida daquela senhora, quando esbarrou nela.

Parte 2

- Suzana boboca, Suzana idiota, Suzana boboca, Suzana idiota. Cantarolava Sabrina fazendo todos da sala rirem.

- O que foi Suzana, não está gostando da música que criei para você? Perguntou Sabrina.

- Chega Sabrina, vá para sua carteira agora! Disse a professora.

- Professora, será que eu posso ir no banheiro? Indagou Suzana.

- Claro, pode ir. Falou a Professora.

Enquanto Suzana saia da sala, todos riam pelas costas dela, saltando piadas e insultos baixinhos. Ela já não conseguia mais aturar aquilo, estava nervosa e cheia de ressentimentos. Após chegar no banheiro, se dirigiu até a pia e passou um pouco de agua no rosto. Depois de enxugar-se, olhou para o espelho e neste momento tomou um susto. Por um instante, viu atrás de si mesmo, a mesma velhinha que havia ajudado a um tempo atrás. Mas isto era inviável, depois de se virar, não encontrou ninguém, o banheiro estava vazio, talvez a garota perturbada estivesse começando a ficar louca.

Portanto, percebendo que aquilo só poderia ser uma alucinação dela por causa do estresse, Suzana seguiu seu caminho e voltou para a sala de aula.

Na aula de educação física, o professor Martim, dividiu a sala de aula em dois times mistos para jogar vôlei, Suzana foi a única a ficar de fora, pois não tinha sido escolhida por nenhum time. Sem alternativas, ficou recolhida no banco de espera, fora da quadra. Teve de assistir todos jogando e se divertindo, sem poder falar nada. O professor Martim era muito sério e nervoso, e não gostava de ser interrompido, portanto Suzana não falou nada sobre não ser escolhida.

Sentada no banco de espera, Suzana presenciou outra coisa estranha, como a bancada era bem alta, ela tinha plena visão do lado de fora da escola, e estranhamente, ela notou que havia alguém a observando. A mesma velhinha de véu negro, estava do outro lado da rua, à frente da escola, olhando para ela fixamente. Quando a velhinha notou que Suzana olhava para ela, a senhora acenou para a garota.

Com medo, Suzana desceu da arquibancada e saiu da quadra correndo, andou por alguns corredores da escola pensando que aquilo pudesse faze-la parar de imaginar aquela velhinha. Mas ao virar o corredor para sua sala, Suzana novamente esbarrou na senhora.

- O que a senhora faz aqui? Perguntou Suzana muito amedrontada.

- Fique calma garota, estou aqui somente para agradece-la. Explicou a senhora

- Meu nome é Evelyn e você salvou minha vida. Disse Evelyn.

- O que? Você fica me seguindo e agora fala que eu salvei sua vida. Exclamou Suzana.

- Eu estava desesperada, precisava recompensar aquela que me salvou. Se não fosse por você, eu teria entrado naquele prédio e ele teria explodido, ainda bem que esbarrei em você. Revelou a velha.

- Tá, tudo bem, já se agradeceu, agora eu preciso voltar para a sala. Disse a Garota.

- Espere! Falou Evelyn segurando o braço de Suzana.

- Por ter me salvado, devo minha vida a você, e por tal motivo, lhe darei um presente. Você tem três desejos. Alertou Evelyn.

- A meu deus, agora você é o que, um gênio!!! Gritou Suzana.

- Se pode mesmo realizar desejos, eu queria que todo mundo sumisse. Falou Suzana extremamente nervosa.

Evelyn olhou bem para Suzana e disse:

- Se é isso mesmo que você quer, então eu realizarei. Disse a velha.

Suzana dobrou o corredor rapidamente, deixou a velhinha para trás, e entrou na sala de aula, foi até sua carteira e se sentou. Achou melhor esperar todos voltarem da educação física lá mesmo. A garota aparentava estar com bastante sono e ainda faltavam meia hora para tocar o sinal, portanto ela se debruçou na carteira e curvou sua cabeça em seus braços, pronta para tirar uma soneca rápida.

Sem se preocupar, Suzana adormeceu profundamente, talvez isto fosse a consequência de ficar tanto tempo acordada estudando. Quando acordou, olhou para o realojo na parede da sala e notou que já eram duas da tarde. Ficou muito assustada, como poderia ter dormido tanto, era só uma soneca. Suzana pegou se material e saiu da sala, o estranho era que os materiais de todos ainda estavam na sala, mas não havia ninguém, os corredores estavam vazios, pela janela da escola, não via ninguém andando na rua.

Saindo da escola, fui para o meio da rua e novamente não encontrei ninguém, parecia que todos haviam sumido. Corri até em casa, procurei por meus pais, mas não encontrei ninguém, a internet estava sem linha, os telefones estavam mudos, a televisão não tinha sinal. Foi ai que me toquei, meu desejo, aquele que pedi para Evelyn, para que todos sumissem havia se realizado.

Mas como isto poderia ocorrer, enquanto pensava sobre aquilo, a campainha tocou, pensei que poderia ser meus pais, então corria até a porta e a abri.

- Minha jovem, gostou do desejo que realizei para você! Disse a senhora que apareceu quando abri a porta.

- Não era isto que eu queria, eu não sabia que todos iriam sumir de verdade. Disse Suzana.

- Mas foi o que você pediu! Exclamou a velha.

