Um dia

Nada melhor do que sair caminhando pela cidade sem se preocupar com nada, respirar o ar puro da cidade perfeita em que vivemos. É por isso que digo que ironia é a alma do negócio, já que isso totalmente o contrário da nossa realidade. Ao menos da minha era. Até hoje.

Quando saí de casa pela manhã hoje, achei que teria mais um daqueles dias rotineiros, mas aquela pedra não quis que isso acontecesse. Também hoje ela parecia querer me derrubar a todo custo. Tudo bem, eu estou usando a pedra como uma desculpa, já que ela foi a primeira a me derrubar hoje e o que já começou com o meu estresse.

Meu trabalho não é muito longe de casa, portanto, ia a pé todos os dias. E nessa manhã em questão havia uma pequena pedra no caminho entre minha casa e o trabalho. Pedra da qual eu não havia visto, até que ela me fez cair nos braços daquele gentil senhor. Ainda bem que tinha alguém para me segurar, ou neste momento eu poderia estar em um hospital, pois bem na minha frente tinha um pedaço retorcido e afiado do que parecia ter sido um carro. E se não fosse o gentil senhor ele estaria na nesse momento provavelmente enfiado na minha garganta.

Eu estava tão apressada que mal vi o acidente que ocorrera quase que na minha frente. E aquele senhor parecia um anjo em minha vida, pois essa não é a primeira vez que ele me ajudou. Não muito tempo atrás ele havia me ajudado quando uma mulher toda arrumada esbarrou tão forte em mim que deixou um hematoma (coisa que eu só percebi quando cheguei em casa e fui tomar banho), e a mulher nem ligou, continuou andando como se nada tivesse acontecido.

Se pensar bem ele não é realmente velho, deve estar em seus trinta e poucos anos. E está lá sempre para me ajudar. Não sei como, mas se me acontece alguma coisa ele está lá. É uma tremenda coincidência, já que ele mora no prédio do outro lado da rua do local onde fica o meu trabalho.

Já no almoço enquanto comia, ouvia música para passar o tempo, sem prestar muita atenção no que o cantor falava, até chegar na música “Boa noite” do grupo Tropkillaz. É minha música favorita para fazer o meu trabalho. Ao menos o da noite, já que pelo dia faço apenas a parte de corregedoria e a noite que o trabalho de verdade acontece.

Meu trabalho é tão comum quanto o seu provavelmente é. O que difere é que quando o meu expediente termina, eu não digo um “Até breve” ou um “Tchau” aos meus colegas. No meu trabalho somos todos, o que hoje é considerado anti-social, pois no que eu faço todos somos concorrentes, todos querem ser superior um os outros. Nesse caso é o único jeito de se ter respeito.

Nem tudo nessa vida vem fácil, mas eu faço-a ir fácil. Em um momento uma pessoa pode ter enviado um “Já volto” para um amigo por uma mensagem de texto ou apenas ter se despedido de alguém com um simples “Fui!” e logo depois nunca mais responder a ninguém. Você pode até pensar que eu sou uma daquelas pessoas que faz o corte de energia, telefone, internet, etc., mas na verdade eu sou uma assassina. Atualmente a melhor do ramo. Os meus últimos assassinatos foram casos sem solução para a polícia. Para você provavelmente um assassinato é algo trágico, mas para mim é a melhor coisa que existe, é gratificante. Matar alguém me enche de alegria e energia.

É prazeroso ver que aquela pessoa que fazia tão mal a sociedade hoje está morto, e seu sangue passou pelas minhas mãos. Eu que derramei o sangue desta pessoa. Não sou uma maníaca ou serial killer, você apenas não entende como é a minha vida. Como todos não entendem. A vida não é apenas aquilo que você está acostumado todos os dias. Ainda há muita coisa por de trás disso, muita coisa que o governo encobre. Mas isso é coisa que você não precisa saber, e é melhor não saber. Fique inocente em relação a isso, pois é a melhor coisa que você faz.

Taina Van Haandel
Enviado por Taina Van Haandel em 24/11/2014
Código do texto: T5047320
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