SANGUE CARMESSIM

SANGUE CARMESIM

Era duas e meia da madrugada naquela noite de domingo, e o brilho de seus olhos era tão intenso que quase me arrependi, achei por um segundo que você poderia voltar a me amar. Mas já era tarde, havia apertado o gatilho. A bala perfurou seu tórax, acertou o coração e saiu pela coluna, atingindo a parede atrás dela. – Desculpe-me Bruna, já fazia tempo que queria fazer isto. O frio intenso que tomou meu coração, congelou meu corpo, e fiquei parado ali, olhando para o corpo dela caído no chão. O sangue escorria pelo carpete, chegando perto de meus pés. Acho que a vizinhança inteira ouviu o barulho do tiro. Debruei-me sobre o corpo de Bruna, e peguei algo que era meu. Olhei para o rosto dela e disse:

– Talvez isto demore, mas eu vou lhe esquecer.

Peguei a arma do crime, a limpei com um lenço e a coloquei em cima de uma estante. Tirei a aliança que simbolizava nosso casamento e a soltei no chão. Enquanto caminhava até a porta, reprimi todos os meus sentimentos de culpa e remorso através de uma última lágrima. Portanto puxei a maçaneta, e sai, sem nem ao menos olhar para trás. Estava chovendo forte, e ainda assim pude ver do outro lado da rua, quando uma viatura virou a esquina e parou na frente da nossa casa. Dois policiais saíram dela, foram até a varanda e bateram à porta. Depois de notarem que estava aberta, eles entraram, ficaram lá durante dez minutos, devem ter chamado reforço, pois logo apareceram várias outras viaturas.

Após quarenta e cinco minutos, vi minha mulher em um saco preto, sendo transportada para um carro. Foi ai que aquele homem chegou, Daniel. Não pude nem olhar para a cara dele. Mas, ouvi quando começou a me acusar para a polícia, falando que eu havia matado Bruna. Naquela hora me distanciei ainda mais de perto, mas não tanto para poder seguir Daniel quando ele saísse de lá.

Daniel morava na travessa de uma rua quase que abandona, foi lá que ele a conheceu e é lá que ele pagará pelo que fez. Seguindo-o sem ele perceber, esperei que virasse a rua para apanha-lo, mas não tive chance, pois quando ele dobrou a esquina, encontrou-se com uma mulher loira, usando uma roupa fina, no qual ele abraçou e beijou incessantemente. Fiquei depravado com aquela cena, à vista disso cai de joelhos. E durante este tempo, ouvi eles dizerem:

- Conseguiu amor?

- Claro, e aquele assassinato, não poderia ter sido melhor. Tirei tudo dela, lavei seu dinheiro completamente. Agora não vão se importar em procurar por mim. Deixei bem claro aos policiais que era o culpado.

Após ouvir aquela conversa, tomei do bolso uma faca bem afiada, me virei, entrei num beco a minha direita e esfaqueei meu pescoço.

- Perdoe-me Bruna, eu não sabia!

O sangue espirou para todos os lados quando removi a faca. Já caído naquele chão duro e frio, minha visão tornou-se embasada e fui perdendo vagarosamente as forças. Antes do fim, tirei do bolso algo muito especial, o pingente de minha falecida mãe.

- Ela deveria ter ficado com ele... Mas eu a matei... Sussurrei bem baixinho.

Logo em seguida meu coração parou, entretanto meus olhos permaneceram abertos, fixados no céu, esperando um sinal de perdão.

Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 20/11/2014
Reeditado em 20/11/2014
Código do texto: T5042743
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.