- Eu não quero mais ficar sozinha, por favor, quero todos de volta, quero tudo como era antes. Suplicou Suzana.

- Por não saber bem o que pedia, irei desfazer este seu último desejo, e te dar um novo, mas saiba que isto não poderá se realizar de novo, uma vez desejado, você não poderá voltar atrás. Explicou Evelyn.

Quando Suzana piscou os olhos, todos haviam voltado, as pessoas novamente caminhavam pela rua e seus pais não tinham sumido. Muito feliz, e com um sorriso imenso estampado no rosto, ela abraçou fortemente a velhinha, que disse:

- E agora, quais serão seus três desejos? Perguntou a velhinha.

- Agora não tem erro, meu primeiro desejo é de ganhar muito dinheiro. Falou a garota empolgadíssima.

- Então, se é isto mesmo que você quer, eu o realizarei neste instante. Proferiu Evelyn enquanto apertava as mãos de Suzana.

Suzana olhou para os lados, foi até o computador, no celular, revirou a casa, mas não encontrou dinheiro algum, portanto retornou até a velhinha e alegou:

- Não vejo dinheiro algum, minha casa continua normal, e as contas de meus pais estão limpas. Pare de brincar comigo e dei-me o que você prometeu, meu desejo!!! Ordenou Suzana.

- Fique calma garotinha, tudo tem o seu tempo, para cada desejo, a um período de tempo diferente, mas não se alarme, você terá seu pedido. Advertiu Evelyn.

Depois daquelas palavras, Evelyn saiu da casa de Suzana, virou a esquina e sumiu, como se o chão a houvesse engolido.

Parte 3

Uma semana depois, Suzana ainda não havia realizado seu desejo, não tinha ganhado dinheiro nenhum, até começava a pensar que Evelyn poderia estar lhe enganando. Numa sexta feita a tarde quando Suzana voltava da escola, a garota recebeu um telefonema de um amigo da família que aparentava estar muito alarmado e assustado. Naquela manhã, os pais de Suzana aviam batido o carro em um acidente fatal em um engarrafamento e falecido instantaneamente. Suzana não acreditou no que ouviu e correu para o hospital onde encontrou Vitor, um amigo da família que foi informado da morte por um perito do necrotério.

Os corpos de seus pais estavam completamente mutilados, Suzana nem pode afirmar que aqueles corpos eram de seus pais.

Um dia antes do enterro, Suzana foi avisada por um corretor, que o dinheiro do seguro da morte de seus pais já estava disponível para ela, foi neste instante que Suzana entendeu. O dinheiro da morte de seus pais era o desejo que ela pediu para Evelyn, mas não era isto que ela queria, e quando soube o que fez, a garota surtou, tendo um choque catatônico que a levou ao hospital onde encontrou Evelyn.

- O que você fez? Matou meus pais, porque? Perguntou Suzana chorando.

- Não tenho culpa do que acontece quando alguém me pede um desejo, a culpa é toda sua que não especificou, nem como ou de que forma você queria receber seu dinheiro. Eu não sou adivinho, preciso que explique detalhadamente o que quer. Explicou Evelyn.

- Por favor, eu só quero meus pais de volta, de qualquer modo! Gritou Suzana sem saber o que dizia.

- Se este é seu desejo... Falou a velhinha.

- Não espere, eu falei sem pensar. Disse Suzana.

- Você que pediu, como disse, não posso voltar atrás de um desejo. Esclareceu a senhora.

Evelyn e Suzana estavam no quarto do hospital quando alguém bateu na porta.

- Suzaaaaaaannaaaa! Suuuuuuzaaaannaaaaa! Suzanaaaaaa! Abra logo está porta. Dizia a voz do lado de fora.

- Não pode ser, você não fez isto. Falou Suzana.

- Sim, Este foi seu pedido!!! Exclamou Evelyn.

Suzana reconhecia aquela voz, só podia ser de seus pais, mas se ela estiver certa, nunca um desejo de Evelyn saiu como ela quer, seus pais poderiam estar vivos, mas completamente deformados pelo acidente.

- Minha garota, você ainda pode sair desta enrascada, lembre-se que tem mais um desejo. Mas, pense bem, pois se pedir errado, quem sabe o que pode acontecer. Relatou Evelyn.

Suzana pensou durante muito tempo dentro daquele quarto, até que...

- Eu desejo nunca ter conhecido você! Disse Suzana.

- Você tem certeza disso garota? Perguntou Evelyn.

- Mais que tudo. Respondeu a garota.

- Então, que seja, esta realizado!!! Exclamou a velhinha

Do nada tudo ficou escuro, Suzana se viu em meio a uma escuridão infinita, sem poder falar, gritar, pensar, ver, ouvir, sentir, completamente despida de qualquer tipo de sensação.

De acordo com o que ela pediu, Suzana nunca esbarrou na velhinha, e consequentemente nunca a conheceu, contudo isto mudou o rumo da história. Como Suzana nunca esbarrou na velhinha, ela continuou seu caminho até a escola, onde infelizmente foi atropelada e morta.

Dizem que a velhinha nunca morreu, já que na verdade ela era uma bruxa maligna, e sempre levaria todos que ela conhecesse a morte, de um jeito ou de outro e assim ela poderia se apossar da alma das pessoas que ela matava.

Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 20/10/2014
Reeditado em 03/12/2017
Código do texto: T5004974
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